domingo, 30 de janeiro de 2011

ustiça de MT indeniza homem por levar ‘Troféu Lanterna’ no trabalho

A verdade é que para o capital o trabalhador nada mais é do um instrumento de obtenção de mais-valia, este não é um jurássico discurso de uma marxista ortodoxo, essa é a realidade que a gente ver nas relações de produção. Vejam a "humana" forma de motivação e o resultado disso na justiça do trabalho.


Fonte: Portal UOL.

Ex-funcionário de uma fábrica ganhou indenização na Justiça depois de levar o ‘Troféu Lanterna’ por cinco vezes no trabalho. A fábrica alega que era uma forma de motivação.

Em Mato Grosso, uma fábrica queria motivar os funcionários. Quem tinha as vendas abaixo da meta recebia o ‘Troféu Tartaruga’. Tinha outro também: o ‘Troféu Lanterna’. Um funcionário ganhou na Justiça uma indenização por danos morais.
A fábrica de refrigerantes fica em Várzea Grande, na Região Metropolitana de Cuiabá. A empresa tinha o costume de fazer uma premiação diferente. Os piores vendedores da semana ganhavam o “Troféu Tartaruga”, e os coordenadores de equipes uma “lanterna”.
Constrangido, um ex-funcionário denunciou o caso à Justiça do Trabalho. Por cinco vezes, ele ganhou o “Troféu Lanterna" pelo baixo desempenho da equipe que era responsável. A empresa entregava os prêmios na frente de todos os vendedores e gerentes.
A audiência no Tribunal Regional do Trabalho em Mato Grosso terminou com a indenização de R$ 80 mil ao trabalhador por danos morais. A fábrica justificou que a premiação ocorreu por apenas 60 dias e seria uma forma de motivar os funcionários a melhorar o desempenho.
Uma testemunha disse que o troféu ficava a semana toda na mesa do ganhador. Para o juiz, a técnica ridicularizava o empregado. A advogada Giovânia Libório Feliciano, que defende o trabalhador, diz que outros funcionários da empresa também foram constrangidos.
“São 12 casos com esse mesmo pedido de danos morais pela prática de competição nociva dentro da empresa, uma prática abusiva que traz humilhação, porque submete o empregado a uma condição de humilhação”, disse a advogada Giovânia Libório Feliciano.
Em nota, a fábrica informou que o prêmio era uma técnica para motivar, que nunca teve a intenção de humilhar os funcionários. Informou também que acabou com a premiação e que vai recorrer da decisão da Justiça.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Ilha das flores

Um vídeo muito bacana, não é tão recente, mas  a qualidade desse documentário o faz ser ainda indispensável para entender nossa sociedade.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Números de homicídios em Alagoas

A violência em Alagoas é impressionante, a escalada de morte e sofrimento cresce de forma assustadora e os números falam por si só, abaixo quadro com o número de homicídios de 2004 à 2010. Ver matéria completa no blog do Célio Gomes.


2004 – 1.116 assassinatos
2005 – 1.296
2006 – 1.693
2007 – 1.918
2008 – 2.064
2009 – 1.998
2010 – 2.218

domingo, 23 de janeiro de 2011

Brasileiro come menos arroz com feijão e mais comida industrializada em casa






Comunicação Social - IBGE
Entre 2002-03 e 2008-09, a aquisição média anual per capita caiu 40,5% para o arroz polido, feijão, queda de 26,4% e açúcar refinado, de 48,3% (de 6,1 kg para 3,2 kg). E No mesmo período, aumentaram, entre outros, o refrigerante de cola (39,3%, de 9,1 kg para 12,7 kg), a água mineral (27,5%, de 10,9 kg para 13,9 kg) e a cerveja (23,2%, de 4,6 kg para 5,6 kg).
A evolução do consumo de alimentos no domicílio no período também indica a queda na participação relativa de itens tradicionais na composição do total médio diário de calorias adquirido pelo brasileiro, como arroz (de 17,4% para 16,2%), feijão (de 6,6% para 5,4%) e farinha de mandioca (de 4,9% para 3,9%), enquanto cresceu a proporção de comidas industrializadas, como pães (de 5,7% para 6,4%), embutidos (de 1,78% para 2,2%), biscoitos (de 3,1% para 3,4%), refrigerantes (de 1,5% para 1,8%) e refeições prontas (de 3,3% para 4,6%).
Essas e outras informações estão disponíveis nas publicações da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009: “Aquisição alimentar domiciliar per capita – Brasil e Grandes Regiões” – que avalia as quantidades de alimentos adquiridas pelas famílias brasileiras para consumo domiciliar, bem como as formas dessa aquisição – e “Avaliação nutricional da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil” – que estuda a qualidade dos alimentos disponíveis para consumo no domicílio. Esses alimentos constituíam, no período da pesquisa, 68,9% da despesa média mensal familiar com alimentação, contra 75,9% registrados em 2002-03, indicando uma mudança nos gastos com alimentação no domicílio.
Entre as médias de aquisição domiciliar per capita anual de alimentos em todo o país em 2008-2009, destacam-se os grandes grupos de bebidas e infusões, (50,7 kg); laticínios (43,7 kg); cereais e leguminosas (39,0 kg); frutas (28,9 kg); hortaliças (27,1 kg) e carnes (25,4 kg). A aquisição na área urbana foi maior do que a média nacional para bebidas e infusões (55,2kg) e bem menor na área rural  (28,9 kg). O mesmo ocorreu com as frutas (30,3kg na área urbana, 21,9 kg na rural), mas a situação se inverteu com os grupos de cereais e leguminosas (34,1 kg urbano, 62,5 kg rural) e carnes (24,6 kg urbano, 29,6 kg rural).
Entre as regiões, o Sul se destacou na média de aquisição anual per capita dos grupos de carnes (35,7 kg), laticínios (67,4 kg), bebidas e infusões (64,1 kg), hortaliças (38,6 kg), frutas (36,5 kg) e alimentos preparados e misturas industriais (4,8 kg), todos acima das respectivas médias nacionais e das outras regiões. O Centro-Oeste e o Nordeste tiveram as maiores médias para cereais e leguminosas (50,2 kg e 43,6 kg, respectivamente). Na comparação entre áreas urbanas e rurais, o arroz polido e as carnes bovinas apresentaram médias superiores às médias nacionais na área rural (18,4 kg e 18,1 kg respectivamente), enquanto o leite de vaca pasteurizado teve médias maiores na urbana (29,2 kg).
A avaliação nutricional mostrou que, em 2008-2009, a disponibilidade média per capita de alimentos correspondeu a 1.611 kcal/dia, menos que em 2002-2003 (1.791 kcal). O estudo identificou algumas características negativas dos padrões de consumo alimentar em todo o país e em todas as classes de renda, como o teor excessivo de açúcar (16,36%) e a participação insuficiente de frutas (2,04%) e verduras e legumes (0,80%) na alimentação. Nas regiões economicamente mais desenvolvidas (Sul, Sudeste e Centro-Oeste) e, de modo geral, no meio urbano e entre famílias com maior renda, havia consumo elevado de gorduras, em especial as saturadas. Também foram observados padrões positivos de consumo, como a adequação sistemática do teor protéico dos alimentos (12,08%) e a elevada participação de proteínas de origem animal (6,69%).
Aquisição de bebidas e frutas é maior na área urbana, a de cereais e carnes, na área rural
Na análise das médias anuais per capita de aquisição domiciliar em todo o país, destacaram-se os grupos de bebidas e infusões, com 50,7 kg; laticínios (que incluiu leites, queijos, iogurte e derivados), com 43,7 kg; cereais e leguminosas (38,9 kg); frutas (28,9 kg); hortaliças (27,1 kg); e as carnes (25,4 kg).
Os resultados desses grupos variaram bastante na comparação entre as áreas urbana e rural. No grupo de bebidas e infusões, a área urbana apresentou média de aquisição domiciliar per capita anual 9% maior do que a média nacional (55,2 kg), a área rural teve média 43% menor (28,9 kg). Também no grupo das frutas, a média urbana foi de 30,3 kg, 5% maior do que o índice nacional, enquanto a média rural foi de 21,9 kg, 24% menor. Já tanto o grupo de cereais e leguminosas (34,1 kg urbano, 62,5 kg rural) quanto o de carnes (24,5 kg urbano, 29,6 kg rural) tiveram comportamento inverso.
A forma de aquisição de alimentos mais usada em todo o país foi a monetária, mesmo na área rural. Na situação rural, a aquisição não monetária só ultrapassou a monetária nos grupos Laticínios (26,1 kg contra 17,3 kg, uma diferença de 51%) e Pescados (3,9 kg contra 3,7 kg, diferença de 5,4%). Outros grupos alimentares tiveram participações significativas da aquisição não monetária, mesmo sendo inferior à monetária, com destaque para Hortaliças (38%), Frutas (43%) e Carnes (21%).
Famílias da Região Sul adquirem mais laticínios, carnes, bebidas, hortaliças e frutas
A aquisição das carnes teve destaque no Sul (35,7 kg) e no Norte (31,4 kg), acima da média nacional de 25,4 kg. O Norte manteve a liderança na aquisição do Pescado (17,5 kg), muito acima da média Brasil (4,0 kg).
Além das Carnes, o Sul também teve médias acima da nacional e das outras regiões para os grupos Laticínios (67,4 kg), Bebidas e Infusões (64,1 kg), Hortaliças (38,6 kg), Frutas (36,5 kg), Alimentos Preparados e Misturas Industriais (4,8 kg). No Sudeste, destacam-se Laticínios (50,5 kg), Bebidas e infusões (55,8 kg) e Alimentos Preparados e Misturas Industriais (4,3 kg), todos acima das   médias nacionais.
Os hábitos de consumo alimentar das famílias do Centro-Oeste e Nordeste refletiram as grandes quantidades per capita anuais adquiridas de cereais e leguminosas (50,2 kg e 43,6 kg, respectivamente), mais altas que a média nacional de 39,0 kg. Por exemplo, no Centro-Oeste, o arroz teve média per capita de 36,3 kg enquanto a média nacional era de 26,5 kg e, no Nordeste, a média do feijão foi de 12,3 kg (a nacional foi de 9,1 kg).
Arroz e feijão são mais adquiridos na área rural e pela população de menor rendimento
Entre os alimentos tradicionalmente presentes no cardápio das famílias brasileiras, as maiores aquisições per capita anuais em 2008-2009 foram o leite de vaca pasteurizado (25,6 kg), carnes bovinas (17,0 kg) e o arroz polido (14,6 kg). Na área rural, o arroz polido e as carnes bovinas tiveram médias superiores às nacionais (18,4 kg e 18,1 kg respectivamente); já o leite de vaca pasteurizado teve médias maiores na urbana (29,2 kg). Destaca-se o leite de vaca fresco, cuja média na área rural foi de 30,4 kg, 211% sobre a média nacional de 9,8 kg, e que contribuiu para a grande aquisição não monetária dos Laticínios na área rural.
A análise dos produtos selecionados, do ponto de vista das classes de rendimento médio mensal familiar, mostrou que apenas o arroz (27,6 kg) e o feijão (10,3 kg) tiveram médias de aquisição per capita anuais acima do total Brasil (26,5 kg e 9,1 kg respectivamente) na faixa mais baixa de rendimentos totais (até R$ 830,00) e abaixo dessa mesma média (18,6 kg e 7,3 kg, respectivamente) na classe de rendimentos mais alta (acima de R$ 6.225,00).
Em relação às quantidades adquiridas dos demais produtos e grupos selecionados, observam-se significativas diferenças entre as classes de menor e maior rendimento, com essa última apresentando proporcionalmente médias bem maiores: bebidas alcoólicas (19,2 kg contra 2,1 kg, 799% superior), os alimentos preparados e misturas industriais (8,4 kg contra 1,4 kg, 514% maior), bebidas não-alcoólicas (84,8 kg contra 16,9 kg, 401% maior), iogurte (4,3 kg contra 0,9 kg, 379%), frutas (59,3 kg contra 14,3 kg, 316%), leite de vaca pasteurizado (40,2 kg contra 11,6 kg, 246%) e hortaliças (44,3 kg contra 15,5 kg, 187%).
Entre 2003 e 2009, brasileiro compra menos açúcar, arroz e feijão e mais refrigerante e cerveja
Na comparação com a pesquisa de 2002-2003, houve redução das quantidades médias adquiridas na maioria dos grupos definidos pela POF, com maiores quedas nos grupos de cocos, castanhas e nozes (redução de 77,8%), farinhas, féculas e massas (diminuindo 20,5%)  e cereais e leguminosas (menor em 19,4%).
O grupo das frutas teve aumento de 17,9% na aquisição domiciliar per capita média anual de 2002-2003 (24,5 kg) para 2008-2009 (28,9 kg). Para o grupo das bebidas e infusões o aumento foi de 12% (45,3 kg em 2002-2003, 50,7 kg em 2008-2009).
Entre os produtos individuais, destaca-se a considerável redução nas quantidades adquiridas de arroz e feijão, composição tradicional da mesa do brasileiro. A média per capita de arroz polido foi de 24,6 kg 2002-2003 para 14,6 kg em 2008-2009 (queda de 40,5%). A média de feijão passou de 12,4 kg para 9,1 kg (redução de 26,4%).
O açúcar refinado caiu de 6,1 kg em 2002-2003 para 3,2 kg em 2008-2009, proporcionalmente a maior queda dentre os produtos selecionados (48,3%). O açúcar cristal teve redução de 33,9%, de 12,2 kg para 8,0 kg. A farinha de trigo e a farinha de mandioca tiveram reduções de 33,2% (de 5,1 kg para 3,4 kg) e 31,4% (de 7,8 kg para 5,3 kg) respectivamente.
Entre os produtos que apresentaram aumento de suas quantidades per capita médias entre 2002-2003 e 2008-2009, destacam-se o refrigerante de cola, que aumentou em 39,3% (de 9,1 kg para 12,7 kg), a água mineral, em 27,5% (de 11,0 kg para 14,0 kg) e a cerveja, em 23,2% (de 4,6 kg para 5,6 kg). Na área rural, esses três produtos tiveram aumentos ainda mais expressivos: as quantidades médias adquiridas do refrigerante de cola foram de 3,2 kg para 6,1 kg (aumento de 92%), da água mineral de 1,6 kg para 6,1 kg (aumento de 291%) e da cerveja de 1,7 kg para 3,2 kg (aumento de 88%). O pão francês, que teve pequena variação positiva (1,6%) no total Brasil (de 12,3 kg para 12,5 kg), registrou aumento significativo na área rural, de 4,8 kg para 6,0 kg (aumento de 26%).
Dividindo-se a população em quintos de rendimento médio mensal familiar, observou-se queda entre as duas pesquisas, em todos os quintos, nos grupos de cereais e leguminosas; hortaliças; farinhas, féculas e massas; e laticínios. O grupo dos pescados apresentou aumento em torno de 13% no último quinto e quedas em todos os demais. Já o grupo de bebidas e infusões teve alta em todos os quintos, sendo as maiores nos dois primeiros (22% e 24%). No grupo de alimentos preparados e misturas industriais, o maior aumento ocorreu no primeiro quinto (67%) e o menor no último (21%). O grupo dos panificados teve quantidades similares registradas no mais alto quinto de rendimento e aumento nos outros quintos, notadamente nos dois primeiros (18% e 15% respectivamente).
Consumo de arroz, feijão e açúcar caiu nas regiões metropolitanas desde 1974
Para comparar os resultados da pesquisa com os dados do Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF 1974-75) e os das POFs anteriores, só foram consideradas as quantidades adquiridas de produtos alimentares por despesas monetárias e apenas as informações das regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, além de Brasília/DF.
Sob essa perspectiva, alguns componentes tradicionais do cardápio das famílias tiveram queda expressiva. O arroz polido teve redução de 60% na quantidade anual per capita adquirida de 1975 (31,6 kg) a 2009 (12,6 kg). A redução foi mais intensa entre as POFs 1995-1996 e 2008-2009 (53%). O feijão também teve sua aquisição para consumo no domicílio reduzida em 49%, sendo que, de 1996 a 2003, o ritmo da queda foi mais suave (10%). Já o açúcar refinado (15,8 kg em 1974-75) teve acentuada queda, chegando a 3,3 kg em 2008-2009 (redução de 79%).
Famílias consomem mais açúcar e menos frutas e hortaliças do que o recomendado
A POF 2008-2009 estimou que a disponibilidade domiciliar média diária de alimentos corresponde a 1.611 kcal por pessoa, sendo 1.536 kcal no meio urbano e 1.973 kcal no rural. A disponibilidade de carboidratos representava 59% das calorias, 12% eram proteínas e 29%, lipídios. Isso evidencia adequação da dieta às recomendações nutricionais (entre 55% e 75% para carboidratos, de 10% a 15% para as proteinas e entre 15% e 30% para calorias lipídicas, oriundas de gorduras). A única evidência de desequilíbrio vem do excesso de açúcares: 16,4% das calorias totais contra um máximo de 10% fixado pelas recomendações nutricionais.
O teor proteico estimado foi considereado adequado nas cinco grandes regiões do país (entre 11% e 13% das calorias totais); já a participação das gorduras no Sul e Sudeste (31% a 32% das calorias totais) é excessiva, sendo que o teor de gorduras saturadas (originárias principalmente de produtos animais e ligadas a doenças do coração e diabetes) está muito próximo do limite (8,9% e 9,4% das calorias totais, respectivamente). O consumo de açúcar também é alto em todas as regiões, variando de 13,9% no Norte a 17,4% no Sudeste.
A proporção de calorias lipídicas no meio urbano se aproxima do limite máximo de 30% fixado pelas recomendações nutricionais, havendo excesso de gorduras saturadas (8,7%), devido à participação dos óleos e gorduras vegetais e ainda a contribuição de produtos de origem animal (carne bovina, frango, embutidos e leite e derivados).
Alimentos de origem vegetal, como cereais, leguminosas, raízes e tubérculos, correspondiam em 2008-2009 a 45% das calorias. A participação de cereais e derivados era de aproximadamente 35%, tanto nas áreas urbanas quanto nas rurais, mas pães, biscoitos e macarrão foram mais consumidos no meio urbano, ao passo que arroz, farinha de trigo e outros cereais e derivados se destacaram nas zonas rurais.
Óleos, gorduras, açúcar de mesa, refrigerantes e bebidas alcoólicas contabilizavam 28% das calorias em 2008-2009, ao passo que 19% eram de carnes, leite e derivados e ovos. A carne bovina teve participação de 4,6% nas cidades e de 3,8% no campo. Já o frango representou 4,2% no meio urbano contra 3,5% nas áreas rurais.
Alimentos essencialmente calóricos participaram com aproximadamente 28% do total de calorias, mas a contribuição individual de açúcar de mesa foi maior no meio rural que no urbano (14,1% contra 10,5%) enquanto a de refrigerantes foi maior no urbano (2,0%) do que no rural (0,8%).
Frutas, verduras e legumes correspondiam a 2,8% das calorias naquele ano, um quarto das recomendações de pelo menos 400 gramas diários ou de 9% a 12% das calorias de uma dieta de 2.000 kcal. A participação desses alimentos foi maior no meio urbano (3,2%) que no rural (1,8%).
A participação do arroz (23,3%) na disponibilidade alimentar da região Centro-Oeste é de uma e meia a duas vezes maior que nas demais regiões do país. Já a participação da farinha de trigo (6,6%) na região Sul excede de quatro a seis vezes a observada nas demais regiões. Por outro lado, uma disponibilidade aquém da média nacional ocorre nas regiões Norte e Nordeste com relação a leite e derivados (3,7% e 4,6%, respectivamente) e a verduras e legumes (0,5% e 0,7%).
Famílias de maior rendimento consomem mais gordura e menos carboidratos
Quanto maior o rendimento das famílias, maior o consumo de gorduras e menor o de carboidratos. A contribuição mínima de 55% de carboidratos para as calorias totais não se cumpre para a classe de renda mensal superior a 15 salários mínimos, com o agravante de que cerca de 30% dos carboidratos da dieta nesta classe de renda (16,5% em 54,6%) correspondem a açúcares livres (açúcar de mesa, rapadura, mel e açúcares adicionados a alimentos processados).
No caso das gorduras, o limite máximo de 30% das calorias totais é ultrapassado a partir da classe de renda mensal de mais de seis salários mínimos. Gorduras saturadas tendem a aumentar com a renda, sendo que o limite para este nutriente (10% das calorias totais) é alcançado na classe de renda mensal entre dez a 15 salários mínimos (9,5%) e ultrapassado na classe de mais de 15 salários mínimos (10,6% das calorias totais).
O limite máximo de 10% de calorias oriundas de açúcares é ultrapassado em todas as classes de rendimentos. Embora o teor de proteínas na dieta tenda a aumentar com os rendimentos, a proporção de calorias proteicas foi adequada em todas as classes de renda. A fração de proteínas de origem animal também tende a aumentar com a renda, mas dentro de um espectro de valores relativamente altos e adequados, sendo de 50% na classe de menor renda e 60% na classe de maior renda.
A POF 2008-2009 mostra que leite e derivados, frutas, verduras e legumes, gordura animal, bebidas alcoólicas e refeições prontas são mais consumidos pelas classes com maior rendimento. Com tendência inversa, estão feijões e outras leguminosas, cereais e derivados (devido ao declínio da participação do arroz com a renda) e raízes e tubérculos (devido ao declínio da participação da farinha de mandioca com a renda). Observou-se redução com a renda para açúcar de mesa e aumento para refrigerantes, além de aumento com a renda para carne bovina e embutidos e redução ou estabilidade para os outros tipos de carne.
Disponibilidade alimentar diária cai de 1.791 kcal para 1.611 kcal em seis anos
A disponibilidade diária per capita média de alimentos para consumo no domicílio foi reduzida de 1.791 kcal em 2002-2003 para 1.611 kcal em 2008-2009, refletindo o aumento relativo do consumo alimentar fora do domicílio. Os gastos com alimentação fora do domicílio, que correspondiam a 24,1% do total de gastos com alimentação em 2002-2003, se elevaram para 31,1% em 2008-2009.
Alimentos que tiveram aumento de mais de 5% na participação no total de calorias incluem pão francês (13%), biscoitos (10%), queijos (16%), outros laticínios (39%), carne bovina (15%) e embutidos (25%), frutas e sucos de fruta (25%), refrigerantes (16%), bebidas alcoólicas (28%) e refeições prontas e misturas industrializadas (40%). Os que registraram redução de mais de 5% na participação no total de calorias incluem arroz (queda de 6%), feijões (diminuição de 18%), farinha de trigo (de 25%) e de mandioca (de 19%), leite (caiu 10%) e açúcar (menor em 8%).
Consumo de carboidratos cai e o de gorduras aumenta
A evolução da composição nutricional da disponibilidade domiciliar de alimentos evidencia diminuição do teor em carboidratos compensada pelo aumento do teor em gorduras e em proteínas. A fração dos carboidratos que mais se reduz é a que exclui os açúcares livres. A fração de proteínas que aumenta é a de origem animal.
A maioria dos alimentos com participação crescente no total das calorias mostrou aumentos relativamente maiores nos estratos de renda inferiores levando a uma diminuição da distância entre famílias de maior e de menor renda. Isso ocorreu com pão francês, queijos,  embutidos, frutas e sucos de fruta, refrigerantes, bebidas alcoólicas e refeições prontas e misturas industrializadas. No primeiro quinto de rendimento, houve um aumento da participação percentual de pão francês no total de calorias diárias disponíveis, ao passo que no último quinto de renda esta participação caiu. Ainda sobre as famílias do primeiro quinto de renda familiar, observa-se uma elevação de 1,1% para 2,1%, ou seja, praticamente 100% de aumento, na participação relativa das misturas industrializadas, enquanto que para as famílias com maiores rendimentos (último quinto de rendimento familiar) este aumento ficou em 25%.


http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1788&id_pagina=1


Intervenção social no contexto atual: uma análise ontológica das tendências e desafios



A agenda atual da sociedade brasileira é marcada pela necessidade da intervenção social nas diversas refrações da questão social. Esta não pode ser desvencilhada da questão social, ela tem como origem principal o processo de acumulação o sistema capitalista promove, que gera desigualdade, fome, miséria, desemprego e um extenso cortejo de outros horrores para a classe trabalhadora.

Este argumento, apesar de está aqui minimamente resumido, é de suma importância e absolutamente oportuno de ser citado, por que posiciona a origem suprema das demandas sociais. Isto evidencia a raiz do problema. Se no mundo pré-capitalista as dificuldades materiais para encontrar as condições materiais para a sobrevivência se encontravam em fenômenos naturais e na inexistência de riqueza suficiente para todos, como enchentes, no sistema Capitalista ela ocorre e se intensifica exatamente com a exploração do trabalho pelo capital.

Dessa forma, ao tempo que o capital consegue acumular e concentrar riqueza na mão de poucos, inversamente empobrece a classe trabalhadora. É quase cômico, se trágico não fosse, constatar que é na venda da força de trabalho, na criação da mais-valia a partir da apropriação de parte do trabalho pelo capital que se promove a exploração.

Estabelecida essa noção teórica brevemente relatada com todos os riscos e falhas de uma síntese, é compulsório o entendimento que se existe uma relação conflituosa concreta, surge a necessidade de intervenção social como forma de ajustar esse conflito em um nível de harmonia que não comprometa, nem coloque em risco a continuidade do sistema. Ora, no capitalismo isso só é possível com  a manutenção da exploração do trabalhador e, por conseguinte, com a permanente acumulação do capital a partir da mais valia.
       
Com essa perspectiva, é impossível entender a intervenção social como algo absolutamente neutro. No momento em que ela efetua-se, seja lá em que nível ela ocorra, ela interessa a alguém. Se por um lado é justo concordar com a necessidade de intervenção em razão de demandas claramente existentes, é impróprio não considerar que esta também está atendendo aos propósitos da classe dominante. Se por um lado ela oferece alívio, por vezes apenas pontual aos dominados, por outro confere vitalidade aos dominantes.

Ao direcionarmos essas considerações para a atualidade, regida sob a batuta do neoliberalismo e o descompromisso desse com as expressões da questão social, observamos um complexo universo para a intervenção social. Se nas décadas que precederam ao neoliberalismo o capitalismo propiciou que grande parte das demandas sociais fosse canalizada para o Estado, legitimando este como principal protagonista para a intervenção social, no neoliberalismo, o Estado tornou-se fraco, impotente e com suas minadas forças direcionadas para auxiliar o grande capital na manutenção de seu lucro.

Nesse contexto, sobrou para a própria sociedade civil a tarefa de promover a intervenção social, ainda que o Estado continue a exercê-la com menos intensidade. O discurso do neoliberalismo convida a sociedade esta tarefa, nesse discurso, o chamamento inclui até mesmo o empresariado a participar sob forma da responsabilidade social. Entretanto, na prática, o que observamos é a precarização do trabalho, a transformação de parte dessas necessidades em negócio para a iniciativa privada, especialmente nas áreas de saúde e educação, enquanto o Estado incube-se de minimizar a agonia da parcela da população explorada com maior intensidade, ou seja, aqueles em situação de miséria e praticamente alijados da condição de consumidor.

Diante deste quadro, nos resta algumas reflexões sobre o direcionamento das intervenções sociais, compreendendo que na dinâmica da sociedade atual a questão social foi reduzida muitas vezes apenas a discussão acadêmica e que a ausência desse referencial nos movimentos socais emergentes da sociedade encobre a raiz matricial das agruras sociais vividas pela classe dominada.

Ficam então três importantes reflexões sobre o caminho das intervenções. Se diante da conjuntura atual, marcada pelo esfacelamento da sociedade, pelo aumento do desemprego friccional, conjuntural e estrutural e pela grave crise vivida, devemos conduzir uma política que recoloque o Estado como protagonista especial das ações de intervenção social ou se corajosamente devemos avançar para uma intervenção que ponha a situação da luta de classes como ponto central. Há ainda um terceiro e mais complexo problema, como transformar essas reflexões em ação, como passar do verbo para a prática e de que forma viabilizar qualquer uma das duas prospectivas diante de um quadro social tão grave?