terça-feira, 29 de março de 2011

Mais de 1 bilhão de pessoas devem ficar sem água até 2050 nas grandes cidades



Mais de 1 bilhão de pessoas, a maioria vivendo nas grandes cidades, ficarão sem água em 2050. A estimativa é de um estudo publicado na revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences. De acordo com os cientistas, as más condições sanitárias de algumas metrópoles mundiais agravam o risco para a fauna e a flora. “Existem soluções para que esse 1 bilhão de pessoas tenham acesso à água. Mas isso requer muitos investimentos na infraestrutura e melhor utilização da água”, afirmou o coordenador da pesquisa, Rob McDonald, do centro de estudos privado The Nature Conservancy. Segundo os pesquisadores, se a tendência atual da urbanização continuar, em 2050 cerca de 993 milhões de habitantes das cidades terão acesso a menos de 100 litros de água por dia para viver. Essa quantidade corresponde ao volume de um banho por pessoa. 

Fonte: Agência Brasil.

Capitalismo e a convergência de crises


Por: Éric Toussaint

Fonte: Site Carta maior

Em 2007-2008, mais de metade da população viu as suas condições de vida degradarem-se gravemente, pois foi confrontada pelo forte aumento do preço dos alimentos. Esta situação originou protestos massivos em pelo menos quinze países na primeira metade de 2008. O número de pessoas afetadas pele fome agravou-se em várias dezenas de milhões, e centenas de milhões viram o acesso aos alimentos restringir-se (e, conseqüentemente, a outros bens e serviços vitais).

Tudo isto seguido das decisões tomadas por um punhado de empresas de setor "agrobusiness" (produtores de agro-combustíveis) e do sector financeiro (investidores institucionais que contribuem para a manipulação do processo de produção agrícola), que se beneficiaram do apoio de Washigton e da Comissão Europeia. No entanto, a parte das exportações na produção mundial de alimentos continua débil. Apenas uma pequena parte do arroz, do trigo ou do milho produzida mundialmente é exportada, a esmagadora maioria da produção é consumida internamente. Mas são os preços dos mercados de exportação que determinam os preços nos mercados locais. Ora, os preços de exportação são fixados nos EUA, designadamente, em três bolsas (Chicago, Minneapolis, Kansas City). Conseqüentemente, o preço do arroz, do trigo e do milho em Timbuctu, no México, em Nairobi, em Islamabad é diretamente influenciado pela evolução do curso desses grãos nos mercados bolsistas americanos.

Em 2008, perante a urgência, e sob pena de serem derrubadas pelos motins nos quatro cantos do planeta, as autoridades dos países em desenvolvimento tomaram medidas para garantir o acesso da população aos elementos básicos.

Se chegamos a esta situação, foi porque durante várias décadas, os governos renunciaram progressivamente ao apoio dos pequenos locais - que são majoritariamente os pequenos produtores - com grãos, e adotaram as receitas neoliberais ditadas por instituições como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, no âmbito dos programas de ajustamento estrutural e de redução da pobreza. Em nome da luta contra a pobreza, estas instituições convenceram os governos a executar políticas que reproduzem, reforçam a pobreza. Mais, durante os últimos anos, numerosos governos assinaram acordos bilaterais (especialmente, acordos de livre comércio) que agravaram ainda mais a situação. As negociações da Rodada de Doha na Organização Mundial do Comércio trouxeram igualmente conseqüências nefastas.

Que aconteceu?

1º Ato - Os países em desenvolvimento renunciaram à proteção aduaneira que lhes permitia colocar os camponeses locais ao abrigo da concorrência dos produtores externos, principalmente das grandes firmas de agro-exportação norte-americanas e européias. Estas invadiram os mercados locais com produtos agrícolas vendidos abaixo do custo de produção dos agricultores e criadores locais, o que os conduz à falência (muitos destes acabam por emigrar para as grandes cidades dos seus países ou dos países industrializados). Seguindo a OMC, os subsídios concedidos pelos países do Norte às grandes empresas agrícolas do mercado interno não constituem uma violação das regras anti-dumping.

Como escreveu Jacque Berthelot: "para o homem comum, existe dumping se exportar a preços inferiores ao custo médio de produção do país exportador; mas já não existe dumping se se exportar ao preço interno, mesmo que este seja inferior ao custo médio de produção". Em suma, os países da União Européia, dos EUA ou de outros países exportadores podem invadir os mercados dos outros com produtos agrícolas que beneficiam de importantes subsídio internos.

O milho exportado para o México pelo EUA é um caso emblemático. Por causa do tratado de livre comércio entre os EUA, o Canadá e o México, este abandonou a sua proteção aduaneira face aos vizinhos do Norte, As exportações americanas de milho para o México cresceram nove vezes entre 1993 (último ano antes da celebração do tratado) e 2006. Centenas de milhares de famílias mexicanas tiveram de renunciar à produção de milho, pois este custará mais do que aquele importado dos EUA (produzido com tecnologia industrial subsidiada). Isto constitui não apenas um drama econômico, mas também uma perda de identidade, pois o milho é símbolo de vida na cultura mexicana, principalmente, entre povos de origem maia. Uma grande parte dos produtores do milho abandonou os campos e partiu para as grandes cidades industriais mexicanas ou norte-americanas à procura de trabalho.

2º Ato - O México, que doravante depende dos EUA para nutrir a sua população, confronta-se com uma aumento brutal dos preços, provocado, por um lado, pela especulação nas bolsas de Chicago, Minneapolis e Kansas City e, por outro, pela produção de etanol no vizinho do Norte.

Os produtores de milho mexicano já não conseguem satisfazer a procura interna, e os consumidores são confrontados com uma explosão de preços do seu alimento base, a tortilla, este crepe de milho que substitui o pão ou a taça de arroz consumidas noutras latitudes. Em 2007, enormes protestos populares sacudiram o México.

Em condições específicas, as mesmas causas produzirão, grosso modo, os mesmos efeitos. A interligação dos mercados alimentares à escala mundial chegou a um nível jamais conhecido anteriormente.

A crise alimentar mundial coloca a nu o principal motor da sociedade capitalista: a procura do lucro privado máximo a curto prazo. Para os capitalistas, os alimentos não são mais que uma mercadoria que vendem ao maior lucro possível. O alimento, condição essencial para manter vivos os seres humanos, é transformado num puro instrumento de lucro. Deve pôr-se fim a esta lógica mortífera. Deve abolir-se o controle sobre os grandes meios de produção e de comercialização e dar prioridade a uma política de soberania alimentar.

A Crise Econômica e Financeira

Em 2007-2008 estourou igualmente a principal crise econômica e financeira internacional desde 1929. Se não fosse a intervenção massiva e concertada dos poderes públicos, que se tornaram o seguro dos bancos ladrões, a atual crise teria já proporções muito mais amplas. Também aqui, a interligação é impressionante. Entre 31 de Dezembro de 2007 e fins de setembro de 2008, todas as bolsas do mundo sofreram uma baixa muito significativa, entre 25 a 35% - por vezes mais - para as bolsas dos países mais industrializados, até 60% para a China, passando por 50% para a Rússia e a Turquia. A montagem colossal de dívidas privadas, criação pura de capital fictício, acabou por explodir de país em país industrializado, começando pelos EUA, a economia mais endividada do mundo. Com efeito, a soma das suas dívidas pública e privada elevou-se, em 2008, a 50 trilhões de dólares, ou seja, 350% do PIB.

Esta crise econômica e financeira que já afetou todo o planeta, afetará ainda mais os países em desenvolvimento que se crêem ainda protegidos. A mundialização capitalista não soltou ou não desligou as economias. Pelo contrário, países como China, Brasil, Índia ou Rússia não estão ao abrigo da crise e isto é só o início.

A Crise Climática

Os efeitos das alterações climáticas desapareceram da atualidade, suplantadas pela crise financeira. Contudo, o processo está em curso à escala mundial, e também aqui a interligação é evidente. Determinadas populações de países "pobres" serão mais fortemente afetadas do que as dos países "ricos" mas ninguém sairá incólume.

A conjugação destas três crises mostra aos povos a necessidade de se libertarem da sociedade capitalista e do seu modelo produtivo. A ligação entre as crises capitalistas põe em evidência a necessidade de um programa anticapitalista e revolucionário em escala planetária. As soluções para que elas sejam favoráveis aos povos e à Natureza serão internacionais e sistêmicas. A humanidade não poderá contentar-se com meias medidas.


* Éric Toussaint é presidente do Comitê belga para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo.

Tradução de Sofia Gomes (Esquerda.net)

domingo, 27 de março de 2011

Fotos da Revolução Industrial, do fordismo e do toyotismo

Por solicitação de alguns internautas, postando algumas fotos desses temas.

                                            REVOLUÇÃO INDUSTRIAL




FORDISMO






TOYOTISMO



Japão: rumo ao holocausto nuclear?

Há uma grande possibilidade de existir uma brecha no núcleo do reator e por ela estar a escapar radioactividade. Uma fuga de grandes proporções pode afectar, em níveis diferenciados, milhões de pessoas.


Fumo negro saiu do reactor 3 de Fukushima. Foto de daveeza, FlickR

Já se passaram mais de duas semanas desde que o terremoto seguido de tsunami provocou o maior acidente da história japonesa. Foram registadas mais de 10 mil mortes e 17 mil continuam desaparecidos. Esse número deve ser superior, pois há a possibilidade de que famílias inteiras tenham sido dragadas pela fúria do tsunami e jamais serão encontrados. Se nenhum familiar registar as mortes, essas vítimas ainda serão consideradas vivas por um período superior aos cem anos de idade, como ocorre, actualmente, nos arquivos japoneses.
O desastre nuclear resultante da tragédia na central nuclear Fukushima 1, que possuía seis reactores em funcionamento, passou até agora por diversas fases. Houve explosões, saída de fumaça, fuga radioactiva e uma actividade desesperada para tentar controlar o desastre nuclear que já é um dos maiores da história e pode, ainda, tornar-se o maior. Temos presenciado a incapacidade da Tokyo Electricidade, operadora da central, e também do governo japonês de controlar a situação e dar uma solução definitiva que é o que o mundo inteiro está à espera, não apenas os japoneses.
Longe disso, com as recentes contaminações dos trabalhadores que tentavam amenizar a situação, esta semana, evidenciou-se que, segundo a própria operadora, há uma grande possibilidade de que exista uma brecha no núcleo do reactor e por ela esteja a escapar radioactividade. Já não estamos a falar de radioactividade “inofensiva”, mas de vários trabalhadores que receberam doses excessivas de radioactividade e cujas vidas já foram afectadas, sem saber quais as consequências dessas irresponsabilidades. Já saímos de uma situação de incompetência e irresponsabilidade para uma situação criminosa. A esses trabalhadores foi-lhes assegurado que não havia risco de contaminação que pusesse em perigo a sua saúde, e aí vemos o resultado. Heróis? Criminosamente enganados?
As fugas ocorridas, as quais, a princípio, se alardeava que não eram prejudiciais à saúde e se situavam no nível do tolerável passaram a contaminar, até onde sabemos, o leite da província de Fukushima. Verduras, como os espinafres, nas províncias de Ibaraki, Tochigi, Gunma e Chiba. E, por último, a contaminação da água, inclusive, de Tóquio. Segundo o próprio governo, a contaminação pode afectar bebés de menos de 1 ano. Já saímos de uma situação de contaminação “inofensiva” para uma concretamente prejudicial a crianças de menos de 1 ano. O governo aconselha que não se lhes dê dessa água.
A contaminação “inofensiva”, efectivamente, tem voado distâncias superiores até a 300 km de Fukushima.
Ao contrário do se dizia até então, hoje, existe, segundo a operadora e o governo, uma grande possibilidade de fuga nuclear.
A Tokyo Electricidade pode garantir que novas fugas ocorram nos limites “inofensivos”? Não, não pode garantir e o governo tampouco. A questão é que se uma grande fuga nuclear prejudicial à saúde ocorrer, não sabemos, e é melhor nem querer imaginar, as proporções que pode tomar. Uma fuga de grandes proporções pode afectar, em níveis diferenciados, milhões de pessoas. Na área de Fukushima e Kanto, que engloba varias províncias e a capital Tóquio, vivem cerca de 50 milhões de pessoas. O governo, prensado contra a parede, não pode evacuar milhões de pessoas neste momento, nem sequer alguns milhares, sem criar um gigantesco pânico. Por esse motivo, permanece calado com relação à segurança da população. A experiência dos últimos dias, a contaminação verificada, demonstra que se quiser ficar isento de uma contaminação “inofensiva” ou prejudicial, o sensato, por vias das dúvidas, é proteger-se numa área cuja distância seja superior aos 300 km da Fukushima 1. A política do primeiro-ministro, Naoto Kan, de priorizar os interesses económicos da burguesia imperialista japonesa, coloca-se acima de priorizar a segurança da população. Esperemos que não seja assim, mas existe, sim, a possibilidade de um holocausto nuclear. Um de tamanhas proporções que nos faria, quem sabe, ter saudades de Hitler.

Precarização do trabalho, subcontratação e insegurança no setor nuclear


Trabalhadores subcontratados fazem o trabalho mais perigoso, recebem salários menores, suportam doses bem acima de qualquer um dos funcionários da central. E acontecem acidentes.



Os três trabalhadores japoneses contaminados – dois deles hospitalizados – por uma fuga de água altamente radioativa no reator 3 da central de Fukushima eram trabalhadores subcontratados. Os avisos dos respectivos dosímetros não foram respeitados, tendo os trabalhadores sido sujeitos a doses entre os 170 e os 180 mSv, perto da dose limite diária de 250 mSv para a qual se verificam sintomas físicos imediatos.
Desde o início das operações de controle da temperatura dos reatores, 14 trabalhadores da Tepco receberam doses acima dos 100 mSv, a dose limite típica a que um trabalhador do sector nuclear poderá estar sujeito durante um ano. A estes juntam-se mais de uma dezena de trabalhadores feridos e um morto quando das explosões dos edifícios dos reatores.
Todos estes acidentes aconteceram num quadro de operações de urgência e de desespero, em que as regras de segurança deixam de ser uma prioridade, onde o voluntarismo inconsciente anda de mão dada com a falta de transparência de quem dirige as operações.
Em Chernobyl também foi assim, embora a escala fosse outra. Cerca de 500 mil “liquidadores” – assim apelidados os bombeiros, os militares e todos os civis que participaram nas operações após o acidente – estiveram sujeitos a doses de radiação extremamente elevadas. Foram mais de 4 mil os que morreram como consequência direta da irradiação, dezenas de milhares contraíram doenças crônicas que os incapacitaram para sempre e que provocaram a sua morte prematura através de causas indiretas, não relacionadas com a radiação em si. Poderia pensar-se que os trabalhadores das centrais nucleares só estão sujeitos a estes níveis de periculosidade nos casos excepcionais em que ocorrem acidentes muito graves. Infelizmente assim não é.
Recentemente uma reportagem da La Une belga denunciou uma situação intolerável de subcontratação de trabalhadores no setor nuclear. Estes trabalhadores fazem o trabalho mais perigoso, recebem salários pouco superiores ao salário mínimo, suportam doses bem acima de qualquer um dos funcionários da central.
Não admira que as estatísticas de saúde dos funcionários permanentes da central revelem excelentes resultados, não são estes quem faz o trabalho sujo, em especial as entradas no ambiente altamente radioativo dos reatores durante as paragens para manutenção. Grave também é verificar que são atribuídas a estes trabalhadores subcontratados responsabilidades fundamentais para a segurança da central, responsabilidades essas que deveriam ser dos quadros da central, e mais preocupante ainda é constatar a pressão a que estes trabalhadores estão sujeitos para produzir bons, embora falseados, relatórios de segurança.

Fonte: Site Esquerda Net

quarta-feira, 23 de março de 2011

PALESTRA COM VIRGINIA FONTES - CRISE E DEMOCRACIA NO BRASIL

"Dona Diva" não é assistente social.



CFESS divulga nota repudiando a maneira como a Rede Globo retratou a profissão

Vez ou outra, ao assistir televisão, você deve se deparar com reportagens, programas e outras opções de entretenimento que abordem, de alguma maneira, espaços de trabalho e intervenção do/a assistente social. O Serviço Social, que há décadas era pouco abordado pela mídia em geral, passou a ter destaque nos últimos anos.

E na semana o/a assistente social foi destaque mais uma vez na “telinha”, mas de forma negativa. A novela Insensato Coração, de autoria de Gilberto Braga, transmitida em horário nobre pela Rede Globo de Televisão, apresentou ao Brasil na terça-feira (15/3) a personagem “Dona Diva”, assistente social do Sistema Prisional. Não é a primeira vez que um/a assistente social é representado/a em uma novela da Globo. E, novamente, a emissora “caprichou” na caracterização deturpada do trabalho do/a assistente social, transformando a profissional numa agente repressora, coercitiva, ameaçadora e punitiva do Estado.

Por esse motivo, o CFESS divulgou na última sexta-feira, 18 de março de 2011, uma nota criticando a maneira equivocada como a profissão de assistente social foi retratada na novela. “Temos o entendimento de que a obra é fictícia. Entretanto, levando em consideração o poder de influência e de construção de estereótipos que a novela pode ter em relação à sociedade, é dever do CFESS esclarecer que o papel do/a assistente social na obra foi distorcido da realidade do/a profissional de Serviço Social”, diz trecho do documento, que traz também esclarecimentos sobre a atuação do/a profissional com base no Código de Ética do/a Assistente Social e na Lei de Regulamentação (8662/1993).

Leia a nota pública

Veja a polêmica cena da novela Insensato Coração

Veja o Código de Ética do/a Assistente Social e as atribuições privativas do/a profissional do Serviço Social

Cena causa indignação
O CFESS recebeu diversos e-mails de assistentes sociais e estudantes de Serviço Social repudiando a cena exibida.

Em entrevista por telefone, a conselheira do CRESS-RJ e assistente social do sistema prisional do Rio de Janeiro, Newvone Ferreira da Costa, ressaltou sua indignação ao tomar conhecimento do conteúdo veiculado pela Rede Globo. “Retrataram a profissão no âmbito prisional de forma policialesca. Não trabalhamos daquela forma. Não somos inspetoras penitenciárias, nem chefes de segurança de presídio, como a novela apresentou”, criticou Newvone. A assistente social fez questão de destacar algumas atividades do/a profissional de Serviço Social no campo em questão. “O/a assistente social que trabalha no Sistema Prisional, obrigatoriamente, precisa ter noções de direito penal, e isso inclui conhecimento da Lei de Execução Penal. E, conforme nosso Código de Ética, atuamos na perspectiva da defesa de equidade, justiça social e dos direitos humanos. Nós somos a ponte do/a detento/a para o acesso a direitos, para o acesso à cidadania”, destacou.

A conselheira do CRESS-RJ ressaltou ainda outras atividades do/a assistente social no Sistema Prisional, como o atendimento àquela/a preso/a e o trabalho de desestigmatização do/a mesmo/a após o cumprimento da pena e o atendimento às famílias das pessoas em privação de liberdade. “Tudo isso com base no respeito, na ética, na transparência”, finalizou.


Fonte: http://servicosocialbrasileiro.blogspot.com/2011/03/ei-telespectadora-dona-diva-nao-e.html

terça-feira, 22 de março de 2011

O que é neoliberalismo



O neoliberalismo é o novo caráter do velho capitalismo. Este adquiriu força hegemônica no mundo a partir da Revolução Industrial do século 19. O aprimoramento de máquinas capazes de reproduzir em grande escala o mesmo produto e a descoberta da eletricidade possibilitaram à indústria produzir, não em função de necessidades humanas, mas sobretudo visando ao aumento do lucro das empresas.

Frei Betto
O excedente da produção e a mercadoria supérflua obtiveram na publicidade a alavanca de que necessitavam para induzir o homem a consumir, a comprar mais do que precisa e a necessitar do que, a rigor, é supérfluo e até mesmo prejudicial à saúde, como alimentos ricos em açúcares e gordura saturada.
O capitalismo é uma religião laica fundada em dogmas que, historicamente, merecem pouca credibilidade. Um deles reza que a economia é regida pela "mão invisível" do mercado. Ora, em muitos períodos o sistema entrou em colapso, obrigando o governo a intervir na economia para regular o mercado.
O fortalecimento do movimento sindical e do socialismo real, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial (1940-1945), ameaçou o capitalismo liberal, que tratou de disciplinar o mercado através dos chamados Estados de Bem-Estar Social (previdência, leis trabalhistas, subsídios à saúde e educação etc.).
Esse caráter "social" do capitalismo durou até fins da década de 1970 e início da década seguinte, quando os EUA se deram conta de que era insustentável a conversibilidade do dólar em ouro. Durante a guerra do Vietnã, os EUA emitiram dólares em excesso e isso fez aumentar o preço do petróleo. Tornou-se imperioso para o sistema recuperar a rentabilidade do capital. Em função deste objetivo várias medidas foram adotadas: golpes de Estado para estancar o avanço de conquistas sociais (caso do Brasil em 1964, quando foi derrubado o governo João Goulart), eleições de governantes conservadores (Reagan), cooptação dos social-democratas (Europa ocidental), fim dos Estado de Bem-Estar Social, utilização da dívida externa como forma de controle dos países periféricos pelos chamados organismos multilaterais (FMI, OMC etc.) e o processo de erosão do socialismo real no Leste europeu.
O socialismo ruiu naquela região por edificar um governo para o povo e não do povo e com o povo. À democracia econômica (socialização dos bens e serviços, e distribuição de renda) não se adicionou a democracia política; não nos moldes do Ocidente capitalista, mas fundada na participação ativa dos trabalhadores nos rumos da nação.
Nasceu, assim, o neoliberalismo, tendo como parteiro o Consenso de Washington - a globalização do mercado "livre" e, segundo conveniências, do modelo norte-americano de democracia (jamais exigido aos países árabes fornecedores de petróleo e governados por oligarquias favoráveis aos interesses da Casa Branca).
O capitalismo transforma tudo em mercadoria, bens e serviços, incluindo a força de trabalho. O neoliberalismo o reforça, mercantilizando serviços essenciais, como os sistemas de saúde e educação, fornecimento de água e energia, sem poupar os bens simbólicos - a cultura é reduzida a mero entretenimento; a arte passa a valer, não pelo valor estético da obra, mas pela fama do artista; a religião pulverizada em modismos; as singularidades étnicas encaradas como folclore; o controle da dieta alimentar; a manipulação de desejos inconfessáveis; as relações afetivas condicionadas pela glamourização das formas; a busca do elixir da eterna juventude e da imortalidade através de sofisticados recursos tecnocientíficos que prometem saúde perene e beleza exuberante.
Tudo isso restrito a um único espaço: o mercado, equivocadamente adjetivado de "livre". Nem o Estado escapa, reduzido a mero instrumento dos interesses dos setores dominantes, como tão bem analisou Marx. Sim, certas concessões são feitas às classes média e popular, desde que não afetem as estruturas do sistema e nem reduzam a acumulação da riqueza em mãos de uma minoria. No caso brasileiro, hoje os 10% mais ricos da população - cerca de 18 milhões de pessoas - têm em mãos 44% da riqueza nacional. Na outra ponta, os 10% mais pobres sobrevivem dividindo entre si 1% da renda nacional.
Milhares de pessoas consideram o neoliberalismo estágio avançado de civilização, assim como os contemporâneos de Aristóteles encaravam a escravidão um direito natural e os teólogos medievais consideravam a mulher um ser ontologicamente inferior ao homem. Se houve mudanças, não foi jamais por benevolência do poder.

*Frei dominicano. Escritor.

Fonte: Adital – http://www.adital.org.br

O testamento filosófico de György Lukács


Fonte:   Revista Cult - edição  154
Por: Antonio Rago Filho
Mészáros, certa feita, ao debruçar-se sobre a obra de György Lukács (1885-1971), advertira acerca das falácias engendradas pelas arbitrárias contraposições entre obras de juventude e obras de maturidade de um autor. O caso clássico desse “destino trágico” é a obra de Marx. Sabemos os prejuízos e deformações que foram gerados por essas imputações e a dissecação por meio de “rupturas epistemológicas”. Claro está que podemos detectar momentos de ruptura, o giro radical, o divisor de águas de um autor, com base em sua atividade prática sensível e no conjunto da produção intelectual.
Lukács, no século passado, é outro caso exemplar. De extração social rica e título nobre, desde a juventude se contrapôs ao modo protocolar das elites imperiais, posicionando-se de modo hostil contra a vida burguesa. Seu caminho a Marx e à práxis revolucionária está crivado dessa ética de resistência em busca de uma vida autêntica, contraposta aos valores dominantes, ao inautêntico do gradiente burocrático, às iniquidades do sistema do capital, que o conduziu, estimulado pela Revolução Bolchevique, diretamente à direção do Partido Comunista Húngaro, no ano de 1918.
Lukács foi um dos membros da breve Comuna de Budapeste, de 1919. No exílio, em Viena, safou-se da pena de morte, caso fosse consentido seu repatriamento exigido pelos tiranos da monarquia húngara. Há que registrar também os rigores e sofrimentos a que foi submetido após a Revolução Húngara de 1956 pelos agentes soviéticos e congêneres stalinistas, deportado e confinado num campo de concentração na Romênia.
Em seu exílio moscovita, nos princípios dos anos 1930, mesmo solitário e vigiado, trabalha em parceria com Mikhail Lifschitz no restauro da obra Manuscritos Econômico-filosóficos, de Marx. O impacto dessa obra será decisivo no giro do filósofo húngaro. Ao evocar esse momento fecundo, Lukács, em sua Ontologia, esclarece que, “pela primeira vez na história da filosofia, as categorias econômicas aparecem como as categorias da produção e reprodução da vida humana, tornando assim possível uma descrição ontológica do ser social sobre bases materialistas”. Esse salto, por sua vez, é que permitirá a Lukács abandonar os “exageros idealistas” de História e Consciência de Classe (1923) que exerceram forte influência no marxismo ocidental, que se valeu do critério gnosiológico da “totalidade” correspondente ao ponto de vista revolucionário da classe operária, ao sujeito-objeto idêntico como superação da “alienação”.
Os Prolegômenos
A belíssima edição de Prolegômenos para uma Ontologia do Ser Social, de György Lukács (1885-1971), segue a empreitada da Boitempo Editorial de fornecer novas bases teóricas para o desenvolvimento de um pensamento marxista renovado em nosso país. Com justa razão, Nicolas Tertulian, no posfácio, situa o significado concreto desse autêntico “testamento filosófico” – umprolegomenon – que consumiu as últimas energias de Lukács, ainda ancorado em extrema lucidez revolucionária, mas acometido de moléstia incurável. Segundo o filósofo romeno, Lukács pretendia, “com o texto da grande Ontologia, exprimir com suficiente clareza suas próprias intenções fundamentais. (…) Para expor, em termos mais claros e sintéticos, o seu programa de reconstrução daOntologia. Concebidos, pois, como introdução ao texto principal da Ontologia, os Prolegômenosrepresentam, de fato, uma vasta conclusão”.
Segundo Lukács, o atributo da objetividade é ineliminável dos seres naturais (orgânicos e inorgânicos) e do ser social em sua historicidade. A história é a história da transformação das categorias. As categorias são formas determinadas dos seres, modos particulares da existência. O trabalho como forma originária do ser social propicia o salto da generidade muda para a generidadehumana. A irreversibilidade do processo histórico abre a possibilidade de superação dos estranhamentos que impedem a realização da generidade humana como ser-para-si real da existência humana.
Ao longo de sua vida, estabeleceu um confronto bastante vigoroso contra a hegemonia do neopositivismo, a filosofia avalista do mundo mercantil reificador, do capitalismo manipulatório. Combateu de modo intransigente o taticismo stalinista dos partidos operários. Por essa razão, enfatizava que: “Só o renascimento do marxismo, cujo conteúdo é, em última análise, apenas o socialismo como unidade teórico-prática da integração econômica com a generidade autêntica e, embora paulatinamente, difícil de realizar, pode dar resposta correta a esse complexo de questões”.
Antonio Rago Filho é editor da revista Projeto História (PUC-SP)

Os dilemas do trabalho no limiar do século 21


Autor: Ricardo Antunes
Fonte: Site Revista Cult
Do subemprego à exploração infantil, a situação contemporânea do trabalho exige uma reflexão à altura daquela relacionada ao meio ambiente

Se há um tema que está sempre presente nos debates atuais, junto com a destruição ambiental, esse tema é o do trabalho e seu corolário, o desemprego. Isso porque também não há nenhum país que, em alguma medida, não esteja vivenciando o desmoronamento do trabalho.
Em plena eclosão da mais recente crise financeira, estamos constatando a corrosão do trabalho contratado, a erosão do emprego regulamentado, que foi dominante no século 20 e que está sendo substituído pelas diversas formas alternativas de trabalho e subtrabalho, de que são exemplo o “empreendedorismo”, o “trabalho voluntário”, o “cooperativismo”, modalidades que frequentemente “substituem” o trabalho formal, gerando novos e velhos mecanismos de intensificação e mesmo autoexploração do trabalho.
Os modos de precarização do trabalho, o avanço tendencial da informalidade, o desemprego dos imigrantes, tudo isso acentua o tamanho da tragédia social em que estamos envolvidos. O emprego assalariado formal, modalidade de trabalho dominante no capitalismo da era taylorista e fordista, que magistralmente Chaplin satirizou em Tempos modernos, está se exaurindo e sendo substituído por formas de trabalho que em alguns casos se assemelham às da fase que marcou o início da Revolução Industrial. Senão, como explicar, em pleno século 21, as jornadas de trabalho que, em São Paulo, chegam a 17 horas por dia? Tudo isso nos obriga a refletir: que trabalho queremos, de que trabalho necessitamos?
Trabalho como atividade vital
Aqui, devemos fazer uma pequena digressão. Sabemos que o trabalho, concebido como atividade vital, nasceu sob o signo da contradição. Desde o primeiro momento, foi capaz de plasmar a própria sociabilidade humana, por meio da criação de bens materiais e simbólicos socialmente vitais e necessários. Mas também trouxe dentro dele, desde seus primeiros passos, a marca do sofrimento, da servidão e da sujeição. Ao mesmo tempo em que expressa o momento da potência e da criação, o trabalho também se originou nos meandros do “tripalium”, instrumento de punição e tortura. Se era, para muitos, dotado de uma ética positiva (ver as análises de Weber), própria do mundo dos negócios (cujo significado etimológico é negar o ócio), para outros, ao contrário, tornou-se um não valor, estampado na magistral síntese de Marx: “Se pudessem, os trabalhadores fugiriam do trabalho como se foge de uma peste!”.
Mas o século 20 moldou-se pela estruturação da chamada sociedade do trabalho, em que desde muito cedo fomos educados para o princípio fundante do trabalho. Esse cenário começou a ruir, no entanto, a partir dos últimos 20 anos. Tragicamente, quanto mais a população vem aumentando, menor é a capacidade de incorporar os jovens ao mercado de trabalho. Esta é a situação que vivenciamos hoje: não encontramos empregos para aqueles que dele necessitam para sobreviver e os que ainda estão empregados em geral trabalham muito e não ficam um dia sem pensar no risco do desemprego. Esse medo ocorre não só na base dos assalariados, pois essa tendência cada vez mais avança na ponta da pirâmide social, chegando até os gestores.
Desemprego
Uma rápida consulta aos dados acerca do desemprego mundial é esclarecedora. A Organização Internacional do Trabalho (OIT), em recente relatório, projetou mais de 50 milhões de desempregados ao longo deste ano de 2009, em consequência da intensificação da crise que atingiu especialmente os países do Norte. A mesma OIT acrescentou ainda que aproximadamente 1,5 bilhão de trabalhadores sofrerão redução em seus salários (Relatório mundial sobre salários 2008 – 2009).
Na China, país que mais intensamente cresceu na última década, com quase 1 bilhão de trabalhadores, cerca de 26 milhões de trabalhadores que migraram do campo para as cidades perderam seus empregos, gerando a onda de revoltas a que assistimos atualmente.
A América Latina também não ficou de fora desse cenário: a mesma OIT antecipou que, dada a ampliação da crise, “até 2,4 milhões de pessoas poderão entrar nas filas do desemprego regional em 2009”, somando-se aos quase 16 milhões hoje desempregados, sem falar do “desemprego oculto” e outros mecanismos que mascaram as taxas reais de desemprego (Panorama laboral para América Latina e Caribe, janeiro de 2009).
No limite da degradação
Dentro de um contexto marcado por uma profunda crise estrutural, ampliam-se, portanto, as formas de aviltamento do trabalho. Os exemplos são abundantes e o espaço aqui seria por demais limitado. Mas podemos emblematicamente apresentar alguns casos mais expressivos.
A cada dia vemos mais e mais exemplos de trabalho escravo no campo; nos agronegócios do açúcar, no etanol de Lula, cortar mais de 10 toneladas de cana por dia é a média por baixo, low profile. No norte do país esse número pode chegar a até 18 toneladas diárias.
Em São Paulo, não é difícil localizar a degradação dos trabalhadores imigrantes, como os bolivianos, subempregados nas empresas de confecção, com jornadas que atingem até 17 horas diárias, configurando uma modalidade de trabalho no limite da condição degradante. E os exemplos se esparramam por todas as partes do mundo: chicanos (EUA), dekasseguis (Japão), gastarbeiters(Alemanha), lavoro nero (Itália) etc.
No Japão, jovens operários migram em busca de trabalho nas cidades e dormem em cápsulas de vidro do tamanho de um caixão. Configuram o que já chamei de operários encapsulados. Na América Latina, trabalhadoras domésticas chegam a trabalhar 90 horas por semana, tendo não mais que um dia de folga ao mês, conforme lembrou Mike Davis em seu Planeta favela (Boitempo, 2006).
Se, no século passado, os povos do Norte migraram em massa para o Sul do mundo (como os italianos, alemães, portugueses, espanhóis, tão bem acolhidos no Brasil), estamos presenciando o exato inverso. Nesse sentido, exemplos recentes na Espanha, nos EUA e na Inglaterra, contra os brasileiros, são por demais expressivos.
Outra manifestação, ainda que diferenciada, é também esclarecedora: trabalhadores britânicos em greve, no início de 2009, empunhavam um cartaz que dizia: “Empreguem primeiro os trabalhadores britânicos”, em manifestação contrária à contratação de italianos e portugueses. Se é justíssima a reivindicação de salário igual para trabalho igual, para se contrapor à tendência destrutiva dos capitais de explorar o imigrante carente de trabalho, é repulsiva a manifestação que estampe qualquer traço xenófobo contra trabalhadores imigrantes. O fenômeno é curioso: em plena apologética da assim chamada “globalização”, os capitais transnacionais podem fluir e viajar livremente, enquanto o trabalho imigrante encontra-se cada vez mais cerceado e tolhido. Talvez pudéssemos dizer que, enquanto os capitais transnacionais são livres em seus voos e saques, os trabalhadores imigrantes devem se manter cativos.
O trabalho jovem
São essas algumas das forças que moldam o mundo do trabalho hoje. Mas existe ainda um outro ponto – dentre tantos – que podemos lembrar, para concluir. Sendo a CULT uma publicação que tem nos jovens um público importante, vale a pena fazer uma nota geracional: poucos jovens hoje conseguem emprego nas carreiras que escolheram. Quando têm qualificação, perambulam de um emprego a outro até chegar – se conseguirem – ao que pretendiam inicialmente. Quando lhes falta o capital cultural, aí a empreitada é mais difícil. Para conseguir emprego, são “obrigados” a realizar trabalhos “voluntários”. Ou o que é ainda mais frequente: a explosão do trabalho do estagiário, que se converte em um trabalho efetivo com sub-remuneração.
Se a ordem societal dominante dificulta o acesso dos jovens em idade de trabalhar, ela inclui, por outro lado, precoce e criminosamente crianças no mercado de trabalho, não somente no Sul, mas também nos países capitalistas avançados. Pouco importa que o trabalho hoje seja supérfluo e que centenas de milhões de assalariados em idade de trabalho se encontrem em desemprego estrutural. Os capitais globais frequentemente recorrem ao corpo produtivo das crianças, que deveriam estar exercitando seu corpo brincante (na conceitualização de Maurício da Silva). E esse retrato se amplia quando estudamos a produção de sisal, de têxtil e confecções, calçados, cana-de-açúcar, carvoarias, pedreiras, olarias, emprego doméstico etc.
Por fim, outra contradição social cada vez mais vital: se os empregos se reduzem, aumentam os índices de desemprego, empobrecimento e miserabilidades social – realidade em que bilhões hoje vivem com menos de 2 dólares por dia. Se, como resposta, os capitais globais e suas transnacionais recuperarem os níveis de crescimento, como fez a China na última década, o aquecimento global nos converterá no mundo da torrefação. Trabalho e aquecimento global serão, portanto, os grandes dilemas do século 21.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Estado mínimo - FMI elogia cortes de gastos no Bolsa Familia

A lógica neoliberal é simples: políticas pobres para os pobres, simples... 
Em tempo, só pra lembrar nossa trajetória neoliberal.
Neoliberalismo capitulo 1 - COLLOR - Abre o comércio, mas não aprofunda as privatizações
Neoliberalismo capitulo 2 - FHC 1º Governo - o arrocho neoliberal
Neoliberalismo capitulo 3 - FHC 2º Governo - o arrocho neoliberal dobrado feito "tapioca"
Neoliberalismo capitulo 4 - LULA 1º Governo - BC Nas mãos do Meirelles
Neoliberalismo capitulo 5 - LULA 2º Governo - O neoliberalismo assistencialista
Neoliberalismo capitulo 6 - DILMA Governo - (ou seria LULA parte 3?)


Segue abaixo texto do Estadão

BRASÍLIA - Em declaração à imprensa após o encontro com a presidente Dilma Rousseff, o diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, disse que ainda há um risco de sobreaquecimento da economia brasileira, mas o governo está empenhado para que haja um crescimento contínuo nos próximos anos. Strauss-Kahn elogiou a decisão de Dilma de fazer cortes no Orçamento e manter programas sociais como o Bolsa Família. "O caso do Brasil é elucidativo; o Bolsa Família é um ótimo exemplo a ser seguido no mundo", disse. "As medidas de redução de gastos são bem-vindas aos olhos do FMI", completou.
Ele relatou que, no encontro com Dilma, demonstrou preocupação com o crescimento "em nível frágil" nos Estados Unidos e na Europa, e também com impactos dos conflitos que ocorrem no norte da África.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihfICvfcK1b6He_GnVxhjoeJfVP10yv6lL53hzU3eALrrpTHYhAm0mJmHdkHWR4_jNreyWRdcLcXAD6MbHnMeh9jZvYeDAkqj38bC6O4Rlwpt6Q250uwsph8DI-qj7ja62by90Pa_1AGeu/s1600/piramide_capitalista.jpgStrauss-Kahn disse ainda que o FMI está empenhado em fazer mudanças em sua estrutura e apresentar uma nova imagem internacional. "Hoje o Fundo não tem mais a imagem do passado, de ser usado pelos Estados Unidos para constranger países em desenvolvimento", disse, acrescentando que o Fundo mudou o sistema de votos para permitir que mais países participem das decisões.
O diretor-geral do FMI observou que o Brasil também mudou sua imagem, sendo atualmente um dos 10 acionistas do Fundo.
Strauss-Kahn destacou quatro áreas que considera que o Brasil poderia ter progressos significativos. A primeira delas, a reforma tributária para ampliar os investimentos e o crescimento. Em seguida, destacou a redução da rigidez orçamentária, que ajudaria a aprimorar a gestão das finanças públicas.
Outro ponto seria a reforma da previdência social "para assegurar a sustentabilidade do sistema no longo prazo e criar maiores incentivos para a poupança privada"; e, por último, a melhoria do ambiente de negócios "para sustentar os planos do Brasil de estimular o potencial de crescimento da economia".
Segundo o diretor-geral do FMI, no médio prazo, o principal desafio para o Brasil é aumentar o potencial de crescimento da economia e continuar a avançar na direção de redução da pobreza e das desigualdades.
Na declaração, Strauss-Kahn ainda destaca que, "dado o ambiente externo ainda desafiador, será essencial que o Brasil continue a desempenhar um papel de destaque na arena internacional, particularmente no G-20". Segundo ele, a cooperação internacional constante é necessária para resolver desequilíbrios globais, prevenir crises futuras e evitar que um país tome medidas isoladas que possam prejudicar a recuperação global. "É particularmente importante resistir a medidas protecionistas", afirma na declaração.
O diretor-geral do FMI cumpriu extensa agenda hoje em Brasília, reunindo-se com o presidente do BC, Alexandre Tombini, com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com a presidente Dilma Rousseff. A nota foi distribuída depois da coletiva que Strauss-Kahn concedeu no ministério da Fazenda. 

FONTE:
http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,diretor-do-fmi-elogia-decisao-de-dilma-de-fazer-cortes-e-manter-bolsa-familia,57519,0.htm#