tag:blogger.com,1999:blog-59071727833193703052024-03-13T06:36:09.184-03:00Ser SocialAlbanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.comBlogger57125tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-53960960330587473772011-06-26T12:18:00.000-03:002011-06-26T12:18:57.248-03:00Recordações pessoais sobre Karl Marx<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUVg17D-9CSwXDGn8N_pFVTFb4v77o5o8fjDE8GDXhfdUMTRPzpByAHJ1eUiPpG8iAYLsiWw4jFyKUKaSHeC3lib1C4XtBeoCYgy_QDlXf7EJ53YzxaQn0Vd0nG1B329mLn4zB5gr4mgxT/s1600/Marx%252BFamily_and_Engels.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUVg17D-9CSwXDGn8N_pFVTFb4v77o5o8fjDE8GDXhfdUMTRPzpByAHJ1eUiPpG8iAYLsiWw4jFyKUKaSHeC3lib1C4XtBeoCYgy_QDlXf7EJ53YzxaQn0Vd0nG1B329mLn4zB5gr4mgxT/s400/Marx%252BFamily_and_Engels.jpg" width="342" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-outline-level: 1;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 23px;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: #666666; font-family: 'Lucida Sans Unicode', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 12px;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 16.8pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><b><span style="color: #666699; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Lembranças familiares de Karl marx escritas por seu genro Paul Lafargue. Publicadas originalmente em Des souvenirs sur K. Marx publiés par l’un de ses plus proches collaborateurs - et son gendre. Paru dans Die Neue Zeit, IX Jhrg., 1890-1891, pp. 10-17, 37-42. Traduzidas para o português por Abguar Bastos e publicadas em "A Filosofia de Carlos Marx", Editora Vitória. Revistas por Edison Cardoni, para edição "O Capital de Karl Marx", Conrad Editora.</span></b><span class="Apple-style-span" style="line-height: 25px;"><b><span style="color: #333333; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Lucida Sans Unicode"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">I</span></b></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Vi Marx, pela primeira vez, em fevereiro de 1865. A Internacional havia sido fundada em 28 de setembro de 1864, no comício do St. Martin’s Hall, em Londres. Eu vinha de Paris para tomar conhecimento dos progressos da nossa jovem organização. M. Toloin, hoje Senador da República burguesa e um de seus delegados na Conferência de Berlim, havia me dado uma carta de apresentação.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Eu tinha, então, 24 anos. Jamais esquecerei a impressão que me causou este primeiro encontro. Nessa época, achava-se Marx debilitado fisicamente. Trabalhava no primeiro volume de</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Capital</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">, que só veio a ser publicado dois anos depois, em 1867. Ele temia não poder terminar a obra e procurava receber cordialmente os jovens, a quem dizia:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“Eu preciso preparar os homens que, depois de mim, continuarão a propaganda comunista”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Marx é um desses raros seres que ocupam, ao mesmo tempo, o primeiro plano na ciência e na vida pública. De tal maneira ele exercia essas duas atividades, que era difícil saber o que se projetava em primeiro lugar: se o homem de ciência ou o lutador socialista. Considerando que toda a ciência deve ser cultivada por si mesma e que nas investigações científicas jamais se deve temer as conclusões a que se pode chegar, ele era da opinião de que, se o homem de ciência não quiser ocupar um plano secundário, deve participar incessante e ativamente da vida pública, sem fazer do seu gabinete de trabalho ou do seu laboratório um esconderijo, antes se atirando às lutas sociais e políticas de sua época.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“A ciência não deve significar apenas um prazer egoístico”, dizia Marx. “Os que têm a oportunidade de se consagrar aos estudos científicos deverão ser os primeiros a pôr seus conhecimentos a serviço da humanidade.” Uma de suas frases favoritas era: “Trabalhar pela humanidade”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ainda que se comovesse profundamente com os sofrimentos das classes trabalhadoras, não foram considerações de ordem sentimental que o levaram ao comunismo. Impelira-o até aí as conclusões de seus estudos de história e economia política. Entendia que todo espírito imparcial, não influenciado pelo interesse privado ou pelos preconceitos de classe, deveria chegar a essas mesmas conclusões.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Se não levava idéias preconcebidas para o estudo da evolução econômica e política das sociedades humanas, ao escrever assumia, entretanto, a firme intenção de difundir o resultado de suas investigações como base científica do movimento socialista que, até essa época, se perdia entre as nuvens da utopia. Só se apresentava em público em busca da vitória do proletariado, que tem por missão histórica instaurar o comunismo logo que possa tomar em suas mãos a direção política e econômica da sociedade...<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A atividade de Marx não dizia respeito apenas ao seu país de origem:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“Sou cidadão do mundo, dizia, “e trabalho onde me encontro”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Com efeito, para onde quer que fosse conduzido pelos acontecimentos e pelas perseguições políticas, na França, na Bélgica e na Inglaterra, ele participava ativamente dos movimentos revolucionários que se desenvolviam.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Contudo, menos que o agitador incansável e incomparável, era, de início, o homem de ciência que eu via nele, aquele que pude observar trabalhando num quarto do Maitland Park Road, local para onde constantemente afluíam camaradas de todos os cantos do mundo civilizado, que vinham se esclarecer com o mestre do pensamento socialista. O aposento de Marx possui seu sentido histórico. É preciso conhecê-lo para penetrar na intimidade da vida intelectual de Marx.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Estava situado no primeiro pavimento e o largo balcão, por onde penetrava abundante luz, dava para o parque. De um e de outro lado da lareira e de frente para a janela, estavam as estantes repletas de livros, pacotes de jornais e manuscritos. Diante da lareira, de um dos lados da janela, viam-se duas mesas cobertas de papéis, livros e jornais. No centro da sala, na parte mais clara, havia uma mesa singela, de 1 metro de comprimento por 17 centímetros de largura, e uma poltrona de madeira. Entre ela e as estantes, diante da janela, via-se um divã de couro que Marx utilizava para descansar, de vez em quando. Sobre a lareira, havia também livros misturados com cigarros e maços de tabaco, retratos de suas filhas, de sua companheira, de Wilhelm Wolff e de Friedrich Engels.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Marx era fumante inveterado. “<i>O Capital</i>”, dizia-me, “jamais me dará o que já gastei em fumo enquanto o escrevia”. Gastava muitos fósforos. Distraído, com tanta freqüência deixava o cachimbo ou o cigarro se apagar que, para reacendê-los, desperdiçava incrível quantidade de fósforos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Não permitia que ninguém lhe arrumasse – ou, melhor, lhe desarrumasse – os papéis. Na realidade, essa desordem era apenas aparente. Tudo estava no seu devido lugar. Encontrava sempre sem esforço o livro ou o papel que necessitasse. No decurso de uma conversa, interrompia-se com freqüência para mostrar num livro uma passagem ou cifra que queria citar. Estava tão identificado com o ambiente de seu aposento que os livros lhe obedeciam como partes do próprio corpo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Na maneira de dispor seus livros, ele não dava importância à simetria formal. Volumes de todo tamanho, misturados a folhetos, confundiam-se pitorescamente. Não os arrumava de acordo com as dimensões, mas levando em conta o assunto. Para Marx, os livros representavam instrumentos de trabalho e não objetos de luxo. Afirmava:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“Os livros são meus escravos e hão de servir-me de acordo com meus desejos e com toda a pontualidade”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Sem levar em conta o formato ou a beleza gráfica, maltratava os livros, dobrava-os em ângulo, borrava-os e sublinhava tal ou qual trecho. Não fazia anotações nos livros, mas marcava-os com um ponto de exclamação ou interrogação quando o autor passava das medidas. Seu sistema de sublinhar permitia-lhe ir ao assunto sempre que julgasse oportuno. Tinha o costume de reler seus cadernos de anotações e as passagens sublinhadas nos livros, guardando os assuntos fielmente na memória, que era de uma extraordinária precisão. Exercitou-a desde a adolescência. Seguindo os conselhos de Hegel, decorava versos escritos em línguas desconhecidas para ele.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Sabia de cor as obras de Heine e Goethe e citava, de memória, trechos desses autores. Lia poetas de todas as literaturas européias. Anualmente, relia Ésquilo no texto grego original. Considerava Ésquilo e Shakespeare os dois maiores gênios dramáticos de todos os tempos. Dedicou-se a estudar profundamente a obra de Shakespeare, por quem sentia admiração sem limites. Conhecia o caráter de todas as personagens criadas pelo dramaturgo inglês. Da sua devoção ao poeta de</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Hamlet</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">compartilhava toda a família, tanto que suas filhas conheciam de cor os trabalhos de Shakespeare.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Depois de 1848, querendo se aperfeiçoar no conhecimento da língua inglesa, pesquisou e classificou as expressões de Shakespeare. Fez o mesmo com parte da obra do polemista inglês William Cobbert, a quem grandemente se afeiçoara. Entre seus poetas favoritos, contavam-se Dante e Robert Burns. Tinha verdadeiro prazer em ouvir as filhas recitarem-lhe fragmentos de sátiras ou madrigais do poeta escocês.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Curvier, esse infatigável trabalhador a serviço da ciência, instalara, no Museu de Paris, que dirigia, vários laboratórios para seu uso pessoal. Cada laboratório destinava-se a um fim especial e continha livros, instrumentos e material anatômico adequados. Quando Curvier se sentia fatigado com determinada pesquisa, passava a outro laboratório, aí continuando outro tipo de estudo. Essa simples troca de atividade representava para ele saudável repouso.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Marx, trabalhador tão incansável quanto Curvier, não dispunha de meios para instalar tantos laboratórios. Sua forma de descansar era passear pelo quarto. Seus passos como que estavam impressos no tapete, já desgastado, desde a porta até a janela.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">De quando em quando, estirava-se no divã e lia um romance. Às vezes, lia dois ou três de uma vez, andando de um lado para outro. Como Darwin, era grande leitor de romances. Tinha preferência pelos do século XVIII, interessando-se, em particular, por Tom Jones, de Fielding. Os autores contemporâneos seus de que mais gostava eram Paul de Kock, Charles Lever, Alexandre Dumas, pai, e Walter Scott, cuja obra</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Old Mortalítis</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">considerava magistral. Admirava as narrações alegres e de aventuras. Cervantes e Balzac eram também autores de sua predileção. Em</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Dom Quixote</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">via os derradeiros dias da cavalaria andante, que teve seus méritos transformados em objeto de chacota e escárnio, por parte do nascente mundo burguês. Sentia tal interesse por Balzac que se propunha escrever uma obra crítica sobre</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A Comédia Humana</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“logo que terminasse seus trabalhos sobre economia”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Balzac não foi só o historiador da sociedade de seu tempo, mas também o criador de tipos proféticos que, na época de Luís Felipe, existiam apenas em estado embrionário, só se desenvolvendo completamente ao tempo de Napoleão III.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Marx lia com perfeição todas as línguas européias e escrevia em três: alemão, francês e inglês, causando admiração aos nativos dessas línguas. “Um idioma estrangeiro é uma arma nas lutas da vida”, dizia muitas vezes. Tinha muita facilidade em adquirir conhecimentos de qualquer idioma. Aos 50 anos, começou a estudar o russo e, ainda que esta língua nada tivesse em comum com a etimologia das línguas que conhecia, em seis meses já lia trechos de escritores e poetas russos, como Gogol, Puchkin e Chtcherín. O que o levou a aprender o russo foi o desejo de ler diretamente os documentos de comissões de inquérito oficiais cuja divulgação era proibida pelo Governo do Tzar em virtude das terríveis revelações que continham. Amigos devotados enviavam essa documentação a Marx, que, seguramente, foi o único economista da Europa Ocidental que pode conhecê-la.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Além dos poetas e romancistas, Marx tinha um modo original de se distrair a matemática. A álgebra era para ele como um conforto moral e lhe serviu de refúgio nos momentos mais difíceis e dolorosos de sua agitada existência. Durante a última enfermidade de sua mulher, foi-lhe impossível ocupar-se de seus trabalhos científicos. E o único meio que encontrou para subtrair-se à dor que lhe causava a doença da companheira foi refugiar-se no árido campo da matemática.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Foi durante esse período de sofrimentos morais que ele escreveu um trabalho sobre cálculo infinitesimal, obra de grande valor, segundo os matemáticos que a conheceram. No campo das matemáticas superiores, Marx recuperava o movimento dialético em sua forma mais lógica e mais simples. Era de opinião de que uma ciência não podia verdadeiramente desenvolver-se senão quando pudesse utilizar a matemática.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A biblioteca de Marx, que se compunha de mais de mil volumes, reunidos cuidadosamente durante uma longa vida consagrada às investigações científicas, não lhe bastava. Durante anos, foi freqüentador assíduo da biblioteca de do British Museum, em Londres, cujo extenso catálogo apreciava.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Seus próprios adversários eram obrigados a reconhecer a extensão e a profundidade de seus conhecimentos, não só na sua especialidade característica, a economia política, mas também no que se refere à história, à filosofia e à literatura universal.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ainda que se deitasse tarde da noite, levantava-se entre oito e nove da manhã, tomava café, lia os jornais e permanecia no seu gabinete de trabalho até a madrugada. Seu labor não era interrompido senão para comer e passear, de tarde, em Hampstead Heath, quando o tempo o permitia. De dia, repousava no sofá durante uma ou duas horas. Na sua juventude, passava noites inteiras entregue ao trabalho<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Para ele, o trabalho se tornou uma verdadeira paixão, a ponto de fazê-lo esquecer as refeições. Era preciso insistir para que se alimentasse. Logo que acabava de comer, atirava-se novamente ao trabalho. Comia pouco e, como tivesse pouco apetite, estimulava-o com pratos condimentados de vários modos: presunto, pescado, caviar, pepinos. A pouca atividade do estômago contrastava com a da cabeça.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Pelo cérebro, sacrificava todo o corpo. Pensar era sua maior alegria. Ouvi-o, muitas vezes, repetir as palavras de Hegel, seu mestre de filosofia dos tempos da juventude:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“Até o pensamento criminoso de um bandido é maior e mais nobre do que todas as maravilhas do céu”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Tão contínuo e extenuante era seu trabalho intelectual e esse modo de vida tão incomum que, para suportá-lo, precisava de uma constituição física privilegiada. E, de fato, Marx era solidamente construído. Estatura além da mediana, ombros largos, peito bem desenvolvido e corpo proporcional, com exceção do tronco, um pouco longo em relação às pernas, o que é muito freqüente entre os judeus. Se, na juventude, houvesse feito exercícios físicos, teria sido extraordinariamente forte. O único exercício que praticava regularmente era andar a pé. Podia ficar andando ou escalando colinas por horas inteiras, tagarelando e fumando, sem demonstrar a menor fadiga. Mesmo enquanto trabalhava, ficava andando no gabinete. Sentava por curtos momentos para anotar alguma coisa que lhe ditava o cérebro, sempre em perpétua atividade. Gostava de falar enquanto andava, parando, uma vez ou outra, ao surgir um tema interessante.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Acompanhei-o durante anos em seus passeios por Hampstead Heath. Foi percorrendo os prados que adquiri meus conhecimentos de economia. Talvez sem se dar conta disso, Marx desenvolvia perante mim o conteúdo de seu primeiro volume de</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Capital</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">na mesma ordem em que o escrevia.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Assim que voltávamos dos passeios, eu sempre fazia meu melhor esforço para anotar o que ele havia dito. No começo, eu tinha muita dificuldade em acompanhar o fio de seu pensamento, tão profundo e complexo. Infelizmente, perdi essas preciosas anotações. Depois da Comuna, a polícia apoderou-se dos papéis que eu tinha em Paris e Bordeaux.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A perda que mais lastimo é das anotações que fiz uma tarde, após ouvir, de Marx, com a riqueza de demonstrações e seu brilho peculiar, a genial teoria do desenvolvimento da sociedade humana. Como se um véu se rasgasse ante meus olhos, compreendi, pela primeira vez em minha vida, a lógica da história e as causas materiais das manifestações, aparentemente tão contraditórias, do desenvolvimento da sociedade e do pensamento humanos. Fiquei como atordoado e, durante anos, guardei a mais forte das impressões.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O mesmo efeito causei aos socialistas de Madrid, quando reconstitui, ante eles, com meus parcos recursos, essa teoria, a mais genial das teorias de Marx, uma das mais geniais, sem dúvida, que já brotou de um cérebro humano.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Marx recordava-se de uma inesgotável multiplicidade de fatos históricos e das ciências naturais, assim como de teorias filosóficas, de conhecimentos e observações amealhadas no curso de um longo trabalho intelectual e dos quais ele se servia admiravelmente. A qualquer momento, podia-se perguntar a Marx as coisas mais variadas, na certeza de que se obteriam respostas sempre oportunas. Seu cérebro era como um navio de guerra ainda no porto, mas com a caldeira em ebulição, sempre pronto a partir não importava em qual direção do oceano do pensamento.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Capital</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">revela, por certo, uma inteligência de vigor e riqueza extraordinários, mas para mim, como para todos os que conheceram Marx de perto, nem</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Capital</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">, nem outra de suas obras, refletia a envergadura de seu gênio e de seu saber, que, de fato, estava muito acima do que escreveu.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Trabalhei com ele. Apesar de não passar de um secretário a quem ele ditava os textos, pude observar sua maneira de pensar e escrever. O trabalho, para ele, era, ao mesmo tempo, fácil e difícil: fácil, porque os fatos e as idéias referentes aos temas se atropelavam em seu espírito; difícil, precisamente em razão dessa abundância de referências que embaraçava e tornava mais longa a exposição completa de suas idéias.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Dizia Vico:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“As coisas só são corpos para Deus, que tudo sabe; para os homens, que só vêm o exterior, não passam de superfícies”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Marx captava os fenômenos à maneira da divindade, à maneira de Vico. Não via apenas a dimensão superficial das coisas. Penetrava nelas, estudava todos os elementos, as ações e reações recíprocas, isolava um por um desses elementos e pesquisava-lhes a evolução e o desenvolvimento. Em seguida, passava ao estudo do meio ambiente e observava efeitos e reciprocidades. Ele remontava à origem do objeto de estudo, às transformações, evoluções e revoluções que eles haviam sofrido para alcançar, enfim, seus efeitos mais longínquos. Não se detinha no fenômeno isolado, mas relacionava-o com o ambiente. Via a complexidade do mundo em perpétua atividade.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Queria expressar toda a vitalidade desse mundo em suas ações e reações, tão variadas e em contínua transformação. Escritores da escola de Flaubert e dos Goncourt queixam-se das dificuldades que a realidade apresenta para ser refletida com exatidão. E, no entanto, o que eles pretendem fixar é apenas a dimensão superficial de que nos fala Vico, a impressão produzida pelas coisas. A atividade literária de Flaubert e dos Goncourt é simples jogo infantil comparada ao trabalho de Marx. Era preciso extraordinária potência intelectual para apreender a realidade e capacidade artística não menos extraordinária para descrevê-la.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Marx nunca estava satisfeito com o que produzia. Vivia constantemente fazendo mudanças e sempre achava que a expressão era inferior à concepção.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ele reunia as duas qualidades do pensador genial. Sabia como ninguém dissecar os diversos elementos componentes de um objeto e, descobrindo sua íntima harmonia, reconstruí-lo, depois, magistralmente, em todos o seus detalhes e formas diferentes de desenvolvimento. Suas demonstrações não se apoiavam em abstrações como o acusam os economistas incapazes de pensar. Marx não empregava o método dos geômetras que, depois de ter tirado suas definições do meio ambiente, abstraem completamente a realidade quando se trata de deduzir conseqüências. Não se encontra em</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Capital</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">uma definição única, uma fórmula única, mas sim uma série de análises extremamente criteriosas, revelando as nuanças mais sutis e até as menores diferenças.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Marx começa comprovando o fato evidente de a riqueza das sociedades em que predomina o modo de produção capitalista aparecer como uma imensa acumulação de mercadorias. A mercadoria – fato concreto e não abstração matemática – é, pois, o elemento, a célula da riqueza capitalista. Marx vira e revira a mercadoria, examina-a em todos os sentidos, penetra-lhe o interior, e, afinal, um atrás do outro, desdobra-lhe todos os segredos, dos quais os economistas oficiais não tinham a menor idéia, ainda que tais segredos sejam mais numerosos e mais profundos que os mistérios da religião católica. Depois de examinar a mercadoria em todos os seus aspectos, ele descobre a relação que se estabelece entre elas com a troca. Chega logo à produção e suas condições históricas. Estudando as diferentes formas da mercadoria, mostra como ela passa de uma a outra e como uma determina necessariamente a outra. O desenvolvimento lógico dos fenômenos está apresentado com arte tão perfeita que quase se poderia crer que Marx o inventou. E, no entanto, ele tudo deduziu e outra coisa não fez senão expressar o movimento dialético da mercadoria.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Marx sempre foi extremamente consciencioso em seus trabalhos. Não se utilizava jamais de um fato, uma cifra ou de uma data sem que se apoiasse nas fontes mais autorizadas. Não se satisfazia com informações de segunda mão, mas procurava sempre as fontes, qualquer que fosse o esforço que isso lhe custasse.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Era capaz de ir à biblioteca do British Museum para comprovar o mais insignificante fato. Seus críticos nunca puderam acusá-lo da menor inexatidão ou provar que, em alguma de suas demonstrações, se apoiasse em fatos que não resistissem ao mais rigoroso exame.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O hábito de ir às origens, levou-o a ler autores muito pouco conhecidos e por ninguém citados, a não ser por ele.</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Capital</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">contém tal quantidade dessas citações que não é de admirar ver-se alguém tentado a crer que o autor assim o fez por prazer ou vaidade de fazer brilhar seus conhecimentos. No entanto, nada mais injusto:<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“Exerço a justiça histórica”, e, dizia Marx “e dou a cada qual o que lhe pertence”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Considerou, com efeito, que era seu dever indicar o autor, por mais desconhecido ou pouco importante que fosse, que fora o primeiro a expressar uma idéia ou a fazê-lo da melhor maneira.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Sua consciência literária era tão severa quanto sua consciência científica. Não só jamais se basearia em fato de que não tivesse plena certeza, como não se permitiria abordar pontos que não tivesse estudado a fundo. Só publicava alguma coisa após refazê-la tantas vezes quantas julgasse necessário, até atingir a forma adequada. Não podia suportar a idéia de oferecer ao público um estudo insuficientemente trabalhado. Para ele, era verdadeiro martírio ser obrigado a mostrar seus manuscritos antes do último toque. Tão forte era esse sentimento, que, um dia, me disse que preferiria queimar seus manuscritos a deixá-los incompletos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Seus métodos de trabalho impunham-lhe tarefas das quais seus leitores não poderão ter a menor idéia. Assim se explica que, para escrever aquelas vinte páginas de</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Capital</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">sobre a legislação trabalhista inglesa relativa à proteção do trabalho, se obrigasse a estudar toda uma biblioteca de “livros azuis”, que continham os relatórios das comissões de inquérito e dos inspetores de fábricas da Inglaterra e da Escócia. Leu todos esses livros, do princípio ao fim, segundo se pode atestar pelos numerosos sinais a lápis que neles fez. Achava que tais informes perfilavam entre os documentos mais importantes que existiam para o estudo do regime de produção capitalista e, a propósito, tinha opinião tão elevada dos homens que os elaboraram que duvidava que se pudesse encontrar em qualquer outro país da Europa “homens tão capazes e tão imparciais quanto os inspetores de fábrica da Inglaterra”. Não lhes regateou sua estima no prefácio de</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Capital</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Foi considerável o material encontrado por Marx naqueles livros azuis. Muitos dos membros da Câmara dos Comuns, como da Câmara dos Lordes, para os quais eram distribuídos, não utilizavam esses livros a não ser, por assim dizer, como alvos, sobre os quais atiravam, para medir, conforme o número de páginas que a bala atravessasse, a força de percussão da arma. Houve quem vendesse tais livros a peso. Foi o melhor que fizeram, pois permitiram a Marx, pelo menos, comprá-los a baixo preço na casa de um comerciante de Long Acre, onde costumava ir de tempos em tempos para passar em revista livros e papeladas. Dizia o professor Beesly que Marx era o homem que mais utilizara os inquéritos oficiais da Inglaterra, oferecendo-os ao conhecimento do mundo. Beesly dizia isso porque, sem dúvida, não sabia que, antes de 1845, Engels extraíra numerosos documentos dos livros azuis, com que enriqueceu sua obra sobre a situação da classe operária na Inglaterra.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; margin-bottom: 16.8pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 24.0pt; mso-outline-level: 3; text-align: center;"><b><span style="color: #333333; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Lucida Sans Unicode"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">II<o:p></o:p></span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Para conhecer e amar o coração que batia no nobre peito do sábio, era preciso vê-lo, nas tardes de domingo, quando, fechados os livros e cadernos, ficava entre os seus, rodeado de amigos. Nesses momentos, revelava-se o companheiro mais agradável que se podia imaginar. Estava sempre disposto a rir, cheio de alegria e bom humor. Seus olhos negros, sombreados por espessas sobrancelhas, brilhavam de contentamento e jovial ironia, toda vez que ouvia uma boa frase espirituosa ou alguma réplica pertinente.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Era pai doce, terno e indulgente. “Os filhos deviam educar os pais”, costumava dizer. Nunca fez sentir aos filhos, que o amavam com loucura, a mais insignificante partícula de autoridade. Não lhes dava ordens, mas pedia-lhes as coisas por obséquio, persuadindo-os a não fazer aquilo que fosse contrário aos seus desejos. Apesar disso, era obedecido como poucos pais o seriam. Suas filhas viam nele um amigo e o tratavam com camaradagem. Não o chamavam de “pai”, mas sim de “Mouro”, apelido que lhe haviam dado por causa de sua cor mate, de sua barba e cabelos negros. Em compensação, desde antes de 1848, os membros da Liga dos Comunistas chamavam-no de “pai Marx”, apesar de ele ainda não ter 30 anos nessa época.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Muitas vezes acontecia passar horas inteiras brincando com as filhas. Elas não esqueciam as batalhas navais travadas dentro de um barril, com os incêndios de frotas inteiras de barcos de papel, que Marx construía e queimava, com enorme entusiasmo das pequenas.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Suas filhas não lhe permitiam trabalhar aos domingos. Era um dia reservado para elas. Quando fazia bom tempo, toda a família ia passear no campo. Detinham-se nas pousadas do caminho para beber cerveja de gengibre e comer pão e queijo. Quando as filhas eram pequenas, procurava distraí-las, durante o passeio, contando-lhes intermináveis histórias de fadas, para que o caminho lhes parecesse mais curto. O próprio Marx inventava tais estórias enquanto andavam, que se tornavam mais longas na razão direta da extensão do caminho. De maneira que as meninas, atentas aos contos, esqueciam as fadigas.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Marx possuía incomparável veia poética. Foram poesias os seus primeiros trabalhos literários. Sua mulher guardava, cuidadosamente, as obras que ele traçara na mocidade. Porém, não as mostrava a ninguém. Os pais de Marx haviam sonhado encaminhar o filho na carreira de homem de letras e de professor. Eles estimavam que Marx estava reduzindo suas possibilidades ao consagrar suas energias à agitação socialista e ao estudo de economia política, ciência, na época, muito pouco admirada na Alemanha.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Marx prometeu às filhas que lhes escreveria um drama sobre os Gracos. Infelizmente, não pôde cumprir a palavra. Seria interessante ver como ele, a quem chamavam “o cavaleiro da luta de classes”, trataria aquele trágico e grandioso episódio da luta de classes do mundo antigo. Marx alimentou grande números de projetos que não pôde realizar. Propunha-se, por exemplo, escrever uma</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Lógica</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">e uma</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">História da Filosofia</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">, que haviam sido, quando jovem, seus estudos favoritos. Precisaria viver cem anos para executar seus projetos literários e dar ao mundo uma parte dos inumeráveis tesouros guardados em seu cérebro.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Durante toda sua vida, sua mulher foi uma companheira na verdadeira acepção da palavra. Conheceram-se crianças e cresceram juntos. Marx ainda tinha 17 anos, quando ficaram noivos. Tiveram que esperar nove anos para se casar, o que fizeram em 1843, não se separando mais desde então. A senhora Marx morreu pouco tempo antes do marido. Embora nascida e educada no seio de uma família de aristocratas alemães, ninguém mais do que ela tinha o sentimento da igualdade. Não existiam para ela diferenças ou categorias sociais.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Em sua casa e à sua mesa, recebia e fazia sentar operários com suas roupas de trabalho, tratando-os com a mesma cortesia com que trataria um príncipe. Grande número de operários, de todos os países, gozaram de sua amável hospitalidade e, hoje, estou mesmo persuadido de que nenhum deles jamais desconfiou que quem os recebia com tanta simplicidade e franca cordialidade descendia, pelo lado materno, da família dos duques de Argyll, e que seu irmão fora ministro do rei da Prússia. Ela abandonara tudo para acompanhar o seu Marx e nunca, mesmo nos dias da mais extrema miséria, lamentou o que fizera.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Seu espírito era vivo e jovial. Manejava a pena com facilidade. As cartas que escreveu aos seus amigos são verdadeiras obras de arte e revelam originalidade e vivacidade espiritual. Receber uma carta da senhora Marx era uma felicidade. Jean-Philippe Becker publicou muitas delas. Henri Heine, o impiedoso satírico, se temia a ironia de Marx, era, por outro lado, grande admirador da inteligência fina e penetrante da mulher. Na época em que o casal Marx vivia em Paris, Heine visitava-o com assiduidade. Marx tinha opinião tão elevada a respeito da inteligência e do espírito crítico da mulher, que – dizia-me em 1866 – sempre a punha a par de seus escritos e dava grande valor às suas observações. Era a senhora Marx quem passava a limpo os manuscritos de Marx, preparando-os para a impressão.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A senhora Marx teve muitos filhos. Três deles morreram na infância, durante o período de privações que a família atravessou depois da revolução de 1848, quando, refugiada em Londres, teve que se abrigar nos casebres de Dean Street, perto de Soho Square. Eu só conheci as três filhas. Quando, em 1865, fui, pela primeira vez, apresentado em casa de Marx, Leonor, a mais moça, que se tornou a senhora Aveling, era uma jovem encantadora, com temperamento de rapaz. Marx costumava dizer que a esposa se equivocara quanto ao sexo dessa filha, ao apresentá-la ao mundo como mulher. As outras moças constituíam o mais belo e harmonioso contraste que se possa imaginar. A mais velha, a senhora Longuet, tinha, como o pai, a cor mate e negríssimos cabelos e olhos. A segunda, senhora Lafargue, era loura e tinha a pele clara. Sua opulenta cabeleira brilhava como se, nela, o Sol fizesse seu ocaso; parecia-se muito com a mãe.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Além das pessoas a que acabamos de nos referir, a família Marx contava com mais uma pessoa importante: a senhorita Helena Demuth. Procedia de uma família de camponeses e era bem nova quando entrou para o serviço da senhora Marx, ainda muito antes de ela se casar. Helena Demuth não quis abandonar a patroa mesmo depois do matrimônio com Marx. Era tão devotada à família Marx que esquecia de si mesma. Acompanhou a senhora Marx e seu marido por todas as suas viagens pela Europa e compartilhou das expulsões e vicissitudes.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ela era o gênio bom da casa e sabia atravessar as situações mais difíceis. Graças à sua habilidade e medidas de ordem e economia, a família Marx não se viu obrigada a privar-se do mínimo necessário à existência. Sabia fazer tudo: cozinhava, arrumava a casa, vestia as crianças, costurava com o auxílio da senhora Marx. Era, ao mesmo tempo, a economista e a governanta da casa que dirigia. As meninas queriam-na como segunda mãe e Helena, por sua vez, exercia sobre elas uma autoridade maternal, porque lhes tinha uma afeição maternal. A senhora Marx tratava Helena como amiga íntima, e Marx tinha por ela especial consideração: disputavam partidas de xadrez, as quais Marx, muitas vezes, perdia.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A dedicação de Helena para com a família Marx era cega. Tudo que os Marx faziam estava certo e nada a convencia do contrário. Quem criticasse Marx já podia contar com a inimizade de Helena, como podia contar com sua maternal proteção quem merecesse as simpatias da família. Tutelava, por assim dizer, toda a família Marx. Helena sobreviveu ao casal. Em seguida, passou a trabalhar na casa de Engels, a quem conhecera na mocidade e a quem dedicava o afeto que sentia pelos Marx.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Por outro lado, Engels era como um ramo da família Marx, cujas filhas chamavam-no de segundo pai. Era o</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">alter ego</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">de Marx. Durante muito tempo, esses dois nomes gloriosos, que a história reunirá para sempre, viveram ligados na Alemanha. Realizaram os dois, em nosso século, essa amizade ideal que os poetas antigos celebravam. Desde a juventude se desenvolveram juntos e paralelamente, vivendo na mais íntima comunhão de idéias e sentimentos. Participaram da mesma agitação revolucionária e, tanto tempo quanto puderam, permaneceram e trabalharam juntos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Seria provável que trabalhassem em comum a vida inteira, se os acontecimentos não os obrigassem a viver separados cerca de vinte anos. Depois do fracasso da revolução de 1848, Engels viu-se forçado a seguir para Manchester, enquanto Marx era obrigado a permanecer em Londres.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Continuaram, entretanto, a comunicar-se quase diariamente, emitindo opiniões sobre o que ia acontecendo, política e economicamente, assim como dando conta de sua atividade intelectual. Logo que foi possível, Engels trocou Manchester por Londres, passando a morar a uma distância de apenas dez minutos da casa de Marx. E, desde 1870 até a morte do amigo, Engels não passou um só dia em que não o visse e, cada um, alternadamente, era encontrado na casa do outro.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">No dia em que Engels anunciou sua vinda para Londres, houve verdadeira festa na casa de Marx. Não se falou noutra coisa muito tempo antes e muito tempo depois de sua chegada. Marx ficou tão impaciente que nem podia trabalhar. Os dois permaneceram a noite inteira bebendo e fumando, sendo pouco o tempo para contarem reciprocamente os fatos ocorridos desde a data em que haviam se separado.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A opinião de Engels estava, para Marx, acima de qualquer outra, pois era o único homem que considerava com capacidade de ser seu colaborador. Para ele, Engels era uma audiência completa. Para persuadi-lo, para ganhá-lo para suas idéias, nenhum trabalho lhe parecia demasiado longo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Vi-o, uma vez, revolvendo livros e manuseando-os, de ponta a ponta, até encontrar referência a certos fatos, que eram necessários exumar, para modificar a opinião de Engels no que se referia a um ponto sem importância, de que já me esqueci, da cruzada política e religiosa dos albigenses. Para Marx, era um triunfo conquistar a aquiescência de Engels.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Marx orgulhava-se do amigo. Descrevia-me com satisfação todas as qualidades morais e intelectuais de Engels. Levou-me a Manchester exclusivamente para me apresentá-lo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Enchia-se de admiração pela extraordinária variedade de conhecimentos científicos de Engels. Estava sempre a temer que o amigo fosse vítima de algum acidente.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">“Tenho medo”, dizia-me, “que lhe ocorra alguma desgraça, durante uma dessas caçadas em que tão apaixonadamente toma parte e que o levam a cavalgar e transpor os campos a galope.”<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Marx era tão bom amigo quanto esposo e pai. Mas é preciso também dizer que ele teve a felicidade de encontrar na mulher, nas filhas, em Helena e em Engels criaturas que mereciam ser amadas por um homem como ele.<o:p></o:p></span></div><div align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; margin-bottom: 16.8pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 24.0pt; mso-outline-level: 3; text-align: center;"><b><span style="color: #333333; font-family: "Georgia","serif"; font-size: 11.5pt; mso-bidi-font-family: "Lucida Sans Unicode"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">III<o:p></o:p></span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Marx, que começara como um dos chefes da burguesia radical, viu-se, logo após, abandonado, no momento em que sua oposição se tornou decisiva, e tratado como inimigo desde que se tornou comunista. Depois de o insultarem, caluniarem e expulsarem de sua terra natal, organizaram contra ele e seus trabalhos a conspiração do silêncio. O</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">18 Brumário</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">, que demonstrou que, de todos os historiadores e homens políticos do ano de 1848, Marx foi o único que compreendeu e expôs claramente as verdadeiras causas e conseqüências do golpe de Estado de 2 de dezembro de 1851, permaneceu completamente ignorado. Nenhum só jornal burguês noticiou o aparecimento desse trabalho, apesar de sua atualidade.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O mesmo aconteceu com</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Miséria da Filosofia</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">, resposta à</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Filosofia da Miséria</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">, de Proudhon, assim como com a</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Crítica da Economia Política</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">. Mas essa conspiração do silêncio, que durou quinze anos, não deu em nada com a criação da Internacional e o aparecimento do primeiro volume do</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Capital</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">. A partir dessa ocasião, Marx não podia mais ser ignorado. A Internacional progredia incessantemente e o eco de seus atos repercutiam no mundo inteiro. Marx se colocara em último plano, deixando outros ocuparem a cena principal, mas logo se descobriu que era ele o verdadeiro dirigente e criador de tudo aquilo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Na Alemanha, fundara-se o Partido Social Democrata, que cresceu rapidamente, a ponto de se transformar numa força que Bismarck se esforçou por conquistar, antes de passar à repressão. Schweizer, o partidário de Lassalle, publicou uma série de artigos muito apreciados por Marx e por meio dos quais</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Capital</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">se tornou conhecido do público proletário. Por proposta de Jean-Phillippe Becker, o Congresso da Internacional decidiu chamar a atenção dos socialistas de todos os países sobre</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Capital</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">, que ele chamava de “Bíblia da classe operária”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Depois da insurreição de 18 de março de 1871, em que se quis ver o dedo da Internacional, e depois da derrota da Comuna de Paris, que o Conselho Geral da Internacional defendeu contra a campanha de calúnias da imprensa burguesa de todos os países, o nome de Marx tornou-se célebre em todo o mundo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Ele foi, então, reconhecido como o teórico irrefutável do socialismo científico e como o organizador do primeiro movimento operário internacional.</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Capital</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">tornou-se o livro obrigatório dos socialistas de todos os países. Todos os jornais socialistas e os operários popularizaram seus ensinamentos. Na América, durante uma greve monstro em Nova York, publicaram-se trechos sob a forma de panfletos para encorajar os operários a resistir e para lhes demonstrar a justeza de suas reivindicações.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Capital</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">foi traduzido para as principais línguas européias: russo, francês e inglês. Publicaram-se resumos em alemão, italiano, francês, espanhol e holandês. Toda vez que, na Europa ou na América, os adversários da teoria de Marx tentavam refutar suas teses, os economistas-socialistas encontravam, imediatamente, a resposta adequada com que lhes fechavam a boca.</span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O Capital</span></i><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">é, hoje, realmente, aquilo que o Congresso da Internacional designava por “Bíblia operária”.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Os cuidados que Marx dedicava ao movimento socialista não lhe davam folga para levar adiante sua atividade científica. A morte da mulher e da filha mais velha, a senhora Longuet, exerceu influência funesta para a marcha de seus trabalhos.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Era profundo o afeto que Marx sentia pela esposa, cuja beleza lhe fora motivo de orgulho e alegria e cuja bondade e espírito de sacrifício o haviam ajudado a suportar as privações materiais, eterna companheira de sua agitada vida de socialista revolucionário. A enfermidade, que acabou levando a vida da senhora Marx, também terminou por abreviar os dias do marido. Durante o tempo em que durou aquela longa e dolorosa doença, Marx, esgotado pelas emoções, vigílias, falta de ar e de exercícios, contraiu uma bronquite que quase o levou.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A senhora Marx faleceu a 2 de dezembro de 1881, comunista e materialista, como ela foi durante a vida. Não se assustou com a morte. Quando sentiu que se aproximava o fim, exclamou: “Karl, as forças me abandonam”. Essas foram suas últimas palavras. Foi sepultada, a 5 de dezembro, no cemitério de Highgate, na seção dos “malditos” (unconsacrated ground, terra profana). De acordo com os hábitos de toda sua vida, em concomitância com os de Marx, evitaram-se solenidades no enterro. Só alguns amigos íntimos acompanharam os restos mortais à sua última morada. Antes de descer o caixão, Engels, o velho e querido amigo de Marx, pronunciou um discurso à beira do túmulo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 19.2pt; mso-margin-bottom-alt: auto; mso-margin-top-alt: auto; text-align: justify;"><span style="color: #333333; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Desde a morte de sua companheira, a vida de Marx não foi mais que uma cadeia de sofrimentos físicos e morais, que suportou estoicamente e que se agravaram ainda mais com a morte da filha mais velha, a senhora Longuet, morte essa sobrevinda repentinamente, um ano mais tarde. Desde esse momento, Marx perdeu de vez a saúde. Morreu, em sua mesa de trabalho, a 14 de março de 1883, com 65 anos de idade.<o:p></o:p></span></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-67284707727493362592011-05-29T14:33:00.000-03:002011-05-29T14:33:17.002-03:00Belíssima entrevista de Eduardo Galeano<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><object width="320" height="266" class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://3.gvt0.com/vi/w8rOUoc_xKc/0.jpg"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/w8rOUoc_xKc&fs=1&source=uds" /><param name="bgcolor" value="#FFFFFF" /><embed width="320" height="266" src="http://www.youtube.com/v/w8rOUoc_xKc&fs=1&source=uds" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object></div><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><b>Pequeno trecho da entrevista:</b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #333333; line-height: 19px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"></span></span><br />
<div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-style: initial; border-top-width: 0px; color: #333333; font-weight: inherit; line-height: 23px; margin-bottom: 1.7em; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; outline-color: initial; outline-style: initial; outline-width: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; vertical-align: baseline;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><i><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12px; font-style: normal; line-height: 19px;"><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-style: initial; border-top-width: 0px; color: #333333; font-family: inherit; font-size: 14px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 23px; margin-bottom: 1.7em; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; outline-color: initial; outline-style: initial; outline-width: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; vertical-align: baseline;"><em style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-family: inherit; font-style: italic; font-weight: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; outline-color: initial; outline-style: initial; outline-width: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; vertical-align: baseline;">O medo ameaça: se você ama, terá Aids.</em></div><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-style: initial; border-top-width: 0px; color: #333333; font-family: inherit; font-size: 14px; font-weight: inherit; line-height: 23px; margin-bottom: 1.7em; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; outline-color: initial; outline-style: initial; outline-width: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; vertical-align: baseline;"><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-style: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><em style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-family: inherit; font-style: italic; font-weight: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; outline-color: initial; outline-style: initial; outline-width: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; vertical-align: baseline;">Se fuma, terá câncer.</em></div><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-style: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><em style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-family: inherit; font-style: italic; font-weight: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; outline-color: initial; outline-style: initial; outline-width: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; vertical-align: baseline;">Se respira, terá contaminação.</em></div><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-style: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><em style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-family: inherit; font-style: italic; font-weight: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; outline-color: initial; outline-style: initial; outline-width: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; vertical-align: baseline;">Se bebe, terá acidentes.</em></div><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-style: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><em style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-family: inherit; font-style: italic; font-weight: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; outline-color: initial; outline-style: initial; outline-width: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; vertical-align: baseline;">Se come, terá colesterol.</em></div><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-style: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><em style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-family: inherit; font-style: italic; font-weight: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; outline-color: initial; outline-style: initial; outline-width: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; vertical-align: baseline;">Se fala, terá desemprego.</em></div><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-style: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><em style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-family: inherit; font-style: italic; font-weight: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; outline-color: initial; outline-style: initial; outline-width: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; vertical-align: baseline;">Se caminha, terá violência.</em></div><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-style: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><em style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-family: inherit; font-style: italic; font-weight: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; outline-color: initial; outline-style: initial; outline-width: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; vertical-align: baseline;">Se pensa, terá angústia.</em></div><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-style: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><em style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-family: inherit; font-style: italic; font-weight: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; outline-color: initial; outline-style: initial; outline-width: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; vertical-align: baseline;">Se duvida, terá loucura.</em></div><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-style: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><em style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-family: inherit; font-style: italic; font-weight: inherit; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; outline-color: initial; outline-style: initial; outline-width: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; vertical-align: baseline;">Se sente, terá solidão.</em></div></div><div style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-style: initial; border-top-width: 0px; color: #333333; font-family: inherit; font-size: 14px; font-style: inherit; font-weight: inherit; line-height: 23px; margin-bottom: 1.7em; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; outline-color: initial; outline-style: initial; outline-width: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; vertical-align: baseline;">Em um dos meus livros eu citei uma frase dele, dizendo que era dele e as pessoas atribuem ela a mim. Pobre Fernando, mas é dele. Estávamos juntos em Cartagena das Índias, a belíssima cidade colombiana, e fizemos uma palestra juntos na universidade. E no final, um dos estudantes se levantou e perguntou pra ele, não para mim: “Para que serve a utopia?”. E ele respondeu da melhor forma, eu nunca escutei uma resposta melhor. Ele disse que se fazia essa pergunta todos os dias, ‘para que servia a utopia’, se é que a utopia servia para alguma coisa. Ele disse: “Vejam bem, a utopia está no horizonte, e se está no horizonte eu nunca vou alcançá-la porque, se caminho dez passos, a utopia vai se distanciar dez passos. E se caminho vinte passos, a utopia vai se colocar vinte passos mais além, ou seja, eu sei que jamais vou alcançá-la. <strong style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-style: initial; border-top-width: 0px; font-family: inherit; font-style: inherit; font-weight: bold; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; outline-color: initial; outline-style: initial; outline-width: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px; vertical-align: baseline;">Para que serve? Para isso, para caminhar</strong>”.</div></span></i></span></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-51312962480698533662011-05-29T14:26:00.000-03:002011-05-29T14:26:28.489-03:00Quem quer ser professor?<div id="texto_conteudo" style="color: #333333; font-family: 'Lucida Sans Unicode'; font-size: 11px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; text-align: left;"><div id="texto_subtitulo" style="color: #2a2a2a; font-size: 12px; margin-right: 15px; text-align: justify; text-indent: 0px;"><span style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><font: "tahoma"="" style="color: #005100; font-size: 12px; line-height: 19px; margin-right: 15px;"><strong>Por: Tory Oliveira - Fonte Site Controvérsia</strong></font:></span></div><div id="texto" style="color: #5d5d5d; font-size: 12px; line-height: 19px; margin-right: 15px; text-indent: 0%;"><div align="left"><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><a href="http://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2011/04/Professoras.jpg" style="color: green; font-family: 'Lucida Sans Unicode'; font-size: 12px; text-decoration: none;"><img alt="" height="323" src="http://www.cartacapital.com.br/wp-content/uploads/2011/04/Professoras.jpg" style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; vertical-align: middle;" title="Quem quer ser professor?" width="457" /></a> </div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Você é louca!” “É tão inteligente, sempre gostou de estudar, por que desperdiçar tudo com essa carreira?” Ligia Reis (foto a dir.), de 23 anos, ouviu essas e outras exclamações quando decidiu prestar vestibular para Letras, alimentada pela ideia de se tornar professora na Educação Básica. Nas conversas com colegas mais velhos de estágio, no curso de História, Isaías de Carvalho, de 29 anos, também era recebido com comentários jocosos. “Vai ser professor? Que coragem!” Estudante de um colégio de classe média alta em São Paulo, Ana Sordi (foto a esq.), de 18 anos, foi a única estudante de seu ano a prestar vestibular para Pedagogia. E também ouviu: “Você vai ser pobre, não vai ter dinheiro”. Apesar das críticas, conselhos e reclamações, Ligia, Isaías e Ana não desistiram. No quinto ano de Letras na USP, Ligia hoje trabalha como professora substituta em uma escola pública de São Paulo. Formado em História pela Unesp e no quarto ano de Pedagogia, Isaías é professor na rede estadual na cidade de São Paulo. No segundo ano de Pedagogia na USP, Ana acompanha duas vezes por semana os alunos do segundo ano na Escola Viva.</div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Quando os três falam da profissão, é com entusiasmo. Pelo que indicam as estatísticas, Ligia, Isaías e Ana fazem parte de uma minoria. Historicamente pressionados por salários baixos, condições adversas de trabalho e sem um plano de carreira efetivo, cursos de Pedagogia e Licenciatura – como Português ou Matemática – são cada vez menos procurados por jovens recém-saídos do Ensino Médio. Em sete anos, nos cursos de formação em Educação Básica, o núsmero de matriculados caiu 58%, ao passar de 101.276 para 42.441.</div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Atrair novas gerações para a carreira de professor está se firmando como um dos maiores desafios a ser enfrentado pela Educação no Brasil. Não por acaso, a valorização do educador é uma das principais metas do novo Plano Nacional de Educação. Uma olhadela na história da educação mostra que não é de hoje que a figura do professor é institucionalmente desvalorizada. “Há textos de governadores de província do século XIX que já falavam que ia ser professor aquele que não sabia ser outra coisa”, explica Bernardete Gatti, da Fundação Carlos Chagas, coordenadora da pesquisa Professores do Brasil: Impasses e desafios. No entanto, entre as décadas de 1930 e 1950, a figura do professor passou a ter um valor social maior. Tal perspectiva, porém, modificou-se novamente a partir da expansão do sistema de ensino no Brasil, que deixou de atender apenas a elite e passou a buscar uma universalização da educação. Desordenada, a expansão acabou aligeirando a formação do professor, recrutando muitos docentes leigos e achatando brutalmente os salários da categoria como um todo.</div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong>Raio X</strong></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Encomendada pela Unesco, a pesquisa Professores do Brasil: Impasses e desafios revelou que, em geral, o jovem que procura a carreira de professor hoje no Brasil é oriundo das classes mais baixas e fez sua formação na escolas públicas. Segundo dados do questionário socioeconômico do Enade de 2005, 68,4% dos estudantes de Pedagogia e de Licenciatura cursaram todo o Ensino Médio no setor público. “De um lado, você tem uma -implicação muito boa. São jovens que estão procurando ascensão social num projeto de vida e numa profissão que exige uma formação superior. Então, eles vêm com uma motivação muito grande.”</div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">É o caso de Fernando Cardoso, de 26 anos. Professor auxiliar do quinto ano do Ensino Fundamental da Escola Viva, Fernando é a primeira pessoa de sua família a completar o Ensino Superior. Sua primeira graduação, em Educação Física, foi bastante comemorada pela família de Mogi-Guaçu, interior de São Paulo. O mesmo aconteceu quando ele resolveu cursar a segunda faculdade, de Pedagogia.</div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Entretanto, pondera Bernardete, grande parte desse contingente também chega ao Ensino Superior com certa “defasagem” em sua formação. A pesquisadora cita os exemplos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que revela resultados muito baixos, especialmente no que diz respeito ao domínio de Língua Portuguesa. “Então, estamos recebendo nas licenciaturas candidatos que podem ter dificuldades de linguagem e compreensão de leitura.”</div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Segundo Bernardete, esse é um efeito duradouro, uma vez que a universidade, de forma geral, não consegue suprir essas deficiências. Para Isaías Carvalho, esta é uma visão elitista. “Muitos professores capacitados ingressam nas escolas e estão mudando essa realidade. Esse discurso acaba jogando toda a culpa nos professores”, reclama.</div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Desde 2006, Isaías Carvalho trabalha como professor do Ensino Fundamental II e Ensino Médio em uma escola estadual em São Paulo. Oriundo de formação em escolas públicas, Isaías também é formado pelo Senai e chegou a trabalhar como técnico em refrigeração. Só conseguiu passar pelo “gargalo do vestibular” por causa do esforço de alguns professores da escola em que estudava na Vila Prudente, zona leste de São Paulo. Voluntariamente, os professores davam aulas de reforço pré-vestibular de graça para os alunos, nos fins de semana. “Os alunos se organizavam para comprar as apostilas”, lembra. Foi durante uma participação como assistente de um professor na escola de japonês em que estudava que Antônio Marcos Bueno, de 21 anos, resolveu tornar-se professor. “Um sentimento único me tocou”, exclama. Em busca do objetivo, saiu de Manaus, onde morava, e mudou-se para São Paulo. Depois de quase dois anos de cursinho pré-vestibular, Antônio Marcos está prestes a se mudar para a cidade de Assis, no interior do Estado, onde vai cursar Letras, com habilitação em japonês.</div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Entretanto, essa visão enraizada na cultura brasileira de que ser professor é uma missão ou vocação – e não uma profissão – acaba contribuindo para a desvalorização do profissional. “Socialmente, a representação do professor não é a de um profissional. É a de um cuidador, quase um sacerdote, que faz seu trabalho por amor. Claro que todo mundo tem de ter amor, mas é preciso aliar isso a uma competência específica para a função, ou seja, uma profissionalização”, resume Bernardete.</div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong>Contra a corrente</strong></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Ainda assim, o idealismo e a vontade de mudar o mundo ainda permanecem como fortes componentes na hora de optar pelo magistério. Anderson Mizael, de 32 anos, teve uma trajetória diferente da maioria dos seus colegas da PUC-SP. Criado na periferia de São Paulo, Anderson sempre estudou em escolas públicas. Adulto, trabalhou durante cinco anos como designer gráfico antes de resolver voltar a estudar. Bolsista do ProUni, que ajuda a financiar a mensalidade, Anderson é um dos poucos do curso de Letras que almejam a posição de professor de Literatura. “Eu tenho esse lado social da profissão. O ensino público está precisando de bons professores, de gente nova”, explica ele, que acaba de conseguir o primeiro estágio em sala de aula, em uma escola no Campo Limpo, zona sul da capital. Ana, que hoje trabalha em uma escola de elite, sonha em dar aula na rede pública. “São os que mais precisam.” “Eu sempre quis ser professora, desde criança”, arremata Ligia.</div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">A empolgação é atenuada pela realidade da escola – com as já conhecidas salas lotadas, falta de material e muita burocracia. Ligia Reis reclama. “Cheguei, ganhei um apagador e só. Não existe nenhum roteiro, nenhum amparo”, conta. “Às vezes, você é um ótimo professor, tem várias ideias, mas a escola não ajuda em nada”, desabafa. Ligia também conta que, para grande parte de seus colegas de graduação, dar aula é a última opção. “A maioria quer ser tradutor ou trabalhar em editoras. É um quadro muito triste.”</div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Como constatou Ligia, de forma geral, jovens oriundos de classes mais favorecidas, teoricamente com uma formação mais sólida e maior bagagem cultural, acabam procurando outros mercados na hora de escolher uma profissão. “Eles procuram carreiras que oferecem perspectivas de progresso mais visíveis, mais palpáveis”, explica Bernardete. Um dos motivos que os jovens dizem ter para não escolher a profissão de professor é que eles não veem estímulo no magistério e os salários são muito baixos, em relação a outras carreiras possíveis. “Meu avô disse para eu prestar Farmácia, que estava na moda”, lembra Ana.</div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">A busca pela valorização da carreira de professor passa também, mas não somente, por políticas de aumento salarial. Além de pagar mais, é preciso que o magistério tenha uma formação mais sólida e, principalmente, um plano de carreira efetivo. “Um plano em que o professor sinta que pode progredir salarialmente, a partir de alguns quesitos. Mas que ele, com essa dedicação, possa vir a ter uma recompensa salarial forte”, conclui a pesquisadora.</div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Anderson, Ligia, Ana, Isaías, Antônio e Fernando torcem para que essa perspectiva se torne realidade. “Eu acho que, felizmente, as pessoas estão começando a tomar consciência do papel do professor. É uma profissão que, no futuro, vai ser valorizada”, torce Anderson. “É uma profissão, pessoalmente, muito gratificante.” “Às vezes, eu chego à escola morta de cansaço, mas lá esqueço tudo. É muito gostoso”, conta Ana.</div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"></div></div></div></div><div align="right" style="color: #333333; font-family: 'Lucida Sans Unicode'; font-size: 11px;"><br />
<span style="color: #666666; font-size: 12px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 15px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Fonte: http://www.cartacapital.com.br</span></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-26835815381800718462011-05-29T14:16:00.004-03:002011-06-04T23:34:54.430-03:00Resumo do prólogo de J. P. Netto sobre "Para a questão judaica"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2fBPh2yt-wxKM9GasbuuCoE-Xfv-WdF78SizyYnUFZQMvtSEt4Csimc4VeZqPC9N8isJq85fxjg2Ojdwrsabx4QVGlOpQI05APFtoRPPhi2HmrgiYinS_Cs5IHLNLqlBu4DI717qstNVn/s1600/marx_karl-obras-291x300.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi2fBPh2yt-wxKM9GasbuuCoE-Xfv-WdF78SizyYnUFZQMvtSEt4Csimc4VeZqPC9N8isJq85fxjg2Ojdwrsabx4QVGlOpQI05APFtoRPPhi2HmrgiYinS_Cs5IHLNLqlBu4DI717qstNVn/s1600/marx_karl-obras-291x300.jpg" /></a></div><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br />
</span><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Por: Albani de Barros</span></b><br />
<b><br />
</b><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 16px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"> A primeira do século XIX na Alemanha, é marcada por uma situação econômica, social e política que Netto (2009) descreve como sendo a “miséria alemã”. Alguns aspectos caracterizavam essa situação, além da pobreza material que assolava intensamente a massa da população, o incipiente desenvolvimento das forças produtivas; caracterizado pela baixa industrialização do país, principalmente se comparado com Inglaterra e França; o perfil econômico ainda essencialmente rural e a incapacidade da burguesia alemã de se colocar em posição hegemônica naquele momento histórico, eram os aspectos que assinalavam a “miséria alemã”. Contudo, tal qual Netto descreve, o aspecto mais profundo e íntimo dessa situação “era o atraso das suas instituições sociopolíticas” (2009, p. 10).</span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"> Nesse quadro, a questão da religião era tomada como um dos aspectos nodais do debate filosófico da Alemanha de então, visto que o Estado prussiano ainda mantinha restrições para os judeus, se caracterizando como um Estado não laico, guardando ainda típicos traços do período feudal.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"> Do ponto de vista político na Alemanha, o reinado de Frederico Guilherme III, demonstrava um forte interesse na manutenção da ordem feudal e na defesa dos interesses ligados a velha ordem, inclusive com repressão “as tendências democratizantes e liberais e combatendo os projetos que apontavam para uma Alemanha unificada sob bases constitucionais” (Ibidem, p. 11). A condução das instituições sociopolíticas na Alemanha seguia num caminho de oposição e bloqueio aos processos revolucionários típicos de matriz burguesa, ocorridos na Inglaterra e principalmente na França. O fato é que, se o Estado alemão colocava obstáculos a realização dos interesses burgueses, a burguesia alemã também se mostrava incompetente para impor sua vontade e realizar seus interesses. A oposição de Frederico Guilherme aos avanços constitucionais ganhara força na medida em que a burguesia alemã era ineficiente na condução de seu projeto político.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">A oposição intelectual: a esquerda hegeliana.</span></span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"> A oposição ao regime político alemão não encontrava ressonância entre o proletariado, visto que esse ainda era um grupo incipiente em razão da revolução industrial na Alemanha não ter avançado tão firmemente tal qual ocorrera na França e mais ainda na Inglaterra. Já a burguesia prussiana, como já relatada, demonstrava uma enorme incapacidade de enfrentamento às forças da velha ordem. Dessa forma, a crítica a esse regime prussiano comandao por Frderico Guilherme não fora efetivada nem pelo movimento operário, nem pela burguesia, entre os anos de 1830 e 1840, tal crítica foi conduzida pela jovem intelectualidade alemã (NETTO, 2009). </span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"> Netto (Ibidem) comenta de forma pertinente que a “miséria alemã” não impediu que ocorresse “um extraordinário acúmulo intelectual e filosófico e literário” (Ibidem, p. 13), entre os seculos XVIII e XIX, expressos em diversos expoentes intelectuais de origem alemã, dos quais podemos mencionar Kant, Goethe, Schiller e Hegel, apenas para citar alguns.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"> Entre esses expoentes teóricos, são as concepções hegelianas aquelas que irão influenciar o pensamento da jovem intelectualidade que fará a crítica a condução política da Alemanha ao final da primeira metade do século XIX, é a chamada esquerda hegeliana. É bem verdade que tais concepções não tinham uma unidade homogênea, Engels relata que: “O conjunto da doutrina de Hegel dava bastante margem [...] a que nela se abrigassem as mais diversas idéias partidárias práticas” (ENGELS, apud NETTO, 2009, p. 13).</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"> Conforme esclarece Netto (2009), a cisão fundamental ocorria em razão de uma dualidade na interpretação das idéias de Hegel. De um lado, uma corrente de intelectuais compreendia o sistema hegeliano pela aceitação do Estado como o elemento racional e universal, representando o fim da história, estes eram tidos como a direita hegeliana. Do outro lado, aqueles que também partindo das teses de Hegel, principalmente de seu método, compreendiam que o movimento da história não teria fim com o Estado, esses seriam chamados de a esquerda hegeliana.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"> Os jovens hegelianos fizeram sua critica a “miséria alemã”, e inicialmente incorporaram um discurso liberal as suas teorias, entre esses intelectuais, está Arnold Ruge, ao qual Marx fará uma dura crítica no final da década de 1840 no seu texto “Glosas Críticas”. Contudo, o principal expoente da intelectualidade jovem alemã na década de 1830 e inicio da década seguinte será Bruno Bauer. O próprio Marx fará uma aproximação com Bauer, que ocorre, conforme relata Netto (2009), no inverno de 1838-1839, estabelecendo com Bauer laços de amizade e principalmente respeito, contudo, tal qual poderemos ver, também de crítica as suas idéias.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Os caminhos de Bauer</span></span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"> Bauer era professor de teologia na Universidade de Berlin, na qual Hegel chegou a ser reitor até 1831, ano em que morre vítima de cólera. Na interpretação de Bauer feira por Cornu, este entendia que: “A ação atual da crítica deveria orientar-se, de acordo com Bauer, para libertar o espírito e sua encarnação mais elevada, o Estado, do poder da religião” (CORNU, apud NETTO, p. 16). Na concepção liberal de Bauer, o Estado não laico, era um problema a ser enfrentado. De certa forma, tal convicção expressava também os limites e as ilusões do pensamento liberal, que apostava na emancipação política.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"> Foi com esse espírito ilusionista que Bauer saudara a chegada ao poder de Frederico Guilherme IV em 1840, tendo a expectativa que o novo monarca redirecionasse o poder estatal prussiano diferente de seu antecessor. Contudo, na prática, a chagada de Frederico Guilherme IV não alterou o conteúdo limitador da nova ordem imposto pelomonarca que o antecedera. No tocante aos seguidores de Hegel, o novo monarca os perseguiu, excluindo vários deles dos círculos acadêmicos, inclusive o próprio Bauer (NETTO, 2009).</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"> Bauer continuou com sua crítica a religião, sempre nos limites da crítica política, deslocando para posições cada vez mais radicalmente liberais. Netto acrescenta que “Bauer vai deslizar progressivamente para um criticismo abstrato, formulado num radicalismo verbal que apenas dissimulava o crescente isolamento do autor em face ao movimento social real” (Ibidem, p. 180. Em seu texto a <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Questão judaica</i>, Marx (2009) fará uma crítica as ideias de Bauer em seu período de caráter mais liberal datados entre os anos de 1840 e 1842.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Marx: um democrata radical em trânsito para o comunismo</span></span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Marx obtém seu título de doutor em filosofia em Abril de 1841, na Universidade de Jena na Alemanha, conforme Netto (2009), há estudiosos da trajetória teórica de Marx que sugerem influencias de Bauer na dissertação final de Marx. Inicialmente Marx vai ensinar na Universidade Berlim, espaço em que lecionavam diversos outros jovens hegelianos de sua época, entretanto, a ação do novo monarca Frederico Guilherme IV impede que a trajetória acadêmica de Marx seja prolongada, com nomeação de um antigo inimigo teórico de Hegel em cargo de comando na Universidade de Berlim, vindo essa situação a culminar com a demissão de inúmeros hegelianos, inclusive o próprio Marx.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Na impossibilidade de seguir lecionando em Berlim, Marx ingressa no jornalismo em 1842 (Ibidem), fazendo parte de um jornal da Renania, financiado pela burguesia e chamado Gazeta Renana, no qual em breve assumiria o posto de chefe editorial, sua missão era realizar um dura crítica ao governo de Frederico Guilherme IV. Quanto a esse respeito, Marx será competente em realizar essa crítica, entretanto, um acordo entre a burguesia e o rei fazem a verba para o custeio do jornal desaparecer e Marx deixar o periódico (Ibidem).</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">De acordo com Netto (Ibidem), é nessa experiência jornalística que Marx tem sua primeira experiência política. Ainda que o entendimento teórico da questão do Estado não esteja completamente nítido e esclarecido, Marx já entende o jogo de interesses existente entre a burguesia e poder político, bem como percebe a ilusão de neutralidade do Estado perante as classes, além disso, também compreende o equívoco de Hegel ao defender o Estado como uma esfera de realização universal. Também verifica “a covardia da burguesia liberal, que prefere os conchavos à luta conseqüente pelos seus proclamados ideais de liberalismo” (Ibidem, p. 19). </span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Tal qual Netto (Ibidem) destaca, essa experiência jornalística de Marx no inicio da década de 1840 trata-se um momento importante para a transição do jovem Marx, radicalmente democrata, para o caminho ao comunismo, ainda que o contato com o movimento propriamente comunista venha a ocorrer somente algum tempo depois quando de sua estadia em Paris.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Conforme Netto esclarece:</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin: 0cm 0cm 0cm 4cm; text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Marx compreendeu os limites do liberalismo burguês. [...] Fica claro para Marx, que o horizonte da filosofia hegeliana não dava conta dos problemas histórico-concretos da contemporaneidade – seria necessário is além da filosofia para intervir ativamente na realidade social (2009, p. 19-20).</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Além desse aspecto vivido por percebido por Marx em razão dos fatos acontecidos durante sua breve passagem na Gazeta Renana, há também um outro aspecto simultâneo a experiência jornalística, que ocorre na sua trajetória intelectual, que foi a aproximação com as ideias de Ludwig Feuerbach e do pensamento de Moses Hess, que trabalhou com Marx no mesmo jornal (Ibidem). De Feuerbach vinha uma forte crítica as teorias de Hegel, corroborando para a passagem de Marx ao materialismo. Quando a Hess, o legado deste para a Marx foram a preocupação e o interesse de Hess pelos movimentos anticapitalistas.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Sem o emprego no Jornal, Marx deixa a Alemanha em direção a França, com o interesse de lá se associar a Arnold Ruge num periódico que expressaria a “reflexão filosófica alemã ao pensamento social francês” (NETTO, 2009, p. 20). Antes de partir Marx se casa e passa cerca de três meses em Kreuznack, momento em que Netto considera fundamental na sua trajetória intelectual. É nesse período que Marx reflete sobre sua experiência no jornal renano e dedica boa parte o tempo a estudar as obras políticas da modernidade, desde Maquiavel, passando por Montesquieu e Rousseau, além de estudos sobre a Revolução Francesa. É a partir de então que Marx consolida sua crítica a Hegel, principalmente na teoria hegeliana do Estado.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">De acordo com Netto, é nesse período “que Marx elabora Para a questão Judaica” (Ibidem, p. 21). Nesse texto Marx crítica duramente com, a liberalismo existente entre os jovens hegelianos, em especial Bauer. É bem verdade que essa recusa ao liberalismo não era ainda uma afirmação completa de sua perspectiva revolucionária proletária. No tocante a recusa das ideias de Bauer, Marx aponta suas debilidades, “critica seus fundamentos e sua posição – mas o faz com respeito e assinala os seus méritos” (Ibidem, p. 21-22).</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Bauer e Marx: duas abordagens à “questão judaica”.</span></span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">O Estado não laico na Alemanha da primeira década do século XIX vedava aos judeus o exercício de direitos civis e políticos, a conquista dos direitos civis dos judeus ganha importância no debate prussiano, tornando-se uma reivindicação efetuada pelos liberais da época (NETTO, 2009).</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Entre os que analisavam a situação dos judeus estava Bauer, no qual entendia que um Estado cristão como o prussiano, impedia a emancipação dos judeus, conforme Netto esclarece sobre o pensamento de Bauer “num Estado cristão ninguém está emancipado” (Ibidem, p. 22). No entendimento de Bauer, a reivindicação dos judeus de emancipação não faz sentido, pois tal solicitação é incompatível com um Estado cristão. Conforme Netto, a desqualificação de Bauer à proposta dos judeus avança ainda mais na medida em que considera a religião cristã de caráter universal, se contrapondo ao judaísmo, de caráter mais particular. Dessa forma, estaria o judeu “menos habilitado à emancipação que o cristão” (Ibidem, p. 23). </span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Conforme esclarece Netto, esse tratamento dado a questão judaica por Bauer é principalmente de caráter religioso, entendendo que a emancipação política está condicionada a emancipação religiosa, sendo assim, cristãos e judeus teriam que abrir mão de sua religião para alcançar a emancipação política, pois nem cristão e muito menos judeus poderiam realizar a emancipação política, em razão dos entraves que a religião provocava.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Marx não concordava com Bauer, para ele, a existência de um Estado laico, não significava a emancipação dos homens da religião, também não considera que a renúncia dos judeus à sua religião é um fundamento indispensável para a emancipação política. Os homens podem emancipar politicamente sem abdicar da religião, contudo, adverte Marx que essa emancipação política, não sendo a emancipação humana, não torna esses homens efetivamente livres (Ibidem).</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Marx em <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Para a questão judaica</i>, não tinha ainda um esboço de sua perspectiva revolucionária, portanto, de uma nova ordem societária radicalmente diferente da sociedade burguesa. Entretanto, ao assinalar os limites da emancipação política, sem no entanto, desconsiderar seus avanços, faz uma crítica a burguesia que tinha conduzido a sociedade para emancipação política, algo avançado em relação a velha ordem, porém pouco e rigorosamente insuficiente se considerar a necessidade de emancipar o homem plenamente.</span></span></div></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;">NETTO, José Paulo. Prólogo, in MARX, Karl. <i>Para a questão judaica</i>. São Paulo: Expressão Popular, 2009.</span></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-48760891521096463602011-05-14T07:33:00.001-03:002011-05-14T07:33:07.816-03:00Terror econômico: a dura vida dos trabalhadores nos EUA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXQ0Wyph-AQnhBg4eu7csGDzHH7i6pg_UczI17danQNrIdJlMn55al2tHUvK5TjSeSk4ihQ9AN4Uwe9kT93SyTPi28zrKIDMEyDSPL0hVkGueJGdzme6YpSWLpJt2Yyiat3L6l-I9F5qrT/s1600/ohio1-250x250.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXQ0Wyph-AQnhBg4eu7csGDzHH7i6pg_UczI17danQNrIdJlMn55al2tHUvK5TjSeSk4ihQ9AN4Uwe9kT93SyTPi28zrKIDMEyDSPL0hVkGueJGdzme6YpSWLpJt2Yyiat3L6l-I9F5qrT/s400/ohio1-250x250.jpg" width="400" /></a></div><div class="headline-link" style="background-color: transparent; color: #888888; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 9pt; font-style: normal; font-weight: bold; margin-bottom: 5px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-decoration: none;"><br />
</div><div class="headline-link" style="background-color: transparent; color: #888888; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 9pt; font-style: normal; font-weight: bold; margin-bottom: 5px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-decoration: none;"><br />
</div><div class="headline-link" style="background-color: transparent; color: #888888; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 9pt; font-style: normal; font-weight: bold; margin-bottom: 5px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; text-decoration: none;">Por: Mike Whitney - Fonte site Carta Maior13-05-2011</div><div class="texto" style="background-color: transparent; font-style: normal; font-weight: normal; line-height: 18px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 20px; text-decoration: none;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Na semana passada, o Gallup informava que “mais da metade dos estadunidenses diz que a economia está em recessão apesar dos dados oficiais, empenhados em mostrar uma recuperação moderada. A pesquisa Gallup de 20-23 de abril descobriu que só 27% diz que a economia cresce. Outros 29% dizem que a economia encontra-se em depressão, 26% que se trata de uma recessão, enquanto 16% acreditam que ela está em desaceleração”.<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Assim, 55% dos estadunidenses acreditam que o país está em uma depressão ou em uma recessão, cinco anos depois do estouro da bolha imobiliária (2006) e três anos depois do colapso de Lehman Brothers (2008). Os resultados obtidos pelo Gallup batem com os de outras pesquisas que revelam um crescente desespero na opinião pública. Uma pesquisa Globescan, por exemplo, descobriu que uma boa quantidade de estadunidenses deixou totalmente de acreditar no capitalismo de livre mercado, enquanto que outras sondagens mostram uma confiança decrescente nas instituições governamentais, na Reserva Federal (FED), no Congresso, no sistema judiciário e nos meios de comunicação.<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />A propósito disso eis aqui o que foi dito no <i style="background-color: transparent; font-style: italic; text-decoration: none;">New York Times</i>:<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><i style="background-color: transparent; font-style: italic; text-decoration: none;">“De acordo com a última sondagem de opinião de New York Times/CBS News, os estadunidenses estão mais pessimistas do que em nenhum outro momento desde o segundo mês da presidência de Obama a respeito das perspectivas econômicas e dos rumos gerais da nação. Durante os primeiros meses de Obama, o país ainda estava imerso na Grande Recessão (...). Captando o que parece ser uma abrupta mudança de atitude, a pesquisa mostra que o número de estadunidenses que acreditando que a economia piorou saltou 13 pontos percentuais em apenas um mês”.<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />“A frustração a respeito dos rumos do crescimento econômico só tem aumentado: em outubro passado, 28% dos entrevistados dizia que a economia estava piorando; nesta última sondagem esse número saltou para 39%”. (Nation’s Mood at Lowest Level in Two Years, Poll Shows, New York Times).</i><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Nem toda a propaganda produzida conseguiu alterar a opinião pública, que está convencida de que as coisas estão piorando. E as coisas estão, de fato, piorando, a não ser que você seja executivo de um fundo de investimentos ou pertença à nata de Goldman Sachs. Para estes, as coisas nunca foram melhores. A Reserva Federal inundou o mercado com o combustível supersônico das baixas taxas de juros e tudo vai bem no mundo da bolha de Wall Street. Mas se você for um dos 3 milhões de trabalhadores mais estropiados, o mais provável é que esteja cruzando os dedos no fim do mês à espera de que o crédito de seu cartão não tenha ultrapassado o limite na hora de pagar a mercearia, sob pena de sair envergonhado pela porta por onde entrou. Eis o que disse o <i style="background-color: transparent; font-style: italic; text-decoration: none;">Wall Street Journal</i>, ao explicar os êxitos da FED:<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><i style="background-color: transparent; font-style: italic; text-decoration: none;">“Desde o dia 27 de agosto do ano passado – dia em que Ben Bernanke lançou as bases de sua segunda “flexibilização quantitativa” – os investidores se lançaram a investimentos de maior risco. Desde o dia 26 de agosto, o índice Standard&Poor’s para 500 valores subiu 28%. Valores menores e geralmente de maior risco tiveram melhores resultados todavia com o índice Russell 2000 para pequenas empresas, produzindo lucros de 41% (...)”<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />“Os bônus das corporações empresariais dispararam e os preços das matérias primas também subiram espetacularmente. O ouro subiu 22% desde o dia 26 de agosto, e a prata 143%, batendo-se em ambos casos marcas nominais históricas. Até a demanda de títulos hipotecários subprime, tão injuriados como causadores da crise financeira, voltou a crescer” (“FED Searches for Next Step”, Wall Street Journal”).</i><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Em alta, em alta e mais em alta. Tudo em alta. O índice S&P’s 28%; o índice Russell, 41%; e até se registra uma febril demanda de títulos hipotecariamente respaldados. Graças às alegres políticas monetárias de Bernanke, os mercados estão disparados, enquanto que os trabalhadores debilitam-se em um afundamento sem fim, capazes apenas de chegar ao fim do mês. A disparidade entre ricos e pobres é maior agora do que em nenhum outro momento desde a Era da Cobiça (a última terça parte do século XIX), e não há indícios de que essa situação será revertida. Os ricos se tornam mais ricos, e o resto segue despencando rumo à pauperização.<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Entretanto, o dólar segue caindo ladeira abaixo, erodindo o poder de compra dos consumidores e forçando à população trabalhadora a optar entre o depósito de gasolina ou o dentista da pequena Jenny. A maioria opta pela gasolina. Assim, ao menos, podem chegar à fábrica na segunda-feira para arrebentar-se em outra semana de trabalhos penosos. Mais um trecho do <i style="background-color: transparent; font-style: italic; text-decoration: none;">Wall Street Journal</i>:<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><i style="background-color: transparent; font-style: italic; text-decoration: none;">“O dólar caiu a um de seus menores valores em muitos anos frente às principais moedas, debilitado por um amálgama de políticas monetárias frouxas e desequilíbrios fiscais que deixaram os investidores com uma cédula verde destroçada (...) A política monetária da Reserva Federal foi primordialmente negativa para o dólar. Em um mercado em que os investidores gravitam em torno de ativos de maiores rendimentos, o dólar foi abandonado pelos vendedores de títulos que parecem se sentir mais confortáveis com os euros, ainda que a Europa se ache em luta aberta para conter uma crise da dívida que vem ficando mais forte nos dois últimos anos”.<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />“A força diretriz é a política monetária (estadunidense) e o pé de página a política fiscal. Sabemos que se aproxima um trem descarrilhado e isso nos inquieta”, disse Andrew Bush, estrategista para política global de divisas em BMO Capital Markets” (“Dollar Tumbles With US Monetary, Fiscal Policy in Focus”, Wall Street Journal”).</i><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />“Trem descarrilhado”: é uma boa metáfora. A enfraquecida cédula verde está causando sofrimento real em lares que se encontram agora menos capazes de poupar, ou de devolver dívidas que herdaram do estouro da bolha imobiliária, quando o valor de sua casa começou a cair para níveis inferiores ao de sua dívida hipotecária. Agora pagam preços mais altos no posto de gasolina ou na mercearia e ficam sem dinheiro para outros usos, incluindo aí as emergências de saúde. Se Sammy cai no ginásio da escola e machuca a clavícula, o gasto resultante se acumulará no cartão Visa, isso no melhor dos casos, ou seja, se o limite do cartão não tiver sido ultrapassado. Que felizardo!<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Mas o problema real são os postos de trabalho. Eles simplesmente não existem e ninguém em Washington quer fazer nada a respeito. Em sua coluna da semana passada, Paul Krugman escreveu:<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><i style="background-color: transparent; font-style: italic; text-decoration: none;">“No mês passado, mais de 14 milhões de estadunidenses estavam desempregados, de acordo com a definição oficial (...) Alguns outros milhões trabalhavam em tempo parcial porque não conseguiam encontrar empregos de turno integral. E não estamos falando de privações temporais. O desemprego de longo prazo, outrora uma raridade neste país, converteu-se em algo demasiadamente normal: mais de quatro milhões de estadunidenses estão fora do mercado de trabalho há um ano ou mais”.<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />“Pode-se dizer que tudo isso, somado, constitui um argumento claro para que se aja mais. No entanto, o senhor Bernanke acaba de dizer que já fez tudo o que poderia ser feito. Por quê? (“The Intimidated Fed”, Paul Krugman, New York Times).</i><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Sim. Por quê? Se o programa de Bernanke de compra de títulos públicos foi um êxito tão manifesto, por que então ele não dá prosseguimento a ele e consegue com que as pessoas voltem a trabalhar? É perguntar demais? Há 14 milhões de desempregados, 42 milhões dependendo dos cartões de alimentação, os sem teto não param de crescer, os despejos subiram para 2 milhões por ano e a maioria das pessoas acredita que estamos em uma depressão. Não acha que poderia nos dar uma mão, Benny?<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Você tem alguma ideia do mal que é realmente o desemprego? Passe os olhos nisso que aparece em <i style="background-color: transparent; font-style: italic; text-decoration: none;">Calculated Risk</i>:<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><i style="background-color: transparent; font-style: italic; text-decoration: none;">“Há hoje (março de 2011) nos Estados Unidos, 130.738 milhões de postos de trabalho assalariado. Em janeiro de 2000 havia 130.781 milhões. Assim, passados onze anos, não houve nenhum aumento do volume de postos de trabalho assalariado. E a renda familiar média em dólares era de 49.777 em 2009. Apenas um pouco acima dos 43.309 dólares de 1997 e abaixo dos 51.100 dólares de 1998 (...)”.<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />“Há atualmente 7.25 milhões de postos de trabalho assalariado menos que antes do começo da recessão em 2007. Agora, temos 13,5 milhões de estadunidenses no desemprego; outros 8,4 milhões estão trabalhando em tempo parcial por razões econômicas e cerca de 4 milhões de trabalhadores abandonaram a força de trabalho. Dos desempregados, 6,1 milhões estão sem emprego há seis meses ou mais”. (“More than a Lost Decade”, Calculated Risk)</i><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Uma década inteira sem criar postos de trabalho. Ninguém é contratado, os salários estão congelados e o transbordante déficit em conta corrente atual fornece a cada ano 500 bilhões de dólares para a criação de novos postos de trabalho no estrangeiro. E tudo o que Obama pretende fazer é discursar sobre a necessidade de reduzir os déficits.<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />E o que acontece com os postos de trabalho que desapareceram? Não eram bons postos de trabalho? Quero dizer, ao menos permitiam a alguém colocar comida na mesa e pagar as contas, não?<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Pois a resposta é não. Agora mesmo, cerca de 65 milhões dos 130 milhões de postos de trabalho existentes em nosso país pagam entre 55 mil e 60 mil dólares por ano. Em outras, proporcionam um “salário para viver”, que permite às famílias não cair em uma situação de pobreza abjeta. Os outros 65 milhões de trabalhadores se arrastam com trabalhos de tempo parcial ou com pequenos trabalhos mal pagos, que rendem uma receita entre 20 e 25 mil dólares ao ano.<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Esta é, pois, a situação (de acordo com David Stockman): desde 2007, perdemos 6,5 milhões de postos de trabalho bem remunerados, sem que tenhamos sido capazes de criar nenhum. Todo o crescimento se deu entre os postos de trabalho com baixos salários. Stockmnan diz:<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><i style="background-color: transparent; font-style: italic; text-decoration: none;">“Na última década, perdemos cerca de 10% da economia de receitas médias e, mesmo considerando a suposta recuperação de agora, não conseguimos recuperar um só dos 6,5 milhões de postos de trabalho de classe média perdidos (...) Nesta economia, a distribuição de renda se converteu em um grande problema, e a situação está piorando, não melhorando”. (David Stockman: Lack of Middle Class Jobs plus Low Growth equals “Alleged Reovery”, Yahoo Finance)</i><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Um antigo adepto de Reagan falando de “distribuição de renda”? Agora é um tipo de que provoca escândalo.<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Pano de fundo: os postos de trabalho bem remunerados são exportados para ultramar, empurrando ao abismo as classes médias trabalhadoras estadunidenses. E a situação piora porque agora mesmo inclusive os postos de trabalho com baixo salário estão cada vez mais difíceis de encontrar. Olhem só isso, procedente de Bloomberg:<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><i style="background-color: transparent; font-style: italic; text-decoration: none;">“O McDonald’s e suas franquias contrataram 62 mil pessoas nos EUA logo depois de receber mais de um milhão de solicitações de emprego, disse hoje a companhia com sede em Oak Brooks, Illinois, em uma declaração divulgada por correio eletrônico...” (Bloomberg News)</i><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Um milhão de solicitações para servir hamburguers! Isso diz tudo.<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Assim, em resumo, até os postos de trabalho mais servis e degradantes estão escasseando, o que dá uma prova adicional de que nos encontramos em uma depressão. As cifras de desemprego começaram a crescer de novo, lançando mais sombras sobre a suposta recuperação. Os novos casos registrados de desemprego chegaram a 25 mil na terceira semana de abril. <br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />As empresas estão cortando custos para enfrentar a alta dos preços das matérias primas, que estão minguando os lucros. Uma vez mais, as cifras do desemprego bateram o recorde com 400 mil em três semanas, indicando uma maior debilidade da economia. No <i style="background-color: transparent; font-style: italic; text-decoration: none;">Wall Street Journal</i> pode-se ler:<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><i style="background-color: transparent; font-style: italic; text-decoration: none;">“No ano passado, cerca de um milhão de estadunidenses foram incapazes de encontrar trabalho após esgotar a cobertura do seguro desemprego, segundo dados divulgados pelo Departamento de Trabalho (...)”.<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />“Cerca de 8,2 milhões de trabalhadores desempregados recebiam uma cobertura de desemprego ao terminar a semana de 9 de abril, disse o Departamento do Trabalho, em seu informe semanal sobre o desemprego. Pode-se comparar essa cifra com os cerca de 10,5 milhões de indivíduos que no ano passado, na mesma época, recebiam subsídios: 2,3 milhões a menos!” (“One Million exhausted jobless benefits in past year”, Wall Street Journal)</i><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Essa é a navalhada mais cruel. E também a que causa mais confusão. Por um lado, as pessoas que, sem comê-lo nem bebê-lo, perderam o emprego e foram jogadas nas filas de desempregados, aproximando-se de um mundo de pobreza demolidora. Por outro lado, ao perder o auxílio desemprego contribuíram para rebaixar as cifras de desemprego, o que dá à política do “não faça nada” de Obama uma aparência de eficácia. Um mal duplo, portanto.<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Para terminar, esta nota sobre os salários do antigo Secretário do Trabalho, no governo Clinton, Robert Reich:<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><i style="background-color: transparent; font-style: italic; text-decoration: none;">“A notícia economicamente mais relevante deste primeiro semestre de 2011 é a da queda dos salários reais (...) A fim de manter os postos de trabalho, milhões de estadunidenses estão aceitando reduções salariais. E se já foram despedidos a única maneira de encontrar um novo trabalho é aceitar salários ainda mais baixos”.<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />“A contração salarial está colocando as famílias estadunidenses em uma situação esquizoide de duplo vínculo. Antes da recessão eram capazes de pagar as faturas porque dispunham de dois salários. Agora, o mais provável é que disponham de um e meio, ou de somente um e em processo de contração (...)”.<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />“A recuperação econômica sem criação de postos de trabalho que os EUA estão experimentando está se convertendo em uma recuperação sem salários. O que aponta para uma probabilidade de nova recessão muito maior que o risco de inflação”. (“The Wageless recovery”, blog de Robert Reich)</i><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Quem falou de “duplo mergulho na crise”?<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />Os salários se contraem, os postos de trabalho escasseiam, o auxílio desemprego acaba e o dólar despenca. Pode-se duvidar que estamos em meio a uma depressão?<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><i style="background-color: transparent; font-style: italic; text-decoration: none;">(*) Mike Whitney é um analista político independente que vive no estado de Washington e colabora regularmente com a revista CounterPunch.<br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" /><br style="background-color: transparent; text-decoration: none;" />(**) Tradução de Katarina Peixoto a partir da versão em língua espanhola publicada em Sin Permiso.</i></span></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-87168112507026895992011-05-04T14:53:00.000-03:002011-05-04T14:53:55.487-03:00Perguntas sem respostas<div id="texto_conteudo"> <div id="texto" style="line-height: 160%; margin-right: 15px; text-indent: 0%;"> <div align="left"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdR1sye89173heMyEmoSKAmgSMGP2xK_kdSXo5CCx_wWhUAkrj7lk2v0CvScaL2OfQtASNloNgUf7Tb0oV6ghdthprtDEWts0WIN_h4SX5pD6lFXaCyACD_3DQOzcp6wH2Q6ke5uu7jQUi/s1600/i983919w8aag9Qn.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdR1sye89173heMyEmoSKAmgSMGP2xK_kdSXo5CCx_wWhUAkrj7lk2v0CvScaL2OfQtASNloNgUf7Tb0oV6ghdthprtDEWts0WIN_h4SX5pD6lFXaCyACD_3DQOzcp6wH2Q6ke5uu7jQUi/s400/i983919w8aag9Qn.jpg" width="400" /></a></div><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br />
</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><b><span class="Apple-style-span" style="background-color: white;">Por: </span><span class="Apple-style-span" style="font-size: 12px;">Silvio Caccia Bava - Fonte: Site Controvérsia</span></b></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Segundo a Cepal, um terço da população da América Latina vive com menos de dois dólares por dia. São 185 milhões de pessoas, o Brasil contribui com 49 milhões para esta soma. E, neste ano, na América Latina, mais 3 milhões de pessoas tornaram-se pobres. A crise internacional acentua a lógica de um modelo que produz a exclusão.</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Contudo, um olhar em perspectiva vai nos dizer que, mesmo com esses números, a pobreza vem diminuindo na América Latina. O que é verdade, ainda que a desigualdade permaneça intocada em muitos destes países. Mas se pudermos observar os esforços e os resultados de diferentes países da região e os compararmos com os do Brasil, vamos ver que da nossa parte muito ainda precisa ser feito. </span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">É interessante lançar um olhar em torno. Ter alguns elementos de comparação. Não há dúvida de que cada país tem a sua história e ela constrói de uma maneira toda particular a trama de relações sociais e políticas que definem um patamar de direitos. Assim foi com o peronismo, na Argentina; com o getulismo, no Brasil; está sendo com o bolivarianismo, na Venezuela. Não são países homogêneos, mas todos, na atualidade, estão definindo suas políticas de combate à pobreza. Há países muito pobres, outros de médio porte, e o Brasil, que está entre as maiores economias do mundo.</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Na última década, em quase todo o continente, como política de combate à pobreza, os governos intensificaram transferências de renda para os mais pobres. Políticas focalizadas que definiam a amplitude de sua clientela em função dos recursos disponíveis. O que chama a atenção é a diferença do que se pode chamar de “recursos disponíveis”, já que eles sempre são uma decisão de alocação entre os países do continente. </span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Seria de se esperar que o Brasil, como o país mais rico da região, dedicasse mais recursos para o combate à pobreza. Mas não é o que acontece. Segundo a Cepal, o Brasil gasta 0,58 do PIB em transferências de renda para os mais pobres, a Argentina gasta 0,70, o Paraguai 0,92, a Guatemala 3,0. Como explicar tal diferença de recursos empregados no combate à miséria entre diferentes países da América Latina?</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Ou como avaliar as razões pelas quais os resultados de cada país no combate à pobreza sejam tão diferentes? Entre 2008 e 2009, enquanto o Brasil, o Peru, o Paraguai e o Panamá reduziram sua taxa de pobreza entre 0,9 e 2,2%, o Uruguai (área urbana) e a República Dominicana reduziram suas taxas de pobreza em mais de 3%. Os dados de 2009 também registram uma pequena queda da indigência no Brasil e mostram uma redução mais significativa na Colômbia, Panamá, Peru, República Dominicana e no Uruguai.</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Um outro indicador importante é a capacidade de consumo da população. E o salário mínimo é o que se pode chamar de piso para uma vida decente, a referência para esse patamar mínimo de consumo. Ele é importante também porque é referência para determinar o valor das aposentadorias.</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Com base num cálculo de paridade de poder de compra em dólares, a Organização Internacional do Trabalho identifica um salário mínimo no Brasil de US$ 286,00. Na Argentina, ele é de US$ 896,00; no Paraguai, de US$ 559,00; no Equador, de US$ 490,00; na Venezuela, de US$ 481,00<sup>1</sup>. Ou seja, com o salário mínimo da Argentina, o trabalhador brasileiro compra três vezes mais do que permite o seu próprio salário mínimo. Por que esta disparidade de poder de compra?</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Se tomarmos ainda como referência o Índice de Desenvolvimento Humano de 2010, das Nações Unidas, os dados divulgados recentemente identificam que o IDH do Brasil é de 0,699, o que o coloca no 73º lugar entre 169 países pesquisados, bem abaixo de países como Chile (45º), Argentina (46º), Uruguai (52º), México (56º) e Peru (63º), entre outros.</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Por que o Brasil não é capaz de oferecer melhores condições de vida para sua população?</span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="background-color: white;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;">Silvio Caccia Bava é editor de Le Monde Diplomatique Brasil e coordenador geral do Instituto Pólis.</span></span><br />
<div style="color: #5d5d5d; font-size: 12px;"><a href="http://diplomatique.uol.com.br/" title="http://diplomatique.uol.com.br/"><br />
</a></div><div style="color: #5d5d5d; font-size: 12px;"></div></div></div></div><div align="right"><br />
<span style="color: #666666; font-size: 12px; margin-right: 15px;">Fonte: http://diplomatique.uol.com.br</span></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-25146764265498544452011-04-06T17:46:00.000-03:002011-04-06T17:46:23.528-03:00Ricardo Antunes: "O capitalismo trouxe a precariedade para ficar"<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><object width="320" height="266" class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://1.gvt0.com/vi/xoyfo-T01_E/0.jpg"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/xoyfo-T01_E&fs=1&source=uds" /><param name="bgcolor" value="#FFFFFF" /><embed width="320" height="266" src="http://www.youtube.com/v/xoyfo-T01_E&fs=1&source=uds" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-48831434440302779312011-04-05T13:42:00.000-03:002011-04-05T13:42:17.568-03:00Os 128 anos da morte de Marx.<div id="texto_conteudo" style="padding-left: 0px; padding-right: 0px; text-align: left;"><table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" style="color: #333333; font-family: 'Lucida Sans Unicode'; font-size: 11px; width: 485px;"><tbody>
<tr><td width="380"><span class="Apple-style-span" style="color: #164a1c; font-family: tahoma;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 20px;"><b><br />
</b></span></span></td><td width="105"><br />
</td></tr>
</tbody></table><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmdLTt4Shc3dBxAaT5bYCWvaVYaDEhFZHfX9i74iQhWGsh_ryzJlNo43DKVX0xLb3A2dsdx_M6Vly7ima-tpPuRXUBmPGdczLh6AMaCNI9-LY4Ifk8BnStxrYNfKuYn1MoEDw3llXt0OC3/s1600/karl_marx_77395.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="281" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmdLTt4Shc3dBxAaT5bYCWvaVYaDEhFZHfX9i74iQhWGsh_ryzJlNo43DKVX0xLb3A2dsdx_M6Vly7ima-tpPuRXUBmPGdczLh6AMaCNI9-LY4Ifk8BnStxrYNfKuYn1MoEDw3llXt0OC3/s400/karl_marx_77395.jpg" width="400" /></a></div><div id="texto_subtitulo" style="color: #2a2a2a; font-family: 'Lucida Sans Unicode'; font-size: 12px; margin-right: 15px; text-align: justify; text-indent: 0px;"><span style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><br />
<font: "tahoma"="" style="color: #005100; font-size: 12px; line-height: 19px; margin-right: 15px;"><strong><br />
</strong></font:></span></div><div id="texto_subtitulo" style="color: #2a2a2a; font-family: 'Lucida Sans Unicode'; font-size: 12px; margin-right: 15px; text-align: justify; text-indent: 0px;"><span style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><font: "tahoma"="" style="color: #005100; font-size: 12px; line-height: 19px; margin-right: 15px;"><strong><br />
</strong></font:></span></div><div id="texto_subtitulo" style="color: #2a2a2a; font-family: 'Lucida Sans Unicode'; font-size: 12px; margin-right: 15px; text-align: justify; text-indent: 0px;"><span style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><font: "tahoma"="" style="color: #005100; font-size: 12px; line-height: 19px; margin-right: 15px;"><strong>Texto da Fundação Lauro Campos</strong></font:></span></div><div id="texto" style="line-height: 19px; margin-right: 15px; text-indent: 0%;"><div align="left"><div style="color: #5d5d5d; font-family: 'Lucida Sans Unicode'; font-size: 12px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">No dia 14 de março de 1883, em Londres, morreu Karl Marx, aos 64 anos. Economista, historiador, sociólogo, filósofo e jornalista, Marx é um destes autores que não podem ser enquadrados em apenas uma área do conhecimento humano.<span style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><br />
</span></span></span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"> O autor de "O Capital" apresentou ao mundo um estudo aprofundado sobre as origens e a lógica de desenvolvimento do capitalismo. Autor fundador da esquerda moderna, Marx já foi condenado ao esquecimento algumas vezes, mas as repetidas crises do capitalismo sempre renovam o interesse por sua obra.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Neste dia, lembramos sua obra e seu legado publicando o discurso proferido por seu companheiro de reflexão e de militância Friedrich Engels, durante o funeral de Marx (publicado pelo Diário da Liberdade e pelo Portal Luta de Classes, a partir de texto do Arquivo Marxista na Internet):</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Discurso de Friedrich Engeles no funeral de Karl Marx</span></strong></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Em 14 de março, quando faltavam 15 minutos para as 3 horas da tarde, deixou de pensar o maior pensador do presente. Ficou sozinho por escassos dois minutos e sucedeu de o encontrarmos em sua poltrona dormindo serenamente — dessa vez para sempre.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">O que o proletariado militante da Europa e da América, o que a ciência histórica perdeu com a perda desse homem é impossível avaliar. Logo se evidenciará a lacuna que a morte desse formidável espírito abriu.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Assim como Darwin em relação à lei do desenvolvimento dos organismos naturais, descobriu Marx a lei do desenvolvimento da História humana: o simples fato, escondido sobre crescente manto ideológico, de que os homens reclamam antes de tudo comida, bebida, moradia e vestuário, antes de poderem praticar a política, a ciência, a arte, a religião, etc.; que portanto a produção imediata de víveres e com isso o correspondente estágio econômico de um povo ou de uma época constitui o fundamento a partir do qual as instituições políticas, as instituições jurídicas, a arte e mesmo as noções religiosas do povo em questão se desenvolvem, na ordem em que elas devem ser explicadas – e não ao contrário como nós até então fazíamos.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Isso não é tudo. Marx descobriu também a lei específica que governa o presente modo de produção capitalista e a sociedade burguesa por ele criada. Com a descoberta da mais-valia, iluminaram-se subitamente esses problemas, enquanto que todas as investigações passadas, tanto dos economistas burgueses quanto dos críticos socialistas, perderam-se na obscuridade.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Essas duas descobertas deviam bastar a uma vida. Já é feliz aquele que faz somente uma delas. Mas em cada área isolada que Marx conduzia suas pesquisas, e estas pesquisas eram feitas em muitas áreas, nunca superficialmente, em cada área, inclusive na matemática, ele fez descobertas singulares.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Tal era o homem de ciência. Mas isso não era nem de perto a metade do homem. A ciência era para Marx um impulso histórico, uma força revolucionária. Por muito que ele pudesse ficar claramente contente com um novo conhecimento em alguma ciência teórica, cuja utilização prática talvez ainda não se revelasse – um tipo inteiramente diferente de contentamento ele experimentava quando se tratava de um conhecimento que exercesse imediatamente uma mudança na indústria e no desenvolvimento histórica em geral. Assim por exemplo ele acompanhava meticulosamente os avanços de pesquisas na área da eletricidade e recentemente ainda aquelas de Marc Deprez.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Mas Marx era antes de tudo um revolucionário. Contribuir, de um ou outro modo, para a derrubada da sociedade capitalista e de suas instituições estatais, contribuir para a emancipação do moderno proletariado, que primeiramente devia tomar consciência de sua posição e de seus anseios, consciência das condições de sua emancipação – essa era sua verdadeira missão em vida. O conflito era seu elemento. E ele combateu com uma paixão, com uma obstinação, com um êxito, como poucos tiveram. Seu trabalho no 'Rheinische Zeitung' (1842), no parisiense 'Vorwärts' (1844), no 'Brüsseler Deutsche Zeitung' (1847), no 'Neue Rheinische Zeitung' (1848-9), no 'New York Tribune' (1852-61) – junto com um grande volume de panfletos de luta, trabalho em organizações de Paris, Bruxelas e Londres, e por fim a criação da grande Associação Internacional de Trabalhadores coroando o conjunto – em verdade, isso tudo era de novo um resultado que deixaria orgulhoso seu criador, ainda que não tivesse feito mais nada.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">E por isso era Marx o mais odiado e o mais caluniado homem de seu tempo. Governantes, absolutistas ou republicanos, exilavam-no. Burgueses, conservadores ou ultra-democratas, competiam em caluniá-lo. Ele desvencilhava-se de tudo isso como se fosse uma teia de aranha, ignorava, só respondia quando era máxima a necessidade. E ele faleceu reverenciado, amado, pranteado por milhões de companheiros trabalhadores revolucionários – das minas da Sibéria, em toda parte da Europa e da América, até a Califórnia – e eu me atrevo a dizer: ainda que ele tenha tido vários adversários, dificilmente teve algum inimigo pessoal.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">Seu nome atravessará os séculos, bem como sua obra!</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;">18 de março de 1883</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><a href="http://socialismo.org.br/portal/historia/" style="text-decoration: none;" title="http://socialismo.org.br/portal/historia/"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
</span></a></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"></div></div></div></div><div align="right"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: 'Trebuchet MS', sans-serif;"><br />
<span style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 15px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Fonte: Site Controvérsia</span></span></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-63625940076360129732011-04-05T13:34:00.000-03:002011-04-05T13:34:07.915-03:00McDonald´s: Maus tratos e exploração<div id="texto_conteudo" style="color: #333333; padding-left: 0px; padding-right: 0px; text-align: left;"><table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" style="font-family: 'Lucida Sans Unicode'; font-size: 11px; width: 485px;"><tbody></tbody></table><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW2jM14wF7mCMfELlySPGJdVP5oigYglnSilhxAKuBSvkVXS0x364mNPCrtyfv-8OGcNUq2qlVvpfJT4H6g_aVjWgZ1NkA0FSOnjpyBM6d2zbJ6Z5D4YAaC5F429rjMkJ8yZSQS234YzRR/s1600/mcdonaldspic1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiW2jM14wF7mCMfELlySPGJdVP5oigYglnSilhxAKuBSvkVXS0x364mNPCrtyfv-8OGcNUq2qlVvpfJT4H6g_aVjWgZ1NkA0FSOnjpyBM6d2zbJ6Z5D4YAaC5F429rjMkJ8yZSQS234YzRR/s400/mcdonaldspic1.jpg" width="397" /></span></a></div><div id="texto_subtitulo" style="color: #2a2a2a; margin-right: 15px; text-align: justify; text-indent: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Nesta semana, o jornal Brasil de Fato traz uma grande reportagem sobre a superexploração e maus tratos que sofrem os jovens e adolescentes na maior rede fastfood do mundo. Confira a seguir trechos<span style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><br />
<br />
<font: "tahoma"="" style="color: #005100; line-height: 19px; margin-right: 15px;"><strong>Por: Michelle Amaral</strong></font:></span></span></div><div id="texto" style="color: #5d5d5d; line-height: 19px; margin-right: 15px; text-indent: 0%;"><div align="left"><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">“Uma vez eu estava com uma bandeja cheia de lanches prontos para serem entregues e escorreguei. Quando ia caindo no chão, meu coordenador viu, segurou a bandeja, me deixou cair e disse: 'primeiro o rendimento, depois o funcionário'”, conta Kelly, que trabalhou na rede de restaurantes fast food McDonald´s por cinco meses.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">“Lá você não pode ficar parado, se sentar leva bronca”, relata Lúcio, de 16 anos, que há 4 meses trabalha em uma das lojas da rede na cidade de São Paulo. “Você não tem tempo nem para beber água direito”, completa José, de 17 anos. “Uma vez eu queimei a mão, falei para a fiscal e ela disse para eu continuar trabalhando”, lembra o adolescente. Maria, de 16 anos, ainda afirma que, apesar da intensa jornada de trabalho nos restaurantes, recebe apenas R$ 2,38 por hora trabalhada.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Os relatos acima retratam o dia-a-dia dos funcionários do McDonald´s. Assédio moral, falta de comunicação de acidentes de trabalho, ausência de condições mínimas de conforto para os trabalhadores, extensão da jornada de trabalho além do permitido por lei e fornecimento de alimentação inadequada são algumas das irregularidades apontadas por trabalhadores da maior rede de fast food do mundo.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Somente no Brasil, o McDonald´s tem mais de 600 lojas e emprega 34 mil funcionários, em sua maioria jovens de 16 a 24 anos.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">As relações de trabalho impostas pelo McDonald´s são objetos de estudo de muitos pesquisadores. Do mesmo modo, pelas irregularidades recorrentes, a rede de fast food é alvo de diversas denúncias na Justiça do Trabalho.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Em São Paulo, o Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis e Restaurantes de São Paulo (Sinthoresp), ao longo dos anos, tem denunciado as más condições a que são submetidos os funcionários do McDonald´s.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Recentemente, resultou em uma punição ao McDonald´s uma denúncia feita há quinze anos pelo sindicato ao Ministério Público do Trabalho (MPT) da 2ª Região, em São Paulo. Trata-se de um acordo que, além de exigir o cumprimento de adequações trabalhistas, estabelece o pagamento de uma multa de R$ 13,2 milhões.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">Desse valor, a rede de fast food deve destinar R$ 11,7 milhões ao financiamento de publicidade contra o trabalho infantil e à divulgação dos direitos da criança e do adolescente durante os próximos nove anos. Além disso, a rede deve doar R$ 1,5 milhão para o Instituto de Medicina Física e Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O compromisso foi firmado em outubro de 2010 e passou a valer em janeiro deste ano.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">As investigações realizadas pelo MPT a partir da denúncia do Sinthoresp confirmaram as seguintes irregularidades: não emissão dos Comunicados de Acidente de Trabalho (CAT); falta de efetividade na Comissão Interna de Prevenção de Acidentes; licenças sanitárias e de funcionamento vencidas ou sem prazo de validade, prorrogação da jornada de trabalho além das duas horas extras diárias permitidas por lei, ausência do período mínimo de 11 horas de descanso entre duas jornadas e o cumprimento de toda a jornada de trabalho em pé, sem um local para repouso.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">O MPT também apontou irregularidades na alimentação fornecida aos trabalhadores: apesar de oferecer um cardápio com variadas opções, o laudo da prefeitura de São Paulo reprovou as refeições baseadas exclusivamente em produtos da própria empresa por não atender às necessidades nutricionais diárias. Em relação à alimentação, o McDonald´s chegou a ser condenado, em outubro de 2010, pela Justiça do Rio Grande do Sul a indenizar em R$ 30 mil um ex-gerente que, após trabalhar 12 anos e se alimentar diariamente com os lanches fornecidos pela rede de fast food, engordou 30 quilos. (A reportagem completa você lê na edição impressa número 417 do jornal Brasil de Fato).</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;"><img alt="" height="661" src="http://www.brasildefato.com.br/sites/default/files/holerite_McDonalds.gif" style="border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-left-width: 0px; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-width: 0px; vertical-align: middle;" width="455" /></span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><em><span class="Apple-style-span" style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif;">*Os nomes dos funcionários citados na matéria são fictícios.</span></em></div><div style="font-family: 'Lucida Sans Unicode'; font-size: 12px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><a href="http://www.brasildefato.com.br/" style="color: black; font-family: 'Lucida Sans Unicode'; font-size: 12px; text-decoration: none;"><br />
</a></div><div style="font-family: 'Lucida Sans Unicode'; font-size: 12px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"></div></div></div></div><div align="right" style="color: #333333; font-family: 'Lucida Sans Unicode'; font-size: 11px;"><br />
<span style="color: #666666; font-size: 12px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 15px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Fonte: http://www.brasildefato.com.br</span></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-36541449643601042092011-04-03T12:37:00.000-03:002011-04-03T12:37:01.337-03:00Meio ambiente e desenvolvimento. Mas qual desenvolvimento?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEige3kDgTu2wAgCeUsqiDSDlnkwHV99yyLgERQ17XUPmkYVkcIAAJ6wPbdT5CPrYaQ4Rb9B3w2RrXPhaUHpzyJ1CNa2UvdJCYIicTo8WZ0yUDbq3fBXA7G92nc5SfyB2gbWJQNcdQTFpHyC/s1600/globo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEige3kDgTu2wAgCeUsqiDSDlnkwHV99yyLgERQ17XUPmkYVkcIAAJ6wPbdT5CPrYaQ4Rb9B3w2RrXPhaUHpzyJ1CNa2UvdJCYIicTo8WZ0yUDbq3fBXA7G92nc5SfyB2gbWJQNcdQTFpHyC/s400/globo.jpg" width="400" /></a></div><br />
<br />
<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoNormalTable" style="width: 485px;"><tbody> </tbody></table><br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Lucida Sans Unicode', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 19px; line-height: 28px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #164a1c; font-family: tahoma; font-size: 20px; line-height: normal;"><strong><br />
</strong></span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: red; font-family: 'Lucida Sans Unicode', sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 19px; line-height: 28px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #164a1c; font-family: tahoma; font-size: 20px; line-height: normal;"><strong>Para além do binômio meio ambiente e desenvolvimento</strong></span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="color: red; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br />
</span></b></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><b><span style="color: red; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Carlos Walter Porto-Gonçalves</span></b><span style="color: red; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: red; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: red; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Carlos Nobre, pesquisador do INPE e membro do IPCC da ONU que produz informes sobre o aquecimento global, chamou a atenção em recente seminário realizado em Brasília para o ceticismo com que o tema foi recebido e para o caráter recente da ciência que estuda mudanças climáticas. Todavia, mesmo diante do ceticismo e das incertezas, Carlos Nobre assim como muitos outros cientistas apresentam informações bastante consistentes a respeito do aquecimento global. O ceticismo com que o tema foi inicialmente recebido, como dissera Carlos Nobre, foi o mesmo com relação à questão ambiental quando o tema deixou os gabinetes de entidades de defesa da natureza, como o Sierra Club e a União Internacional de Conservação da Natureza - UICN, e passou a ganhar as ruas com o movimento da contracultura nos anos sessenta. A partir dali não se tratava mais simplesmente de convencer governos a criar parques e outras unidades de conservação, mas de debater as implicações que um determinado estilo de vida estava produzindo sobre os recursos naturais do planeta.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: red; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Desde o início, o novo ambientalismo que saía das ruas se mostrou preocupado com a pobreza e a miséria reinante na África, na Ásia, na América Latina e no Caribe fazendo duras críticas ao desperdício do consumismo e dos gastos militares, numa clara crítica às sociedades dos países centrais. Vance Packard em seu livro <i>Sociedade do Desperdício</i>reuniu vários exemplos do modo como o capitalismo produzia obsoletismo planejado, tal e qual Marx havia falado de obsoletismo moral. O ceticismo foi enorme. Afinal, como se ousava questionar o estilo de vida que se apresentava como sendo a expressão do progresso e que se vendia ao mundo como “modelo de desenvolvimento”? Embora céticos, os estrategistas dos países centrais, tanto os do estado como os dos estado-maiores das grandes corporações transnacionais, trataram de tomar as suas providências e, para isso, contaram com as elites do 3º mundo que queriam imitar o 1º mundo, como o representante da ditadura brasileira que disse na reunião de Estocolmo, em 1972, que “venham poluir no Brasil, porque ainda é permitido”. E para deixar os rios e o ar dos países centrais limpos, as grandes empresas transnacionais de papel e celulose e de alumínio, altamente poluidoras além de energívoras e aquívoras, se transferiram para o 3º mundo. E, em Porto Alegre, viria se iniciar um novo ambientalismo entre nós e que se forjou num enfrentamento com as corporações de papel e celulose atraídas pela ditadura e que poluía as águas do rio Guaíba, como no caso da transnacional norueguesa Borregaard.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: red; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Os grandes magnatas da Fiat, da Olivetti, da IBM e da Remington Rand, entre outras grandes corporações trataram de se reunir no Cube de Roma e financiaram o MIT que produziu o célebre <i>Os Limites do Crescimento</i>, documento que preparou a 1ª conferência mundial de meio ambiente da ONU, em Estocolmo, em 1972.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: red; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Desde então começa uma luta tensa e intensa entre o ambientalismo que se mantém como movimento social e ao lado das lutas sociais por justiça social e um ambientalismo que pouco a pouco vai se constituindo através de organizações neo-governamentais. Dessa reunião de Estocolmo surge a recomendação para que nas relações multilaterais entre os estados se inclua uma agenda ambiental e, com isso, se reforça o processo de institucionalização do movimento ambientalista e o processo que procura desqualificar os que se mantém junto às lutas populares na luta por uma sociedade mais justa e ecologicamente responsável. A crítica à “fabricação capitalista da subjetividade”, na precisa expressão de Félix Guatarri (<i>As Três Ecologias</i>) foi um dos instrumentos teóricos brandidos contra o <i>american way of life </i>com suas promessas irrealizáveis, mas sem as quais o capitalismo não vive.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: red; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">A perspectiva ambientalista que aponta para outros horizontes bem distintos do debate que até os anos sessenta comandava a cena política pode ser visto na dura crítica que os ambientalistas fizeram ao então candidato do Partido Comunista à presidência da república da França, em 1974, que prometera que, se eleito, todos os franceses teriam direito a um carro. Não tardou a que fosse exposto ao ridículo posto que o que estaria socializando era o congestionamento do trânsito. Enfim, começava a ficar claro que o socialismo não deveria oferecer a todos o que o capitalismo só dava para alguns, o que, na verdade, afirmava o primado do liberalismo e seu individualismo. Hoje sabemos, conforme nos informa a ONU, que os 20% mais ricos do planeta consomem 84% da matéria e energia transformada anualmente e que os 80% mais pobres só são responsáveis pelo consumo de 16%! Assim, vai por terra o mito malthusiano de que é o crescimento demográfico que estaria colocando o planeta em risco, haja vista ser a pegada ecológica dos ricos o maior problema. E a questão se complexifica ainda mais quando observamos que temos mais ricos e classes médias com esse padrão de consumo ditado pelo 1º mundo no 3º mundo do que no 1º mundo. È o que podemos constatar com as informações insuspeitas do cientista social egípcio Samir Amim que nos informa que, considerando o universo somente da população urbana do mundo, temos 330 milhões vivendo como Classes Médias e Ricas nos países do centro e 390 milhões como Classes Médias e Ricas nos países da periferia! Enfim, temos mais ricos e classes médias na população urbana nos países da periferia do que nos países do centro! Hoje sabemos que 53% da população mundial é urbana e que 70% dos urbanos do mundo estão no 3º mundo.<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: red; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">O “urbano realmente existente” é muito diferente daquele urbano que deveríamos perseguir quando nos disseram que país desenvolvido eram países com população urbanizada: um bilhão e quinhentos e sessenta milhões de habitantes urbanos vivem como trabalhadores precários, sendo que um bilhão e duzentos e noventa milhões desses vivem nos países da periferia e duzentos e setenta milhões nos países do centro, sendo que destes a maior parte é de imigrantes do 3º mundo, mostrando que o componente colonial (e seu racismo) se mantém no sistema mundo como um todo e mesmo nas periferias dos países do centro, como Nova Iorque, Paris, Londres, Berlim ou Roma. E para alcançar esses números tivemos nos últimos 40 anos a maior expropriação de camponeses e povos originários que o mundo jamais conheceu! Enfim, nos desruralizamos e nos suburbanizamos e hoje temos mais gente exposta às catástrofes naturais (vulcões, furacões, terremotos, deslizamentos de encostas, enchentes) nas cidades do que jamais tivemos em toda a história da humanidade na cidade e no campo! Destruímos o planeta nos últimos 40 anos mais do que em quaisquer outros 40 anos da história! No Brasil, por exemplo, basta ver o que fizemos dos nossos cerrados (savanas) e da nossa Amazônia nesse período! Enfim, destruímos mais nossa casa comum<o:p></o:p></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: red; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Enfim, é preciso descolonizar o pensamento e pararmos de querer ser de 1º mundo. É de outros mundos que carecemos! Um mundo onde caibam muitos mundos,</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: red; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: red; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Fonte: Site Controvérsia</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="color: red; font-family: "Lucida Sans Unicode","sans-serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Link: </span><span class="Apple-style-span" style="line-height: normal;"><a href="http://www.controversia.com.br/index.php?act=textos&id=7424">http://www.controversia.com.br/index.php?act=textos&id=7424</a></span></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-51821242724401197532011-04-02T08:47:00.000-03:002011-04-02T08:47:56.415-03:00O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6ZiEa3Yce7ar9Jf9lC5agERFkUPdywrIo6y-vgzzJjFsCYaJHIRpbwSzi7yn1Z1flViF0EXRktvDxzmKQ78k3FgihUCp9oJ8sGq_hOXFb_ZR_v7i5kCTzvq1Cvraz25d8rwwgZE6mUg6j/s1600/operarios.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="306" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6ZiEa3Yce7ar9Jf9lC5agERFkUPdywrIo6y-vgzzJjFsCYaJHIRpbwSzi7yn1Z1flViF0EXRktvDxzmKQ78k3FgihUCp9oJ8sGq_hOXFb_ZR_v7i5kCTzvq1Cvraz25d8rwwgZE6mUg6j/s400/operarios.jpg" width="400" /></a></div><div id="texto_conteudo" style="padding-left: 0px; padding-right: 0px; text-align: left;"><table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" style="color: #333333; font-family: 'Lucida Sans Unicode'; font-size: 11px; width: 485px;"><tbody>
<tr><td width="380"><span class="Apple-style-span" style="color: #164a1c; font-family: tahoma;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 20px;"><b><br />
</b></span></span></td><td width="105"><br />
</td></tr>
</tbody></table><div id="texto_subtitulo" style="margin-right: 15px; text-align: justify; text-indent: 0px;"><span style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;"><br />
<div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><strong>Vinicius de Moraes</strong></span></div></span></span></div><div id="texto" style="margin-right: 15px; text-indent: 0%;"><div style="text-align: left;"><div style="line-height: 19px; text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;">Era ele que erguia casas</span></div><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: 'Helvetica Neue', Arial, Helvetica, sans-serif;"><div style="line-height: 19px; text-align: center;">Onde antes só havia chão.</div><div style="line-height: 19px; text-align: center;">Como um pássaro sem asas</div><div style="line-height: 19px; text-align: center;">Ele subia com as casas</div><div style="line-height: 19px; text-align: center;">Que lhe brotavam da mão.</div><div style="line-height: 19px; text-align: center;">Mas tudo desconhecia</div><div style="line-height: 19px; text-align: center;">De sua grande missão:</div><div style="line-height: 19px; text-align: center;">Não sabia, por exemplo.</div><div style="line-height: 19px; text-align: center;">Que a casa de um homem é um templo</div><div style="line-height: 19px; text-align: center;">Um templo sem religião</div><div style="line-height: 19px; text-align: center;">Como tampouco sabia</div><div style="line-height: 19px; text-align: center;">Que a casa que ele fazia</div><div style="line-height: 19px; text-align: center;">Sendo a sua liberdade</div><div style="line-height: 19px; text-align: center;">Era a sua escravidão.</div><div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><br />
</span></div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">De fato, como podia</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Um operário em construção</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Compreender por que um tijolo</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Valia mais do que um pão?</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Tijolos ele empilhava</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Com pá, cimento e esquadria</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Quanto ao pão, ele o comia…</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Mas fosse comer tijolo!</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E assim o operário ia</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Com suor e com cimento</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Erguendo uma casa aqui</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Adiante um apartamento</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Além uma igreja, à frente</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Um quartel e uma prisão:</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Prisão de que sofreria</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Não fosse, eventualmente</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Um operário em construção.</div></span><div style="text-align: center;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Mas ele desconhecia</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Esse fato extraordinário:</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Que o operário faz a coisa</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E a coisa faz o operário.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">De forma que, certo dia</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">À mesa, ao cortar o pão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">O operário foi tomado</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">De uma súbita emoção</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Ao constatar assombrado</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Que tudo naquela mesa</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">- Garrafa, prato, facão -</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Era.ele quem os fazia</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Ele, um humilde operário,</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Um operário em construção.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Olhou em torno: gamela</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Banco, enxerga, caldeirão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Vidro, parede, janela</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Casa, cidade, nação!</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Tudo, tudo o que existia</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Era ele quem o fazia</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Ele, um humilde operário</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Um operário que sabia</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Exercer a profissão.</div></span><div style="text-align: center;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Ah, homens de pensamento</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Não sabereis nunca o quanto</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Aquele humilde operário</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Soube naquele momento!</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Naquela casa vazia</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Que ele mesmo levantara</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Um mundo novo nascia</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">De que sequer suspeitava.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">O operário emocionado</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Olhou sua própria mão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Sua rude mão de operário</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">De operário em construção</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E olhando bem para ela</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Teve um segundo a impressão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">De que não havia no mundo</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Coisa que fosse mais bela.</div></span><div style="text-align: center;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Foi dentro da compreensão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Desse instante solitário</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Que, tal sua construção</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Cresceu também o operário</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Cresceu em alto e profundo</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Em largo e no coração</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E como tudo que cresce</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Ele não cresceu em vão.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Pois além do que sabia</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">- Exercer a profissão –</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">O operário adquiriu</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Uma nova dimensão:</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">A dimensão da poesia.</div></span><div style="text-align: center;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E um fato novo se viu</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Que a todos admirava:</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">O que o operário dizia</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Outro operário escutava.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E foi assim que o operário</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Do edifício em construção</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Que sempre dizia sim</div></span><div style="text-align: center;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Começou a dizer: não.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E aprendeu a notar coisas</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">A que não dava atenção:</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Notou que sua marmita</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Era o prato do patrão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Que sua cerveja Preta</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Era o uísque do patrão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Que seu macacão de zuarte</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Era o terno do patrão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Que o casebre onde morava</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Era a mansão do Patrão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Que seus dois pés andarilhos</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Eram as rodas do patrão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Que a dureza do seu dia</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Era a noite do Patrão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Que sua imensa fadiga</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Era amiga do patrão.</div></span><div style="text-align: center;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E o operário disse: Não!</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E o operário fez-se forte</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Na sua resolução.</div></span><div style="text-align: center;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Como era de se esperar</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">As bocas da delação</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Começaram a dizer coisas</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Aos ouvidos do patrão.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Mas o patrão não queria</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Nenhuma preocupação.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">- “Convençam-no do contrário</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Disse ele sobre o operário</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E ao dizer isso sorria.</div></span><div style="text-align: center;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Dia seguinte, o operário</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Ao sair da construção</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Viu-se súbito cercado</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Dos homens da delação</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E sofreu, por destinado</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Sua primeira agressão.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Teve seu rosto cuspido</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Teve seu braço quebrado</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Mas quando foi perguntado</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">O operário disse: Não!</div></span><div style="text-align: center;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Em vão sofrera o operário</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Sua primeira agressão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Muitas outras se seguiram</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Muitas outras seguirão.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Porém, por imprescindível</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Ao edifício em construção</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Seu trabalho prosseguia</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E todo o seu sofrimento</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Misturava-se ao cimento</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Da construção que crescia.</div></span><div style="text-align: center;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Sentindo que a violência</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Não dobraria o operário</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Um dia tentou o patrão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Dobrá-lo de modo vário.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">De sorte que o foi levando</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Ao alto da construção</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E num momento de tempo</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Mostrou-lhe toda a região</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E apontando-a ao operário</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Fez-lhe esta declaração:</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">- Dar-te-ei todo esse poder</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E a sua satisfação</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Porque a mim me foi entregue</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E dou-o a quem bem quiser.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Dou-te tempo de lazer</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Dou-te tempo de mulher.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Portanto, tudo o que vês</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Será teu se me adorares</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E, ainda mais, se abandonares</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">O que te faz dizer não.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Disse, e fitou o operário</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Que olhava e que refletia</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Mas o que via o operário</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">O patrão nunca veria.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">O operário via as casas</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E dentro das estruturas</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Via coisas, objetos</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Produtos, manufaturas.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Via tudo o que fazia</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">O lucro do seu patrão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E em cada coisa que via</div></span><div style="text-align: center;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Misteriosamente havia</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">A marca de sua mão.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E o operário disse: Não!</div></span><div style="text-align: center;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">- Loucura! - gritou o patrão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Não vês o que te dou eu? .</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">. - Mentira! - disse o operário</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Não podes dar-me o que é meu.</div></span><div style="text-align: center;"><br />
</div><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E um grande silêncio fez-se</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Dentro do seu coração</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Um silêncio de martírios</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Um silêncio de prisão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Um silêncio povoado</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">De pedidos de perdão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Um silêncio apavorado</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Como o medo em solidão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Um silêncio de torturas</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E gritos de maldição</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Um silêncio de fraturas</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">A se arrastarem no chão.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E o operário ouviu a voz</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">De todos os seus irmãos</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Os seus irmãos que morreram</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Por outros que viverão.</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Uma esperança sincera</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Cresceu no seu coração</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">E dentro da tarde mansa</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Agigantou-se a razão</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">De um homem pobre e esquecido</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Razão porém que fizera</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">Em operário construído</div></span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;"><div style="text-align: center;">O operário em construção.</div></span></span><div style="line-height: 19px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"></div></div></div></div><div align="right" style="color: #333333; font-family: 'Lucida Sans Unicode'; font-size: 11px;"><br />
<span style="color: #666666; font-size: 12px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 15px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><b>Fonte: Site do Vinicius de Moraes</b></span></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-61011380990542742862011-04-02T08:32:00.000-03:002011-04-02T08:32:47.972-03:00A luta de classes à escala mundial - neoliberalismo como prática de classe<div id="texto_conteudo" style="font-family: 'Lucida Sans Unicode'; padding-left: 0px; padding-right: 0px; text-align: left;"><table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" style="color: #333333; font-size: 11px; width: 485px;"><tbody>
<tr><td width="380"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: tahoma;"><b><br />
</b></span></td><td width="105"></td></tr>
</tbody></table><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;"><br />
</span><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5Fy91sZjaRdylozYMMFNxQ0qNu8jK6opx-kvi3j_j8mLvP_eoIifV-4CvVmRbY7n9M9rL7C475tjUNSgr29UJFvSMKxGsl3q8rL2XZ_IoWXYCudrHfCzeM34njQ35Szk8HiVz5QZKm4dY/s1600/110710_luta_de_classes.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="290" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5Fy91sZjaRdylozYMMFNxQ0qNu8jK6opx-kvi3j_j8mLvP_eoIifV-4CvVmRbY7n9M9rL7C475tjUNSgr29UJFvSMKxGsl3q8rL2XZ_IoWXYCudrHfCzeM34njQ35Szk8HiVz5QZKm4dY/s400/110710_luta_de_classes.jpg" width="400" /></a></div><div id="texto_subtitulo" style="color: #333333; font-size: 11px; margin-right: 15px; text-align: justify; text-indent: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Uma das imagens de marca dos nossos tempos é o domínio do neoliberalismo nos principais fóruns económicos, políticos e sociais dos países capitalistas desenvolvidos e nas agências internacionais que estes influenciam – incluindo o FMI, o Banco Mundial, a OMC e as agências técnicas das Nações Unidas, como a Organização Mundial de Saúde, e a Agência para a Agricultura e Alimentação e a UNICEF. Começando nos Estados Unidos, durante a administração Carter, o neoliberalismo expandiu a sua influência através da administração Reagan e, no Reino Unido, através da administração Tatcher, para se tornar uma ideologia internacional.<span style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><br />
</span></span></div><div id="texto_subtitulo" style="color: #333333; font-size: 11px; margin-right: 15px; text-align: justify; text-indent: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;"><span style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><br />
</span></span></div><div id="texto_subtitulo" style="color: #333333; font-size: 11px; margin-right: 15px; text-align: justify; text-indent: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;"><span style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><br />
<font: "tahoma"="" style="line-height: 19px; margin-right: 15px;"><strong>Vicente Navarro</strong></font:></span></span></div><div id="texto" style="line-height: 19px; margin-right: 15px; text-indent: 0%;"><div align="left"><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br />
</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">O neoliberalismo agarra-se a uma teoria (embora não necessariamente a uma prática) que defende o seguinte:</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">1. O Estado (ou o que é erradamente referido como "o governo", no discurso popular) precisa de reduzir a sua intervenção nas actividades económicas e sociais.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">2. Os mercados financeiros e laborais devem ser desregulamentados para libertar a enorme energia criativa dos mercados.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">3. O comércio e os investimentos devem ser estimulados pela eliminação de fronteiras e barreiras, para permitir a total mobilidade do trabalho, capital, bens e serviços.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Seguindo estes três princípios, de acordo com os autores neoliberais, vemos que a implementação mundializada destas práticas levou ao desenvolvimento de um "novo" processo: uma globalização da actividade económica que gerou um período de enorme crescimento económico, a nível mundial, associado a uma nova era de progresso social. Pela primeira vez na história, dizem-nos, vemos uma economia mundial, em que os Estados perdem poder e estão a ser substituídos por um mercado mundial, centrado nas empresas multinacionais, que são as principais unidades de actividade económica no mundo, hoje em dia.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Esta celebração do processo de globalização também é evidente entre alguns sectores da esquerda. Michael Hardt e António Negri, no seu vastamente citado<em>Empire </em>(Harvard University Press, 2000), comemoram a grande criatividade do que consideram ser uma nova era de capitalismo. Este novo período, afirmam, rompe com estruturas estatais obsoletas e estabelece uma nova ordem internacional, que definem como uma ordem imperialista. Mais, postulam que esta nova ordem é mantida sem que nenhum Estado seja dominante ou hegemónico. Assim, escrevem:</span></div><blockquote style="color: #333333; font-size: 11px;"><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Queremos enfatizar que o estabelecimento do império é um passo positivo rumo à eliminação de actividades nostálgicas, baseadas nas antigas estruturas de poder; rejeitamos todas as estratégias políticas que querem fazer-nos regressar a situações passadas, como a ressurreição do Estado-nação, para proteger a população do capital global. Cremos que a nova ordem imperialista é melhor do que o sistema anterior, da mesma maneira que Marx acreditava que o capitalismo era um modo de produção e um tipo de sociedade superior ao modo que substituíra. Este ponto de vista defendido por Marx era baseado num saudável desprezo pelo localismo paroquial e pelas rígidas hierarquias que precederam a sociedade capitalista, bem como no reconhecimento do enorme potencial libertador do capitalismo. (39)</span></div></blockquote><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">A globalização (i.e., a internacionalização da actividade económica de acordo com os princípios neoliberais) torna-se, de acordo com a posição de Hardt e de Negri, um sistema internacional que está a estimular uma actividade a nível mundial, que opera sem que qualquer Estado ou Estados a liderem ou organizem. Uma tal visão de admiração e elogio à globalização e ao neoliberalismo explica as críticas positivas que <em>Empire </em>recebeu de Emily Eakin, uma crítica de livros do <em>New York Times, </em>e de outros críticos convencionais, que não são conhecidos por críticas amistosas a livros que afirmem derivar a sua posição teórica do marxismo. Aliás, Eakin descreve <em>Empire, </em>como o quadro teórico que o mundo precisa para entender a sua realidade.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Hardt e Negri aplaudem, juntamente com os autores neoliberais, a expansão da globalização. Outros autores de esquerda, contudo, lamentam em vez de celebrar esta expansão, considerando a globalização como a causa das crescentes desigualdades e pobreza do mundo. É importante sublinhar que embora os autores deste último grupo – que inclui, por exemplo Susan George e Eric Hobsbawm – lamentem a globalização e critiquem o pensamento neoliberal, ainda partilham com os autores neoliberais a concepção básica do neoliberalismo: que os Estados estão a perder poder numa ordem internacional em que o poder das multinacionais substituiu o dos Estados.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">A contradição entre teoria e prática no neoliberalismo</span></strong></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Vamos esclarecer desde já que a teoria neoliberal é uma coisa e a prática neoliberal é outra, completamente diferente. A maior parte dos membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) – incluindo o governo federal dos Estados Unidos – têm visto a intervenção estatal e a despesa pública aumentar ao longo dos últimos trinta anos. A minha área de formação é em políticas públicas e eu estudo a natureza da intervenção estatal em muitas partes do mundo. Posso testemunhar o crescimento da intervenção estatal na maior parte dos países do mundo capitalista desenvolvido. Mesmo nos Estados Unidos, o neoliberalismo do presidente Reagan não se traduziu na redução do sector público federal. Ao contrário, a despesa pública cresceu, durante o seu mandato, de 21,6 para 23 por cento do PIB, como consequência do crescimento espectacular das despesas militares de 4,9 para 6,1 por cento do PIB ( <em>Congressional Budget Office National Accounts </em>2003). Este crescimento das despesas públicas foi financiado com o aumento do défice federal (criando uma dívida estatal esmagadora) e com o aumento de impostos. Apesar de supostamente ser um presidente anti-impostos, Reagan, de facto, aumentou os impostos a mais gente (em tempo de paz) do que qualquer outro presidente na história dos Estados Unidos. E aumentou os impostos não uma, mas duas vezes (em 1982 e 1983). Numa demonstração de poder de classe, reduziu drasticamente os impostos aos 20 por cento da população com maiores rendimentos, enquanto os aumentava para a maioria da população.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Não é correcto, por isso, dizer-se que Reagan reduziu o papel do Estado nos EUA ao reduzir a dimensão do sector público e ao baixar os impostos. O que Reagan (como Carter antes dele) fez foi mudar dramaticamente a natureza da intervenção estatal, para que beneficiasse ainda mais as classes elevadas e os grupos económicos (como as empresas relacionadas com o ramo militar) que lhe financiavam as campanhas eleitorais. As políticas de Reagan eram, de facto, políticas de classe que prejudicaram a maioria da classe operária do país. Reagan era profundamente anti-trabalhadores, fazendo cortes nas despesas sociais a um nível sem precedentes. Vale a pena repetir que as políticas de Reagan não eram neoliberais: eram keynesianas, baseadas numa grande despesa pública e em grandes défices federais. Além disto, o governo federal interveio muito activamente no desenvolvimento industrial nacional (essencialmente, mas não exclusivamente através do Departamento da Defesa). Como Casper Weinberger, secretário da Defesa na administração Reagan, afirmou uma vez (em resposta às críticas dos Democratas de que a administração havia abandonado o sector manufactureiro), "A nossa administração é a que tem a mais avançada e extensiva política industrial no mundo ocidental" ( <em>Washington Post, </em>13 de Julho de 1983). Ele estava certo. Mais nenhum governo ocidental tinha uma política industrial tão extensiva. De facto, o Estado federal dos EUA é um dos mais intervencionistas do mundo ocidental.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Há provas científicas muito sólidas de que os EUA não são uma sociedade neoliberal (como estão constantemente a ser definidos) e que o Estado americano não está a reduzir o seu papel chave no desenvolvimento da economia nacional, inclusive na produção e distribuição de bens e serviços por grandes empresas americanas. Esta evidência empírica mostra que o intervencionismo do governo federal (na esfera económica, política, cultural e de segurança) aumentou ao longo dos últimos 30 anos. Na esfera económica, por exemplo, o proteccionismo não diminuiu. Cresceu, com subsídios mais altos ao sector agrícola, militar, aeroespacial e biomédico. Na área social, as intervenções do Estado para enfraquecer direitos sociais (e muito especialmente direitos laborais) aumentaram enormemente (não apenas com Reagan, mas também com Bush Sénior, Clinton e Bush Júnior), e a vigilância sobre a cidadania cresceu exponencialmente. Mais uma vez, não houve diminuição do intervencionismo federal nos Estados Unidos, mas um carácter de classe ainda mais enviezado nessa intervenção, nos últimos 30 anos.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Os contos neoliberais sobre o declínio do papel do Estado na vida das pessoas são facilmente desmentidos pelos factos. De facto, como afirmou certa vez John Williamson, um dos arquitectos intelectuais do neoliberalismo, "temos de reconhecer que aquilo que o governo dos Estados Unidos promove no estrangeiro, o governo dos Estados Unidos não segue internamente", acrescentando que "o governo americano promove políticas que não são seguidas nos Estados Unidos" ("What Washington Means by the Policy Reform," em J. Williamson, ed., <em>Latin America Adjustement, </em>1990, 213). Não poderia ter sido melhor dito. Por outras palavras, se quiser entender as políticas públicas dos Estados Unidos, olhe para o que o governo americano faz, não para o que diz. Esta mesma situação ocorre na maioria dos países capitalistas desenvolvidos. Os seus Estados tornaram-se mais, não menos, intervencionistas. A dimensão do Estado (medida pela despesa pública per capita) aumentou na maior parte destes países. Mais uma vez, a informação empírica sobre este ponto é forte. O que tem vindo a suceder não é uma redução do Estado, mas antes uma mudança na natureza da intervenção estatal – reforçando o seu carácter de classe.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Deterioração da situação económica e social mundial</span></strong></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Contrariamente ao dogma neoliberal, as políticas públicas neoliberais tem sido notavelmente mal sucedidas em atingir os seus objectivos declarados: eficiência económica e bem-estar social.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Tabela 1– Crescimento económico 1960-2000</span></strong></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">1960-1980</span></strong></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">1980-2000</span></strong></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Taxa de crescimento económico nos países em desenvolvimento (excepto China):</span></strong></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Crescimento económico anual</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">5.5%</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">2.6%</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Crescimento económico anual per capita</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">3.2%</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">0.7%</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Taxa de crescimento económico na China:</span></strong></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Crescimento económico anual</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">4.5%</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">9.8%</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Crescimento económico anual per capita</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">2.5%</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">8.4%</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Fontes: Banco Mundial, <em>World Development Indicators, </em>2001 CD-ROM; Robert Pollin, <em>Contours of Descent </em>(Verso, 2003) 131.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Se compararmos o período de 1980-2000 (quando o neoliberalismo atingiu a sua máxima expressão) com o período imediatamente precedente, 1960-1980, podemos facilmente ver como 1980-2000 foi muito menos bem sucedido que 1960-1980 na maior parte dos países capitalistas desenvolvidos e em desenvolvimento. Como mostra a tabela 1, a taxa de crescimento e a taxa de crescimento per capita em todos os países em desenvolvimento (excepto a China) foram muito mais altas entre 1960-1980 (5,5 e 3,2 por cento) do que entre 1980-2000 (2,6 e 0,7 por cento). Mark Weisbrot, Dean Baker e David Rosnick documentaram que a melhoria da qualidade de vida e os indicadores de bem-estar (mortalidade infantil, taxa de escolarização, esperança de vida e outros) aumentaram mais entre 1960-1980 do que entre 1980-2000 (quando comparando países ao mesmo nível de desenvolvimento no ano inicial de cada período – <em>The Scorecard on Development, </em>Center for Economic and Policy Research, September 2005). E, como mostra a tabela 2, a taxa de crescimento económico anual per capita nos países capitalistas desenvolvidos foi mais baixa entre 1981-99 do que entre 1961-80.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Tabela 2–</span></strong></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;"><strong></strong></span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">A. Taxa média anual de crescimento económico per capita nos países da OCDE e em desenvolvimento</span></strong></strong></div><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;"><strong></strong></span><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">1961-1980</span></strong></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">1981-1999</span></strong></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">(A) Países OCDE</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">3,5%</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">2,0%</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">(B) Países em desenvolvimento (excepto China)</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">3,2%</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">0,7%</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Diferencial de crescimento (A/B)</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">0,3%</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">1,3%</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">B. Crescimento das desigualdades de rendimento mundiais, 1980-1998 (excluindo a China)</span></strong></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Rendimento dos 50% mais ricos em proporção ao rendimento dos 50 % mais pobres</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">4x mais desigual</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Rendimento dos 20% mais ricos em proporção ao rendimento dos 20 % mais pobres</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">8x mais desigual</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Rendimento dos 10% mais ricos em proporção ao rendimento dos 10 % mais pobres</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">19x mais desigual</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Rendimento dos 1% mais ricos em proporção ao rendimento dos 1 % mais pobres</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">77x mais desigual</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Fontes: Banco Mundial, <em>World Bank, World Development Indicators, 2001; Robert Sutcliffe, A More or Less Unequal World? (Political Economy Research Institute, 2003); Robert Pollin, Contours of Descent (Verso, 2003), 133.</em></span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Mas, é também importante sublinhar que, devido ao maior crescimento económico anual per capita nos países da OCDE em relação aos países em desenvolvimento (excepto a China), a diferença entre as suas taxas de crescimento per capita tem vindo a aumentar dramaticamente (tabela 2). Isto significa, em termos práticos, que as desigualdades de rendimento entre estes dois tipos de países cresceram de forma espectacular e, particularmente, entre os extremos (ver tabela 2). Mas, o mais importante, as desigualdades têm aumentado dramaticamente, não apenas entre países, mas dentro dos países, tanto nos desenvolvidos como nos países em desenvolvimento. Somando os dois tipos de desigualdades (entre e dentro dos países), descobrimos, como Branco Milanovic documentou, que os 1% mais ricos da população mundial recebem 57% do rendimento mundial, e a diferença de rendimento entre os que estão no topo e os que estão no fundo aumentou de 78 para 114 vezes. ( <em>Worlds Apart, </em>Princeton University Press).</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Deve ser enfatizado que, embora a pobreza tenha aumentado a nível mundial e nos países que seguem políticas neoliberais, isto não significa que os ricos, em cada país (incluindo nos países em desenvolvimento), tenham sido afectados negativamente. Ao contrário, os ricos viram o seu rendimento e a sua distância dos não-ricos aumentar substancialmente. As desigualdades de classe aumentaram grandemente na maior parte dos países capitalistas.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">O neoliberalismo como prática de classe: As raízes das desigualdades</span></strong></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Assim, em cada um destes países, o rendimento dos que estão no topo aumentou espectacularmente como resultado das intervenções estatais. Consequentemente, temos de nos voltar para algumas das categorias e conceitos descartados por grandes sectores da esquerda: estrutura de classe, poder de classe, luta de classes e o seu impacto sobre o Estado. Estes conceitos científicos continuam a ser de uma importância chave para a compreensão do que se passa em cada país. Deixem-me clarificar que um conceito científico pode ser muito antigo sem ser antiquado. "Antigo" e "antiquado" são dois conceitos diferentes. A lei da gravidade é muito antiga mas não é antiquada. Quem duvidar disto pode testá-lo saltando do décimo andar. Existe o risco de que alguns sectores da esquerda venham a pagar o mesmo preço suicida por ignorarem conceitos científicos como classe e luta de classes, simplesmente por que estes são conceitos antigos. Não conseguimos entender o mundo (do Iraque à rejeição da Constituição Europeia) sem reconhecer a existência de classes e de alianças de classe, estabelecidas em todo o mundo, entre as classes dominantes do mundo capitalista desenvolvido e as do mundo capitalista em desenvolvimento. <em>O neoliberalismo é a ideologia e a prática das classes dominantes tanto do mundo desenvolvido como do mundo em vias de desenvolvimento.</em></span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Mas antes de saltarmos para a frente, comecemos com a situação em cada país. A ideologia neoliberal foi a resposta das classes dominantes aos ganhos substanciais conquistados pelas classes operária e camponesa, entre o fim da Segunda Guerra Mundial e meados da década de 70. O enorme aumento das desigualdades que tem ocorrido desde então é o resultado directo do crescimento do rendimento das classes dominantes, que é uma consequência das políticas públicas de classe, como:</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">(a) desregulamentação dos mercados laborais, um movimento contra a classe operária;</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">(b) desregulamentação dos mercados financeiros, o que beneficiou grandemente o capital financeiro, o ramo hegemónico do capital no período 1980-2005;</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">(c) desregulamentação do comércio de bens e serviços, o que beneficiou a população com elevada capacidade de consumo, em prejuízo dos trabalhadores;</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">(d) redução das despesas públicas sociais, atingindo a classe operária;</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">(e) privatização de serviços que beneficiou os 20% mais ricos da população, à custa do bem-estar das classes trabalhadoras que dependem dos serviços públicos;</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">(f) promoção do individualismo e do consumismo, prejudicando a cultura da solidariedade;</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">(g) desenvolvimento de uma retórica e de um discurso teórico que presta homenagem aos mercados, mas oculta uma aliança clara entre as transnacionais e o Estado em que estão baseadas;</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">(h) promoção de um discurso anti-intervencionista em claro conflito com o real aumento da intervenção estatal para promover os interesses das classes dominantes e das unidades económicas – as transnacionais – que acolhem esses interesses.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Cada uma destas políticas públicas de classe exige uma acção ou intervenção estatal que entra em conflito com os interesses dos trabalhadores e outras classes populares.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">O conflito primário no mundo hoje: Não entre o Norte e o Sul mas sim entre uma aliança das classes dominantes do Norte e do Sul contra as classes dominadas do Norte e do Sul</span></strong></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Tornou-se parte da sabedoria convencional que o conflito primário no mundo é entre o Norte rico e o Sul pobre. O Norte e o Sul, no entanto, têm classes com interesses antagónicos, que estabeleceram alianças a nível internacional. Esta situação tornou-se clara para mim quando fui conselheiro do presidente Allende, no Chile. O golpe fascista liderado pelo general Pinochet não era, como foi amplamente relatado, um golpe imposto pelo Norte rico (os Estados Unidos) sobre o Sul pobre (Chile). Os que impuseram brutalmente o regime de Pinochet foram as classes dominantes do Chile (a burguesia, a pequena-burguesia e as classes médias-altas profissionais), com o apoio não dos Estados Unidos (a sociedade americana não era um agregado de 240 milhões de imperialistas!) mas sim da administração Nixon, que era, na altura, muito impopular nos Estados Unidos (tendo enviado o exército para sufocar a greve dos mineiros de carvão em Appalachia).</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">A falta de consciência da existência de classes leva muitas vezes à condenação de um país inteiro, frequentemente os Estados Unidos. Mas de facto, a classe operária dos Estados Unidos é uma das primeiras vítimas do imperialismo dos Estados Unidos. Alguns dizem que a classe operária americana beneficia do imperialismo. A gasolina, por exemplo, é relativamente barata nos Estados Unidos (embora cada vez menos). Custa-me trinta e cinco dólares atestar o meu carro nos Estados Unidos e cinquenta e dois euros para atestar o mesmo modelo na Europa. Mas, em contraste, o transporte público é praticamente inexistente em muitas regiões dos Estados Unidos. A classe operária de Baltimore, por exemplo, beneficiaria mais com transportes públicos de primeira classe (que não tem) do que em ter de depender dos carros, qualquer que seja o preço da gasolina. E não vamos esquecer que os interesses das indústrias da energia e do automóvel têm sido os agentes principais de oposição e destruição do transporte público nos Estados Unidos. A classe operária dos Estados Unidos é uma vítima do sistema capitalista e imperialista do seu país. Não é por acaso que mais nenhum país no mundo capitalista desenvolvido tem um Estado providência <em>(welfare state) </em>tão subdesenvolvido como os Estados Unidos. Mais de 100 mil pessoas morrem nos Estados Unidos todos os anos devido à falta de cuidados de saúde públicos.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">A tendência para olhar para a distribuição de poder pelo mundo enquanto se ignora o poder de classe em cada país é também evidente nas frequentes denúncias que as organizações internacionais são dominadas pelos países ricos. É frequentemente apontado o facto, por exemplo, de que 10 por cento da população mundial, vivendo nos países ricos, tem 43 por cento dos votos no FMI, mas não é verdade que 10 por cento da população vivendo nos chamados países ricos controle o FMI. São as classes dominantes desses países que dominam o FMI, desenvolvendo políticas públicas que prejudicam as classes dominadas do seu próprio país, tal como as de outros países. O director do FMI, por exemplo, é Rodrigo Rato, que enquanto foi ministro da Economia de Espanha no governo de ultra-direita de José María Aznar (que se associou com Bush e Blair para apoiar a guerra no Iraque) levou por diante políticas brutais de austeridade que reduziram severamente o nível de vida das classes populares espanholas.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Deixem-me também clarificar outra questão. Muito se escreveu acerca do conflito na OMC entre países ricos e pobres. Os governos dos países ricos, diz-se, subsidiam pesadamente a sua agricultura enquanto levantam barreiras protectoras para as indústrias, como as têxteis e alimentares, que são vulneráveis aos produtos vindos dos países pobres. Embora estes obstáculos ao comércio mundial de facto afectem adversamente os países pobres, é errado assumir-se que a solução é um comércio mundial mais livre. Mesmo sem barreiras, a produtividade mais elevada dos países ricos garantiria o seu êxito no comércio mundial. O que os países pobres precisam de fazer é mudar de economias viradas para a exportação (a raiz dos seus problemas) para um crescimento orientado para o mercado interno – uma estratégia que exigiria uma grande redistribuição do rendimento e é, por isso, recusada pelas classes dominantes desses países (e dos países ricos). É extremamente importante compreender que a maior parte dos países já possui os recursos (incluindo o capital) para romper com o seu subdesenvolvimento. Deixem-me citar uma fonte improvável. O <em>New York Times, </em>a 12 de Setembro de 1992 (numa altura em que a explosão populacional era considerada a causa da pobreza mundial), publicou uma avaliação surpreendentemente cândida da situação no Bangladesh, o país mais pobre do mundo. Neste extenso artigo, Ann Crittenden tocou directamente na raiz do problema: os padrões de propriedade do meio de produção – a terra:</span></div><blockquote style="color: #333333; font-size: 11px;"><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">A raiz da persistente má nutrição no meio de relativa abundância é a desigual distribuição da terra no Bangladesh. Poucas pessoas são ricas pelos padrões ocidentais, mas sérias desigualdades existem, de facto, e reflectem-se numa distribuição da propriedade da terra altamente desequilibrada. Os 16% mais ricos da população rural controlam dois terços da terra e 60% da população tem propriedades de menos de um acre [4047 m <sup>2 </sup>].</span></div></blockquote><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Crittenden não tem esperança que a solução seja tecnológica. Ao contrário, a tecnologia pode piorar as coisas:</span></div><blockquote style="color: #333333; font-size: 11px;"><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">As novas tecnologias agrícolas que estão a ser introduzidas tendem a favorecer grandes os grandes agricultores, colocando-os numa melhor posição para comprarem a propriedade dos seus vizinhos menos afortunados.</span></div></blockquote><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Porque é que esta situação persiste? A resposta é clara.</span></div><blockquote style="color: #333333; font-size: 11px;"><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">No entanto, com o governo dominado por proprietários – cerca de 75% dos membros do Parlamento possuem terra – ninguém prevê apoio oficial para mudanças fundamentais no sistema.</span></div></blockquote><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Permitam-me acrescentar que na classificação dos regimes políticos do Departamento de Estado dos Estados Unidos, o Bangladesh está colocado na coluna democrática. Entretanto, fome e peso a menos são a principal causa de mortalidade infantil no Bangladesh. A cara faminta duma criança no Bangladesh tornou-se o poster mais utilizado por muitas organizações caritativas para envergonhar as pessoas nos países desenvolvidos a fim de enviarem dinheiro e ajuda alimentar para o Bangladesh. Com que resultados?</span></div><blockquote style="color: #333333; font-size: 11px;"><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Funcionários da ajuda alimentar no Bangladesh confessam em privado que apenas uma fracção dos milhões de toneladas de ajuda alimentar enviadas para o Bangladesh chegaram aos pobres e famintos nas aldeias. A comida é dada ao Governo, que por sua vez a vende a preços subsidiados aos militares, à polícia e aos habitantes de classe média das cidades.</span></div></blockquote><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">A estrutura de classe do Bangladesh e as relações de propriedade que a determinam são as causas da enorme pobreza. Como conclui Ann Crittenden:</span></div><blockquote style="color: #333333; font-size: 11px;"><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">O Bangladesh tem terra suficiente para fornecer uma dieta apropriada para cada homem, mulher e criança do país. O potencial agrícola desta terra verdejante é tal que mesmo o inevitável crescimento populacional dos próximos 20 anos pode facilmente ser alimentado com os recursos apenas do Bangladesh.</span></div></blockquote><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Recentemente, o Bangladesh tem sido muito noticiado por ter tido um alto crescimento económico devido em primeiro lugar às suas exportações no mercado mundial. Mas esse crescimento foi limitado a um pequeno sector da economia, orientado para a exportação, deixando intocada a maioria da população. A má nutrição e a fome, entretanto, aumentaram.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Os Estados e as alianças de classe</span></strong></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">No estabelecimento de alianças de classe, os Estados têm um papel chave. A política externa dos Estados Unidos, por exemplo, está orientada para o apoio às classes dominantes do Sul (onde, a propósito, vivem 20% das pessoas mais ricas do mundo). Estas alianças incluem, muitas vezes, laços pessoais entre os membros das classes dominantes. Os exemplos são múltiplos – entre eles, o tradicional apoio da família Bush aos regimes feudais do Médio Oriente; o apoio de Clinton aos Emiratos Árabes Unidos (EAU), um dos maiores apoiantes da Biblioteca Clinton em Little Rock, Arkansas, e um dos grandes doadores a Clinton em pagamentos por conferências (cerca de um milhão de dólares) e a causas que favorecem Clinton (<em>Financial Times, </em>4 de Março de 2006). Os EAU são um dos regimes mais opressivos e brutais do mundo. As classes dominantes negam a cidadania a 85 por cento da população activa (chamados "trabalhadores convidados"). É desnecessário dizer, as agências internacionais (altamente influenciadas pelos Estados Unidos e governos europeus) promovem estas alianças baseadas na retórica neoliberal dos mercados livres. Os cortes nas despesas públicas sociais, defendidos pelo FMI e pelo Banco Mundial, são parte das políticas públicas impulsionadas pelas classes dominantes, tanto do Norte como do Sul, à custa do bem-estar e qualidade de vida das classes dominadas em todo o mundo. Em todos estes exemplos, os Estados do Norte e do Sul têm um papel fundamental.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Outro exemplo de alianças entre classes dominantes é a actual promoção dos seguros de saúde de capitalização pela administração Bush, quer para a população dos Estados Unidos quer, cada vez mais, para o mundo em desenvolvimento. Isto é feito com o conselho e colaboração de governos conservadores da América Latina, em nome das suas classes dominantes, que beneficiam dos sistemas de seguros privados que seleccionam os seus clientes e excluem as classes populares. Essas classes populares, nos Estados Unidos e na América Latina, detestam profundamente esta imposição dos seguros de saúde de capitalização (o filme <em>John Q </em>relata a hostilidade contra as empresas de seguros de saúde entre a classe operária dos Estados Unidos). O facto de que as classes dominantes nos países desenvolvidos e em desenvolvimento partilham interesses de classe não significa que estejam de acordo em tudo. Claro que não. Têm grandes desacordos e conflitos (da mesma maneira que há desacordos e conflitos entre os diferentes componentes das classes dominantes em cada país). Mas estes desacordos não conseguem esconder a comunidade dos seus interesses, como é claramente exposta em fóruns neoliberais (como Davos) e aparelhos neoliberais que têm uma posição hegemónica (como <em>The Economist </em>e o <em>Financial Times </em>).</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Existirá um Estado dominante no mundo hoje em dia?</span></strong></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Mais do que globalização, o que vemos no mundo hoje em dia é a <em>regionalização</em>das actividades económicas em torno de um Estado dominante: a América do Norte em torno dos Estados Unidos, a Europa em torno da Alemanha, e a Ásia em torno do Japão – e em breve da China. Há, assim, uma hierarquia de Estados em cada região. Na Europa, por exemplo, o Estado espanhol está a tornar-se dependente das políticas públicas da União Europeia, nas quais predomina o Estado alemão. Esta dependência cria uma situação ambivalente. Por um lado, os Estados da UE decidem delegar as principais políticas (como as políticas monetárias) a uma instituição mais elevada (o Banco Central Europeu, que é dominado pelo Banco Central Alemão). Mas isto não significa necessariamente que o Estado espanhol perca poder. "Perder poder" significa que se tinha mais poder antes, o que não é necessariamente o caso. A Espanha, por exemplo, é mais poderosa com o Euro como moeda do que era com a peseta. De facto, o primeiro-ministro espanhol Jose Luís Rodriguez Zapatero teria pago um preço muito alto no seu confronto com Bush (ao retirar as tropas espanholas do Iraque) se a Espanha ainda tivesse a peseta como moeda nacional. Partilhar a soberania pode aumentar o poder. Por outro lado, o governo europeu é frequentemente utilizado pelas classes dominantes como justificação para as políticas impopulares que elas querem implementar (como a redução da despesa pública como consequência do Pacto de Estabilidade Europeu, que obriga os países a manterem um défice orçamental abaixo dos 3 por cento do PIB); estas políticas são apresentadas como decorrentes da legislação europeia e não de algum dos Estados membros, diluindo assim a responsabilidade de cada governo. As alianças de classe ao nível europeu manifestam-se através do funcionamento das instituições da UE empenhadas na ideologia e políticas neoliberais. O voto "não" à proposta de Constituição Europeia foi a resposta das classes trabalhadoras de alguns Estados membros às instituições europeias, que funcionam como alianças para as classes dominantes europeias.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Na hierarquia dos Estados, alguns são dominantes. O Estado americano tem uma posição dominante que é mantida através de um conjunto de alianças com as classes dominantes de outros Estados. A ideologia neoliberal fornece a ligação entre estas classes. Desnecessário dizer, há conflitos e tensões entre elas. Mas estas tensões não conseguem sobrepor-se à comunidade dos seus interesses de classe. Entre as práticas que os unem estão as políticas agressivas contra a classe operária e instituições de esquerda. O período de 1985-2005 caracterizou-se por campanhas agressivas contra os partidos de esquerda que tinham tido sucesso no período de 1960-1980. Durante o período neoliberal, a aliança das classes dominantes havia promovido movimentos religiosos inter-classistas que usaram a religião como motivação para travar o socialismo ou comunismo. Foi a administração Carter que começou a apoiar os fundamentalistas religiosos no Afeganistão contra o governo conduzido pelos comunistas. Do Afeganistão ao Iraque, Irão, territórios palestinos, e muitos países árabes, as classes dominantes dos Estados Unidos e da Europa, através dos seus governos, financiaram e apoiaram os fundamentalistas religiosos – frequentemente não apenas estranhos aos seus interesses de classe, mas estranhos à sua própria religiosidade. Era suposto a "maioria moral" nos Estados Unidos tornar-se a maioria moral em todo o mundo. Estes movimentos fundamentalistas, profundamente anti-esquerda, desenvolveram a sua própria dinâmica, utilizando as enormes frustrações das massas árabes em relação aos seus regimes opressivos e feudais, para facilitar a conquista do Estado e a instalação de regimes de igualmente opressivas teocracias religiosas, como sucedeu em muitos países árabes.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Mas é errado ver o apoio das classes dominantes aos regimes feudais apenas como um produto da Guerra Fria. Foi muito mais do que isso. Foi uma resposta de classe. A melhor prova disto é que o apoio continuou mesmo depois do colapso da União Soviética. A Guerra Fria era uma desculpa para continuar a luta de classes a nível mundial – como prova a sua continuação. A guerra de classe tornou-se, de facto, um componente extremamente activo do intervencionismo dos Estados Unidos. Foi a "terapia de choque" defendida por Lawrence Summers e Jeffrey Sachs na Rússia durante a administração Clinton, que levou à redução da esperança de vida na Rússia, uma consequência do dramático declínio no nível de vida das classes populares russas. O aumento da privatização de importante património público era parte dessa guerra de classe na Rússia – como tem sido no Iraque.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">O chefe da ocupação do Iraque pelos Estados Unidos, Paul Bremer, despediu meio milhão de trabalhadores governamentais, reduziu os impostos às empresas, deu aos investidores novos e extraordinários direitos, e eliminou todas as restrições às importações em todos os sectores, excepto no sector petrolífero. Como Jeff Faux relata em <em>The Global Class War </em>(Wiley, 2006), as únicas leis da brutal ditadura iraquiana que a ocupação reteve foram as que eram anti-sindicatos, incluindo um restritivo acordo colectivo de trabalho, que retirou aos trabalhadores todos os bónus e subsídios de alimentação e alojamento. Como <em>The Economist </em>publicou no seu editorial, as reformas económicas no Iraque são o "sonho de um capitalista" (25 de Setembro de 2003).</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Recentemente, outra versão da divisão Norte-Sul aparece nos escritos de um dos pensadores mais influentes nos Estados Unidos, o filósofo John Rawls, que divide os países do mundo entre países "decentes" e "não-decentes". Os países decentes (maioritariamente localizados no mundo capitalista desenvolvido) são os que têm direitos democráticos e instituições, enquanto os não-decentes (maioritariamente localizados no mundo capitalista em desenvolvimento) não os têm. Depois de dividir o mundo nestas duas categorias, conclui que é melhor ignorar os países não-decentes, embora, admita "uma responsabilidade moral de ajudar os países pobres, a quem a pobreza impede de se organizarem como sociedades liberais ou decentes". Estas posições e afirmações testemunham uma avassaladora ignorância do passado e presente das relações internacionais, bem como das relações de classe em cada um desses países. Rawls mais confunde governos com países (uma confusão que acontece frequentemente quando se assume que o conflito primário é entre Norte e Sul). Os que ele chama países não-decentes (caracterizados por ditaduras brutais e corruptas) têm classes; as suas classes dominantes não têm sido ignoradas nas actividades fomentadas e apoiadas pelas classes dominantes dos países decentes, que também atingiram a qualidade de vida das suas próprias classes dominadas. Além disso, nos chamados países não-decentes de Rawls, existem movimentos com raiz de classe que suportam enormes sacrifícios, levando a cabo uma luta heróica pela mudança, lutando constantemente, embora diminuídos e combatidos pelas classes dominantes dos chamados países decentes. É notável (embora previsível) que tal figura intelectual defina a bússola moral destas classes indecentes. O mais recente exemplo desta indecência é o relatado apoio dos governos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha ao Rei do Nepal, que nasce do seu desejo de travarem uma revolta de massas liderada por partidos de esquerda num país do terceiro mundo.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><strong><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Desigualdades entre os países e as suas consequências sociais</span></strong></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Está bem documentado que as desigualdades contribuem para a falta de solidariedade social e aumentam a patologia social. Muita gente, incluindo eu próprio, documentou esta realidade ( <em>The Political Economy of Social Inequalities: Consequences for Health and Quality of Life, </em>Baywood, 2002). As provas científicas em apoio desta posição são esmagadoras. Em qualquer dada sociedade, um grande número de mortes poderia ser evitado reduzindo as desigualdades sociais. Michael Marmot estudou o grau de mortalidade por doenças cardíacas entre profissionais de diferentes níveis de autoridade, e descobriu que quanto mais elevado o grau de autoridade, mais baixa a mortalidade por doenças cardíacas (<em>The Status Syndrome, </em>2005). E além disso mostrou que este grau de mortalidade não poderia ser explicado apenas pela dieta, exercício físico ou colesterol; estes factores de risco explicavam apenas uma pequena parte da gradação. O factor mais importante era a posição de cada pessoa na estrutura social (em que classe, género e raça desempenham papeis chave) e a distância social entre os grupos, e a diferença de graus de controle que as pessoas têm sobre as suas próprias vidas.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Esta importantíssima descoberta científica tem muitas implicações; uma delas é a de que o maior problema que enfrentamos não é o de simplesmente eliminar a pobreza, mas antes reduzir a desigualdade. O primeiro não pode ser resolvido sem resolver o segundo. Outra implicação é a de que a pobreza não é apenas uma questão de recursos, como é erradamente assumido nos relatórios do Banco Mundial que medem a pobreza a nível mundial quantificando o número de pessoas que vivem com um dólar por dia. O verdadeiro problema, uma vez mais, não é o dos recursos absolutos, mas o da distância social e o dos diferentes graus de controlo de cada um sobre os seus próprios recursos. E isto é verdade em todas as sociedades.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Deixem-me explicar. Um jovem negro, não-qualificado, desempregado, vivendo na área do ghetto de Baltimore tem mais recursos (ele ou ela têm provavelmente um carro, telemóvel e televisão e mais metros quadrados por habitação e mais equipamento de cozinha) do que um profissional da classe média no Gana, em África. Se o mundo fosse uma única sociedade, o jovem de Baltimore seria da classe média e o profissional do Gana seria pobre. E no entanto, o primeiro tem uma esperança de vida muito mais curta (45 anos) do que o segundo (62 anos). Como pode ser isto se o primeiro tem mais recursos do que o segundo? A resposta é clara. É muito mais difícil ser pobre nos Estados Unidos (o sentimento de distância, frustração, impotência e falhanço é muito maior) do que ser da classe média no Gana. O primeiro está muito abaixo da média; o segundo está acima da média.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">Será que o mesmo mecanismo funciona nas desigualdades entre países? A resposta é, cada vez mais, sim. E a razão para dizermos "cada vez mais" é a comunicação – com sistemas e redes de informação cada vez mais globalizadas, mais informação chega às áreas mais remotas do mundo. E a distância social causada pelas desigualdades torna-se cada vez mais evidente, não apenas dentro, mas também entre países. Porque esta distância é cada vez mais entendida como um resultado da exploração, deparamo-nos com uma enorme tensão, comparável com a do século XIX e início do século XX, quando a exploração de classe se tornou a força motriz da mobilização social. O elemento chave na definição do futuro é através de que canais essa mobilização se efectua. O que temos visto é uma enorme mobilização, instigada e guiada por uma aliança de classes dominantes do Norte e do Sul, com o objectivo de – como foi mencionado – estimular mobilizações inter-classistas, religiosas ou nacionalistas que deixem as relações de classe fundamentais inalteradas. Vimos este fenómeno no fim do século XIX e início do século XX. A democracia-cristã na Europa, por exemplo, aparece como a resposta das classes dominantes à ameaça do socialismo e comunismo. O nascimento do fundamentalismo islâmico também foi estimulado com o mesmo objectivo.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;">A alternativa de esquerda tem de estar centrada em alianças entre as classes dominadas e outros grupos dominados, com um movimento político que deve ser construído com base no processo de luta de classes que ocorre em cada país. Como disse Hugo Chávez da Venezuela, "não pode ser um mero movimento de protesto e celebração como Woodstock". É uma enorme luta, um esforço em que organização e coordenação são a chave, apelando para uma Quinta Internacional. Este o desafio de hoje para a esquerda internacional.</span></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><a href="http://resistir.info/" style="font-family: 'Lucida Sans Unicode'; text-decoration: none;" title="http://resistir.info/"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-size: small;"><br />
</span></a></div><div style="color: #333333; font-size: 11px; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"></div></div></div></div><div align="right" style="font-family: 'Lucida Sans Unicode';"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000;"><br />
<span style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 15px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Fonte: http://resistir.info</span></span></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-7550387214815178832011-03-29T14:31:00.001-03:002011-03-29T14:31:43.305-03:00Mais de 1 bilhão de pessoas devem ficar sem água até 2050 nas grandes cidades<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivY5j4HiyU4fIylxO9nmGaW4sz84Z1Y-QCc7O8O-DW6AtjeqjKPBEqP3UpOQehgTviJUk4xxe4WvurFXadAKF3yDxuNznlBAvnAW__hx-qj8FbFQ-pSRAx-3RY6uOBnmj3gechw0Fw2CUr/s1600/normal_agua-torneira0.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivY5j4HiyU4fIylxO9nmGaW4sz84Z1Y-QCc7O8O-DW6AtjeqjKPBEqP3UpOQehgTviJUk4xxe4WvurFXadAKF3yDxuNznlBAvnAW__hx-qj8FbFQ-pSRAx-3RY6uOBnmj3gechw0Fw2CUr/s320/normal_agua-torneira0.jpg" width="320" /></a></div><b><br />
</b><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 16px;"></span></span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><span class="apple-style-span"><span style="color: #990000; font-family: Times, serif; font-size: 16pt; line-height: 150%;">Mais de 1 bilhão de pessoas, a maioria vivendo nas grandes cidades, ficarão sem água em 2050. A estimativa é de um estudo publicado na revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Sciences. De acordo com os cientistas, as más condições sanitárias de algumas metrópoles mundiais agravam o risco para a fauna e a flora. “Existem soluções para que esse 1 bilhão de pessoas tenham acesso à água. Mas isso requer muitos investimentos na infraestrutura e melhor utilização da água”, afirmou o coordenador da pesquisa, Rob McDonald, do centro de estudos privado The Nature Conservancy. Segundo os pesquisadores, se a tendência atual da urbanização continuar, em 2050 cerca de 993 milhões de habitantes das cidades terão acesso a menos de 100 litros de água por dia para viver. Essa quantidade corresponde ao volume de um banho por pessoa. </span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><span class="apple-style-span"><span style="color: black; font-family: Times, serif; font-size: 16pt; line-height: 150%;"><br />
</span></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: large;"><span class="apple-style-span"><span style="color: black; font-family: Times, serif; font-size: 16pt; line-height: 150%;">Fonte: Agência Brasil.</span></span><span style="font-size: 16pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></span></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-69727934826769439342011-03-29T07:27:00.001-03:002011-03-29T14:33:02.313-03:00Capitalismo e a convergência de crises<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6yZN2faw0Bs0pPsew8o9LO6DwD4H7GoPBkF0RwtZ9BrOxh30Jc6KAuCHyLIFMhTXvbjTe1I7xqnH4U9B6GiTIC4Qku0wcLe_w5bZuGZ3uY1Yk4bUMgY8Nxgpz6N6ZBXUQM7SaLFeKWcvy/s1600/crise_capitalista.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="345" r6="true" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6yZN2faw0Bs0pPsew8o9LO6DwD4H7GoPBkF0RwtZ9BrOxh30Jc6KAuCHyLIFMhTXvbjTe1I7xqnH4U9B6GiTIC4Qku0wcLe_w5bZuGZ3uY1Yk4bUMgY8Nxgpz6N6ZBXUQM7SaLFeKWcvy/s400/crise_capitalista.jpg" width="400" /></a></div><br />
<span style="color: #660000;">Por: <em>Éric Toussaint </em></span><br />
<br />
<em><span style="color: #660000;">Fonte: Site Carta maior</span></em><br />
<br />
<span style="color: #660000;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;">Em 2007-2008, mais de metade da população viu as suas condições de vida degradarem-se gravemente, pois foi confrontada pelo forte aumento do preço dos alimentos. Esta situação originou protestos massivos em pelo menos quinze países na primeira metade de 2008. O número de pessoas afetadas pele fome agravou-se em várias dezenas de milhões, e centenas de milhões viram o acesso aos alimentos restringir-se (e, conseqüentemente, a outros bens e serviços vitais). <br />
<br />
Tudo isto seguido das decisões tomadas por um punhado de empresas de setor "agrobusiness" (produtores de agro-combustíveis) e do sector financeiro (investidores institucionais que contribuem para a manipulação do processo de produção agrícola), que se beneficiaram do apoio de Washigton e da Comissão Europeia. No entanto, a parte das exportações na produção mundial de alimentos continua débil. Apenas uma pequena parte do arroz, do trigo ou do milho produzida mundialmente é exportada, a esmagadora maioria da produção é consumida internamente. Mas são os preços dos mercados de exportação que determinam os preços nos mercados locais. Ora, os preços de exportação são fixados nos EUA, designadamente, em três bolsas (Chicago, Minneapolis, Kansas City). Conseqüentemente, o preço do arroz, do trigo e do milho em Timbuctu, no México, em Nairobi, em Islamabad é diretamente influenciado pela evolução do curso desses grãos nos mercados bolsistas americanos. <br />
<br />
Em 2008, perante a urgência, e sob pena de serem derrubadas pelos motins nos quatro cantos do planeta, as autoridades dos países em desenvolvimento tomaram medidas para garantir o acesso da população aos elementos básicos. <br />
<br />
Se chegamos a esta situação, foi porque durante várias décadas, os governos renunciaram progressivamente ao apoio dos pequenos locais - que são majoritariamente os pequenos produtores - com grãos, e adotaram as receitas neoliberais ditadas por instituições como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, no âmbito dos programas de ajustamento estrutural e de redução da pobreza. Em nome da luta contra a pobreza, estas instituições convenceram os governos a executar políticas que reproduzem, reforçam a pobreza. Mais, durante os últimos anos, numerosos governos assinaram acordos bilaterais (especialmente, acordos de livre comércio) que agravaram ainda mais a situação. As negociações da Rodada de Doha na Organização Mundial do Comércio trouxeram igualmente conseqüências nefastas. <br />
<br />
<b>Que aconteceu? </b><br />
<br />
1º Ato - Os países em desenvolvimento renunciaram à proteção aduaneira que lhes permitia colocar os camponeses locais ao abrigo da concorrência dos produtores externos, principalmente das grandes firmas de agro-exportação norte-americanas e européias. Estas invadiram os mercados locais com produtos agrícolas vendidos abaixo do custo de produção dos agricultores e criadores locais, o que os conduz à falência (muitos destes acabam por emigrar para as grandes cidades dos seus países ou dos países industrializados). Seguindo a OMC, os subsídios concedidos pelos países do Norte às grandes empresas agrícolas do mercado interno não constituem uma violação das regras anti-dumping.<br />
<br />
Como escreveu Jacque Berthelot: "para o homem comum, existe dumping se exportar a preços inferiores ao custo médio de produção do país exportador; mas já não existe dumping se se exportar ao preço interno, mesmo que este seja inferior ao custo médio de produção". Em suma, os países da União Européia, dos EUA ou de outros países exportadores podem invadir os mercados dos outros com produtos agrícolas que beneficiam de importantes subsídio internos. <br />
<br />
O milho exportado para o México pelo EUA é um caso emblemático. Por causa do tratado de livre comércio entre os EUA, o Canadá e o México, este abandonou a sua proteção aduaneira face aos vizinhos do Norte, As exportações americanas de milho para o México cresceram nove vezes entre 1993 (último ano antes da celebração do tratado) e 2006. Centenas de milhares de famílias mexicanas tiveram de renunciar à produção de milho, pois este custará mais do que aquele importado dos EUA (produzido com tecnologia industrial subsidiada). Isto constitui não apenas um drama econômico, mas também uma perda de identidade, pois o milho é símbolo de vida na cultura mexicana, principalmente, entre povos de origem maia. Uma grande parte dos produtores do milho abandonou os campos e partiu para as grandes cidades industriais mexicanas ou norte-americanas à procura de trabalho. <br />
<br />
2º Ato - O México, que doravante depende dos EUA para nutrir a sua população, confronta-se com uma aumento brutal dos preços, provocado, por um lado, pela especulação nas bolsas de Chicago, Minneapolis e Kansas City e, por outro, pela produção de etanol no vizinho do Norte. <br />
<br />
Os produtores de milho mexicano já não conseguem satisfazer a procura interna, e os consumidores são confrontados com uma explosão de preços do seu alimento base, a tortilla, este crepe de milho que substitui o pão ou a taça de arroz consumidas noutras latitudes. Em 2007, enormes protestos populares sacudiram o México. <br />
<br />
Em condições específicas, as mesmas causas produzirão, grosso modo, os mesmos efeitos. A interligação dos mercados alimentares à escala mundial chegou a um nível jamais conhecido anteriormente. <br />
<br />
A crise alimentar mundial coloca a nu o principal motor da sociedade capitalista: a procura do lucro privado máximo a curto prazo. Para os capitalistas, os alimentos não são mais que uma mercadoria que vendem ao maior lucro possível. O alimento, condição essencial para manter vivos os seres humanos, é transformado num puro instrumento de lucro. Deve pôr-se fim a esta lógica mortífera. Deve abolir-se o controle sobre os grandes meios de produção e de comercialização e dar prioridade a uma política de soberania alimentar. <br />
<br />
<b>A Crise Econômica e Financeira </b><br />
<br />
Em 2007-2008 estourou igualmente a principal crise econômica e financeira internacional desde 1929. Se não fosse a intervenção massiva e concertada dos poderes públicos, que se tornaram o seguro dos bancos ladrões, a atual crise teria já proporções muito mais amplas. Também aqui, a interligação é impressionante. Entre 31 de Dezembro de 2007 e fins de setembro de 2008, todas as bolsas do mundo sofreram uma baixa muito significativa, entre 25 a 35% - por vezes mais - para as bolsas dos países mais industrializados, até 60% para a China, passando por 50% para a Rússia e a Turquia. A montagem colossal de dívidas privadas, criação pura de capital fictício, acabou por explodir de país em país industrializado, começando pelos EUA, a economia mais endividada do mundo. Com efeito, a soma das suas dívidas pública e privada elevou-se, em 2008, a 50 trilhões de dólares, ou seja, 350% do PIB. <br />
<br />
Esta crise econômica e financeira que já afetou todo o planeta, afetará ainda mais os países em desenvolvimento que se crêem ainda protegidos. A mundialização capitalista não soltou ou não desligou as economias. Pelo contrário, países como China, Brasil, Índia ou Rússia não estão ao abrigo da crise e isto é só o início. <br />
<br />
<b>A Crise Climática </b><br />
<br />
Os efeitos das alterações climáticas desapareceram da atualidade, suplantadas pela crise financeira. Contudo, o processo está em curso à escala mundial, e também aqui a interligação é evidente. Determinadas populações de países "pobres" serão mais fortemente afetadas do que as dos países "ricos" mas ninguém sairá incólume. <br />
<br />
A conjugação destas três crises mostra aos povos a necessidade de se libertarem da sociedade capitalista e do seu modelo produtivo. A ligação entre as crises capitalistas põe em evidência a necessidade de um programa anticapitalista e revolucionário em escala planetária. As soluções para que elas sejam favoráveis aos povos e à Natureza serão internacionais e sistêmicas. A humanidade não poderá contentar-se com meias medidas. </span><br />
<br />
<i>* Éric Toussaint é presidente do Comitê belga para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo. </i><br />
<br />
<i>Tradução de Sofia Gomes (<a href="http://www.esquerda.net/" target="_blank">Esquerda.net</a>)</i><br />
</span>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-66368066220427818232011-03-27T21:55:00.002-03:002011-03-28T14:04:32.878-03:00Fotos da Revolução Industrial, do fordismo e do toyotismo<div style="text-align: center;"><span class="Apple-style-span" style="color: #cc0000; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Por solicitação de alguns internautas, postando algumas fotos desses temas.</span></div><br />
<b><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"> REVOLUÇÃO INDUSTRIAL</span></b><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIgVEiGbFl3hL-0tH6qtNNeOpbBmRzbfVP66lWfKm-f-ZlVEx3-P5ip-fo-Ar14Z11ETlpdRK6q3SNm-O27OTJMQpjhxgsZdb8hNfjD6BEX1KnHsvO58CT6vZIhy5YI8RpT6uwEADA33I4/s1600/revolu%25C3%25A7%25C3%25A3o+industrial.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="287" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgIgVEiGbFl3hL-0tH6qtNNeOpbBmRzbfVP66lWfKm-f-ZlVEx3-P5ip-fo-Ar14Z11ETlpdRK6q3SNm-O27OTJMQpjhxgsZdb8hNfjD6BEX1KnHsvO58CT6vZIhy5YI8RpT6uwEADA33I4/s400/revolu%25C3%25A7%25C3%25A3o+industrial.jpg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI-B3EHCdGN9wM5aovduEdIGXr91htznZBiUkLTdpmiuqYFweT5dpYdI92cZvZkW1bE660646WTqHfxxAzGlkNrnmGK9MY1IsV78NcGHb9giI3ItcqBAqhmUwgeKa7a3gF2rGThE5FFILt/s1600/fabrica_na_revolu%25C3%25A7%25C3%25A3o+industrial.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="278" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhI-B3EHCdGN9wM5aovduEdIGXr91htznZBiUkLTdpmiuqYFweT5dpYdI92cZvZkW1bE660646WTqHfxxAzGlkNrnmGK9MY1IsV78NcGHb9giI3ItcqBAqhmUwgeKa7a3gF2rGThE5FFILt/s400/fabrica_na_revolu%25C3%25A7%25C3%25A3o+industrial.jpg" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGjlttJB9Xtu0qEe5LlFP1U2Qk6UCJdOAdlVErY2XNGflLMdUOXOTP7VZL4ty86EJ_pVclL-kj0EuspTHhaF9sSfLys9IdsErTE8Qdk9A5WXV6kTvU-MRIcbEI-RlvUPPKNbMyegd7MTsn/s1600/mlheres+revolucao+industrial.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgGjlttJB9Xtu0qEe5LlFP1U2Qk6UCJdOAdlVErY2XNGflLMdUOXOTP7VZL4ty86EJ_pVclL-kj0EuspTHhaF9sSfLys9IdsErTE8Qdk9A5WXV6kTvU-MRIcbEI-RlvUPPKNbMyegd7MTsn/s400/mlheres+revolucao+industrial.jpg" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLu5SeEXz7WapyWjOoEKfToMxPpG_XIq6HuU552UK5ydksIkNsAlr6csVIan6IeOfzfYJgv7hgZOD64MhosyKyatpszupfpGasD0jEsP1IAU5rlB2pYJ1bkd665opW6duncj4sqRDb0Cqk/s1600/Revolu%25C3%25A7%25C3%25A3o+Industrial.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="318" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgLu5SeEXz7WapyWjOoEKfToMxPpG_XIq6HuU552UK5ydksIkNsAlr6csVIan6IeOfzfYJgv7hgZOD64MhosyKyatpszupfpGasD0jEsP1IAU5rlB2pYJ1bkd665opW6duncj4sqRDb0Cqk/s400/Revolu%25C3%25A7%25C3%25A3o+Industrial.gif" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><br />
</span></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;">FORDISMO</span></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpmxsvKEtOS9vrOIfORFEOM29ZkvD_fVgj64oK4rXCQyBDY5VaMzbI6Jtqx0JZBXTwOeyN8wbAdA4U9dwibMGh9ka_yVjKUVrIMjf6Wx2uNhP1pcMNidXwVHP4qIHUhIowENTIeze5LGb4/s1600/fordismo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpmxsvKEtOS9vrOIfORFEOM29ZkvD_fVgj64oK4rXCQyBDY5VaMzbI6Jtqx0JZBXTwOeyN8wbAdA4U9dwibMGh9ka_yVjKUVrIMjf6Wx2uNhP1pcMNidXwVHP4qIHUhIowENTIeze5LGb4/s400/fordismo.jpg" width="391" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJlXFGB0djfMxo9larsCURtpCH1TVc3V_cHDBMkFHY6s5K70-xfZqUFkyf0ZsG1F65CNhULS3_xI4KumNr8dunfaMcce9vZuV1HWjTu3LuKr_7AGqP_P3vxHna5xKLz6x-MfQ46doNcCsy/s1600/fordismo-2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="337" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjJlXFGB0djfMxo9larsCURtpCH1TVc3V_cHDBMkFHY6s5K70-xfZqUFkyf0ZsG1F65CNhULS3_xI4KumNr8dunfaMcce9vZuV1HWjTu3LuKr_7AGqP_P3vxHna5xKLz6x-MfQ46doNcCsy/s400/fordismo-2.jpg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGJ4CGe6pkSU-GkZ6_vKbye1JsAzMQgxd-6VJGFQ0F2R89UyvxBMhUhmKOhDx5TY54aj2hTNZgDz5th0tJV6HBc6AzEPsjhc39LKkCpLObfZAtt4N-Jho_4n3LMZKwZXVN6hOB84Mri7gh/s1600/fordismog.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="256" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGJ4CGe6pkSU-GkZ6_vKbye1JsAzMQgxd-6VJGFQ0F2R89UyvxBMhUhmKOhDx5TY54aj2hTNZgDz5th0tJV6HBc6AzEPsjhc39LKkCpLObfZAtt4N-Jho_4n3LMZKwZXVN6hOB84Mri7gh/s400/fordismog.jpg" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrTbwOsQIEtZZcmxgFjYMPWFDDMnbIyIz_vOc973CvLPngzQsdvAAWYFvRj1J6hNYSh2mpidWpEyNLjoiIpS6KVVH0bJcg1dM5Mgz2EoZzZfqTjBB5woUgqQpbszbjxHUAKrFNX2qYKQ3Z/s1600/ford+t.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjrTbwOsQIEtZZcmxgFjYMPWFDDMnbIyIz_vOc973CvLPngzQsdvAAWYFvRj1J6hNYSh2mpidWpEyNLjoiIpS6KVVH0bJcg1dM5Mgz2EoZzZfqTjBB5woUgqQpbszbjxHUAKrFNX2qYKQ3Z/s400/ford+t.jpg" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><br />
</span></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;">TOYOTISMO</span></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBxztIv2PnC92T8dBRDSfYASUU0Zab2JTwbkekN4271u59lG31EfBX_HfkSIo4yatWG0tBOdgXIRq6tDDcjuCTAjC8S-xlEgY2ex8s9c53oey_Wm8jYjjuuYEjg51A9bxvlyOjlXNCsxiY/s1600/fabrica-toyota.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBxztIv2PnC92T8dBRDSfYASUU0Zab2JTwbkekN4271u59lG31EfBX_HfkSIo4yatWG0tBOdgXIRq6tDDcjuCTAjC8S-xlEgY2ex8s9c53oey_Wm8jYjjuuYEjg51A9bxvlyOjlXNCsxiY/s400/fabrica-toyota.jpg" width="400" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgg6JMqjfTOJjt5YDgt2ug14dnPiessqRrRcb0Aj75XaGzDQPYqNdc3BuLgVWbcmS3z4uXMnNNBrGwh2swOGGg18H3SYqACdcZ-LFtVm-HQPr1_n8jtZTAtXj-pNe3coW_cUAlBB1yFzkS4/s1600/Linha+de+produ%25C3%25A7%25C3%25A3o+Toyota.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgg6JMqjfTOJjt5YDgt2ug14dnPiessqRrRcb0Aj75XaGzDQPYqNdc3BuLgVWbcmS3z4uXMnNNBrGwh2swOGGg18H3SYqACdcZ-LFtVm-HQPr1_n8jtZTAtXj-pNe3coW_cUAlBB1yFzkS4/s400/Linha+de+produ%25C3%25A7%25C3%25A3o+Toyota.jpg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b><span class="Apple-style-span" style="font-size: large;"><br />
</span></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh85fi1wMNPASrWxo7WURQdARxqzEucjreN6urRJiEcBuNW7cw3J1XALMhSKoj21hKVpiLvnYEPNoghGfodvGnAFEFBMRFR8ARM4QqM3j_iy-UZQlf8TRDSrAxoGrbdXqCxcMEknkbgmiMb/s1600/pp_art825_f11-300x236.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="314" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh85fi1wMNPASrWxo7WURQdARxqzEucjreN6urRJiEcBuNW7cw3J1XALMhSKoj21hKVpiLvnYEPNoghGfodvGnAFEFBMRFR8ARM4QqM3j_iy-UZQlf8TRDSrAxoGrbdXqCxcMEknkbgmiMb/s400/pp_art825_f11-300x236.jpg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-8249042490368371752011-03-27T16:55:00.001-03:002011-03-27T16:56:24.940-03:00Japão: rumo ao holocausto nuclear?<h1 style="font-family: Georgia; font-size: 28px; line-height: 33px; margin-bottom: 0.5em; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0.5em; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: small; line-height: normal;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 1.2em;">Há uma grande possibilidade de existir uma brecha no núcleo do </span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 19px;">reator</span><span class="Apple-style-span" style="line-height: 1.2em;"> e por ela estar a escapar radioactividade. Uma fuga de grandes proporções pode afectar, em níveis diferenciados, milhões de pessoas.</span></span></h1><div id="op-content-aberto" style="width: 620px;"><div class="section-date-author" style="margin-bottom: 24px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;"><span class="Apple-style-span" style="text-transform: uppercase;">FONTE: Site </span><span class="Apple-style-span" style="text-transform: uppercase;">ESQUERDA</span><span class="Apple-style-span" style="text-transform: uppercase;"> NET</span></span></span></div><div class="section-date-author" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 0.9em; margin-bottom: 24px; text-transform: uppercase;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">ARTIGO | 26 MARÇO, 2011 - 02:36 | POR <a href="http://www.esquerda.net/autor/tomi-mori-0" style="text-decoration: none;">TOMI MORI</a></span></div><div class="body-content"><div class="main-image" style="background-attachment: scroll; background-clip: initial; background-color: #efefef; background-image: none; background-origin: initial; background-position: 0px 0px; background-repeat: repeat repeat; float: left; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; margin-bottom: 13px; margin-right: 13px; padding-bottom: 9px; padding-left: 9px; padding-right: 9px; padding-top: 9px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;"><img alt="" class="imagecache imagecache-400xY" height="234" src="http://www.esquerda.net/sites/default/files/imagecache/400xY/fukushima_2.jpg" style="border-bottom-style: none; border-bottom-width: 0px; border-color: initial; border-color: initial; border-left-style: none; border-left-width: 0px; border-right-style: none; border-right-width: 0px; border-style: initial; border-top-style: none; border-top-width: 0px; border-width: initial; outline-color: initial; outline-style: none; outline-width: initial;" title="" width="400" /></span><br />
<div class="main-image-desc image-desc" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 0.917em; margin-bottom: 2px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 2px; width: 400px;"><span class="main-image-credit image-credit" style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 0.917em; font-style: italic; letter-spacing: 0.03em;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">Fumo negro saiu do reactor 3 de Fukushima. Foto de daveeza, FlickR</span></span></div></div><span class="print-link" style="display: block; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 12px; padding-bottom: 0.5em; text-align: right;"></span><br />
<div style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 1.2em; line-height: 1.5em; margin-bottom: 0.21cm; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"></div><div style="line-height: 1.5em; margin-bottom: 0.21cm; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Já se passaram mais de duas semanas desde que o terremoto seguido de tsunami provocou o maior acidente da história japonesa. Foram registadas mais de 10 mil mortes e 17 mil continuam desaparecidos. Esse número deve ser superior, pois há a possibilidade de que famílias inteiras tenham sido dragadas pela fúria do tsunami e jamais serão encontrados. Se nenhum familiar registar as mortes, essas vítimas ainda serão consideradas vivas por um período superior aos cem anos de idade, como ocorre, actualmente, nos arquivos japoneses.</span></div><div style="line-height: 1.5em; margin-bottom: 0.21cm; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">O desastre nuclear resultante da tragédia na central nuclear Fukushima 1, que possuía seis reactores em funcionamento, passou até agora por diversas fases. Houve explosões, saída de fumaça, fuga radioactiva e uma actividade desesperada para tentar controlar o desastre nuclear que já é um dos maiores da história e pode, ainda, tornar-se o maior. Temos presenciado a incapacidade da Tokyo Electricidade, operadora da central, e também do governo japonês de controlar a situação e dar uma solução definitiva que é o que o mundo inteiro está à espera, não apenas os japoneses.</span></div><div style="line-height: 1.5em; margin-bottom: 0.21cm; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Longe disso, com as recentes contaminações dos trabalhadores que tentavam amenizar a situação, esta semana, evidenciou-se que, segundo a própria operadora, há uma grande possibilidade de que exista uma brecha no núcleo do reactor e por ela esteja a escapar radioactividade. Já não estamos a falar de radioactividade “inofensiva”, mas de vários trabalhadores que receberam doses excessivas de radioactividade e cujas vidas já foram afectadas, sem saber quais as consequências dessas irresponsabilidades. Já saímos de uma situação de incompetência e irresponsabilidade para uma situação criminosa. A esses trabalhadores foi-lhes assegurado que não havia risco de contaminação que pusesse em perigo a sua saúde, e aí vemos o resultado. Heróis? Criminosamente enganados?</span></div><div style="line-height: 1.5em; margin-bottom: 0.21cm; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">As fugas ocorridas, as quais, a princípio, se alardeava que não eram prejudiciais à saúde e se situavam no nível do tolerável passaram a contaminar, até onde sabemos, o leite da província de Fukushima. Verduras, como os espinafres, nas províncias de Ibaraki, Tochigi, Gunma e Chiba. E, por último, a contaminação da água, inclusive, de Tóquio. Segundo o próprio governo, a contaminação pode afectar bebés de menos de 1 ano. Já saímos de uma situação de contaminação “inofensiva” para uma concretamente prejudicial a crianças de menos de 1 ano. O governo aconselha que não se lhes dê dessa água.</span></div><div style="line-height: 1.5em; margin-bottom: 0.21cm; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">A contaminação “inofensiva”, efectivamente, tem voado distâncias superiores até a 300 km de Fukushima.</span></div><div style="line-height: 1.5em; margin-bottom: 0.21cm; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Ao contrário do se dizia até então, hoje, existe, segundo a operadora e o governo, uma grande possibilidade de fuga nuclear.</span></div><div style="line-height: 1.5em; margin-bottom: 0.21cm; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">A Tokyo Electricidade pode garantir que novas fugas ocorram nos limites “inofensivos”? Não, não pode garantir e o governo tampouco. A questão é que se uma grande fuga nuclear prejudicial à saúde ocorrer, não sabemos, e é melhor nem querer imaginar, as proporções que pode tomar. Uma fuga de grandes proporções pode afectar, em níveis diferenciados, milhões de pessoas. Na área de Fukushima e Kanto, que engloba varias províncias e a capital Tóquio, vivem cerca de 50 milhões de pessoas. O governo, prensado contra a parede, não pode evacuar milhões de pessoas neste momento, nem sequer alguns milhares, sem criar um gigantesco pânico. Por esse motivo, permanece calado com relação à segurança da população. A experiência dos últimos dias, a contaminação verificada, demonstra que se quiser ficar isento de uma contaminação “inofensiva” ou prejudicial, o sensato, por vias das dúvidas, é proteger-se numa área cuja distância seja superior aos 300 km da Fukushima 1. A política do primeiro-ministro, Naoto Kan, de priorizar os interesses económicos da burguesia imperialista japonesa, coloca-se acima de priorizar a segurança da população. Esperemos que não seja assim, mas existe, sim, a possibilidade de um holocausto nuclear. Um de tamanhas proporções que nos faria, quem sabe, ter saudades de Hitler.</span></div></div></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-14889140414481928862011-03-27T16:47:00.000-03:002011-03-27T16:47:40.089-03:00Precarização do trabalho, subcontratação e insegurança no setor nuclear<div class="MsoNormal" style="line-height: 24.75pt; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; mso-outline-level: 1;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 19px;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 14.4pt; margin-bottom: 7.5pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: #20124d;">Trabalhadores subcontratados fazem o trabalho mais perigoso, recebem salários menores, suportam doses bem acima de qualquer um dos funcionários da central. E acontecem acidentes.</span><span class="Apple-style-span" style="color: #777777;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUyBuVwjxQftwyTlVRarqx16UJn2P3mNms6T_JMy8wGlkJlh-MRmpxZZI3Sv1_aJV4x8xYOGFGS5Jglw7K8DINwILtJa7WX_YC2VY22zW7S73xh2Vejh20ehTFDQpkW4BuwZmAsSZNYuxm/s1600/nuclear_plant_workers1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="272" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUyBuVwjxQftwyTlVRarqx16UJn2P3mNms6T_JMy8wGlkJlh-MRmpxZZI3Sv1_aJV4x8xYOGFGS5Jglw7K8DINwILtJa7WX_YC2VY22zW7S73xh2Vejh20ehTFDQpkW4BuwZmAsSZNYuxm/s320/nuclear_plant_workers1.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal;"><span style="color: #666666; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; text-transform: uppercase;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal;"><span style="color: #666666; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; text-transform: uppercase;"><br />
</span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: normal;"><span style="color: #666666; font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; text-transform: uppercase;">Por : <span style="color: #c93c3c;"><a href="http://www.esquerda.net/author/rui-curado-silva">RUI CURADO SILVA</a></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: 5.95pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: 5.95pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75;">Os três trabalhadores japoneses contaminados – dois deles hospitalizados – por uma fuga de água altamente radioativa no reator 3 da central de Fukushima eram trabalhadores subcontratados. Os avisos dos respectivos dosímetros não foram respeitados, tendo os trabalhadores sido sujeitos a doses entre os 170 e os 180 mSv, perto da dose limite diária de 250 mSv para a qual se verificam sintomas físicos imediatos.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: 5.95pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75;">Desde o início das operações de controle da temperatura dos reatores, 14 trabalhadores da Tepco receberam doses acima dos 100 mSv, a dose limite típica a que um trabalhador do sector nuclear poderá estar sujeito durante um ano. A estes juntam-se mais de uma dezena de trabalhadores feridos e um morto quando das explosões dos edifícios dos reatores.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: 5.95pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75;">Todos estes acidentes aconteceram num quadro de operações de urgência e de desespero, em que as regras de segurança deixam de ser uma prioridade, onde o voluntarismo inconsciente anda de mão dada com a falta de transparência de quem dirige as operações.<o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: 5.95pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75;">Em Chernobyl também foi assim, embora a escala fosse outra. Cerca de 500 mil “liquidadores” – assim apelidados os bombeiros, os militares e todos os civis que participaram nas operações após o acidente – estiveram sujeitos a doses de radiação extremamente elevadas. Foram mais de 4 mil os que morreram como consequência direta da irradiação, dezenas de milhares contraíram doenças crônicas que os incapacitaram para sempre e que provocaram a sua morte prematura através de causas indiretas, não relacionadas com a radiação em si. Poderia pensar-se que os trabalhadores das centrais nucleares só estão sujeitos a estes níveis de periculosidade nos casos excepcionais em que ocorrem acidentes muito graves. Infelizmente assim não é.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: 5.95pt;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75;">Recentemente uma <a href="http://www.rtbf.be/tv/revoir/detail_emission-speciale-l-urgence-nucleaire?uid=61572723668&idshedule=8b923bad0db0d86c5702b1b3c426a4d5&catchupId=11-TIJZS100-005-PR-1&serieId=11-TIJZS100-000-PR" target="_blank"><span style="text-decoration: none;">reportagem da La Une belga</span></a> denunciou uma situação intolerável de subcontratação de trabalhadores no setor nuclear. Estes trabalhadores fazem o trabalho mais perigoso, recebem salários pouco superiores ao salário mínimo, suportam doses bem acima de qualquer um dos funcionários da central. <o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: 5.95pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75;">Não admira que as estatísticas de saúde dos funcionários permanentes da central revelem excelentes resultados, não são estes quem faz o trabalho sujo, em especial as entradas no ambiente altamente radioativo dos reatores durante as paragens para manutenção. Grave também é verificar que são atribuídas a estes trabalhadores subcontratados responsabilidades fundamentais para a segurança da central, responsabilidades essas que deveriam ser dos quadros da central, e mais preocupante ainda é constatar a pressão a que estes trabalhadores estão sujeitos para produzir bons, embora falseados, relatórios de segurança.</span><span class="Apple-style-span" style="color: #333333;"><o:p></o:p></span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: 5.95pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75;"><br />
</span></span></div><div class="MsoNormal" style="line-height: 18.0pt; margin-bottom: 5.95pt;"><span style="font-family: 'Times New Roman', serif; font-size: 14pt;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75;">Fonte: Site Esquerda Net</span></span></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-87863880446006740652011-03-26T13:11:00.000-03:002011-03-26T13:11:46.580-03:00Imagens da democracia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWRjcWy6RyGCFUq-JBvP6pj7FyyLtw2IVV4WSdR_DrSJJk_LEY97GICdgIAG0hyn0os9zjO5UWzG4ihfbd347N19cv4ILIAhdD6JIwYeZru2vg1XVaoaWoazX_LRR2IZQuOZzBhlu_J1RM/s1600/demoraci.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhWRjcWy6RyGCFUq-JBvP6pj7FyyLtw2IVV4WSdR_DrSJJk_LEY97GICdgIAG0hyn0os9zjO5UWzG4ihfbd347N19cv4ILIAhdD6JIwYeZru2vg1XVaoaWoazX_LRR2IZQuOZzBhlu_J1RM/s320/demoraci.jpg" width="320" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE6yBPwLdZLB0enuxSX_b1Mzrn0RCzner-zG3VmQ4EDvCRMyT7-sLjVeh1ZE8cgspK4LHFllc6AUw05lI3PPqV9s4hu5FOsnV4a6ZRc_282heRfVquW70hkqpbuLshU5k98U5tHhSSB-22/s1600/charge_caes_eua.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="248" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgE6yBPwLdZLB0enuxSX_b1Mzrn0RCzner-zG3VmQ4EDvCRMyT7-sLjVeh1ZE8cgspK4LHFllc6AUw05lI3PPqV9s4hu5FOsnV4a6ZRc_282heRfVquW70hkqpbuLshU5k98U5tHhSSB-22/s320/charge_caes_eua.jpg" width="320" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRwjt8N_nQJZX4gJge2n7bF4_BKDlYasgMSMpR-tciSk8pYJSQy4qkduBZOJ-iSArH_fGAyctuCuCdffUXn9gtH1cRkpA4BOMNVkelS4Srw8R7GSXQTc-Scc_TahmU2_j8_QT0xNY0AhQz/s1600/democraciaaa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjRwjt8N_nQJZX4gJge2n7bF4_BKDlYasgMSMpR-tciSk8pYJSQy4qkduBZOJ-iSArH_fGAyctuCuCdffUXn9gtH1cRkpA4BOMNVkelS4Srw8R7GSXQTc-Scc_TahmU2_j8_QT0xNY0AhQz/s1600/democraciaaa.jpg" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6I1pf3srK2g8FyByPq7FwXOjXb6oGvy-0nNHKXEfh2BKnPanhs9joTy-wz1_f_Ia1NxbmO4KXneZUkHCXTrdrs8QvutFsbsSyRifmVVHso0pMKJqJj2l3VH_9gvMbCKQp6yJaX1Qk6a9I/s1600/demoraci.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6I1pf3srK2g8FyByPq7FwXOjXb6oGvy-0nNHKXEfh2BKnPanhs9joTy-wz1_f_Ia1NxbmO4KXneZUkHCXTrdrs8QvutFsbsSyRifmVVHso0pMKJqJj2l3VH_9gvMbCKQp6yJaX1Qk6a9I/s320/demoraci.jpg" width="320" /></a></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimpd7lu3AwsCS1jPH3McBpA8ryEJR0syDh3veHJysZwE8UT-s052o6voAZ5mX6BRnWlqNtYt9uoltUITwnoRj69Yplw5JaNdi5YvoSWpuIPHoLDTlUXvgQ2f2G30EMdShEcQGaOd9qhII_/s1600/361627.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimpd7lu3AwsCS1jPH3McBpA8ryEJR0syDh3veHJysZwE8UT-s052o6voAZ5mX6BRnWlqNtYt9uoltUITwnoRj69Yplw5JaNdi5YvoSWpuIPHoLDTlUXvgQ2f2G30EMdShEcQGaOd9qhII_/s320/361627.jpg" width="320" /></a></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-71804037711765930552011-03-23T23:08:00.000-03:002011-03-23T23:08:02.414-03:00PALESTRA COM VIRGINIA FONTES - CRISE E DEMOCRACIA NO BRASIL<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/PsBJDnlXe-U?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-8028221911847049992011-03-23T09:07:00.001-03:002011-03-23T10:34:12.791-03:00"Dona Diva" não é assistente social.<div style="text-align: justify;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://www.cfess.org.br/fotos/assistentesocial_novela.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="272" r6="true" src="http://www.cfess.org.br/fotos/assistentesocial_novela.jpg" width="400" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><strong><span style="color: #990000;">CFESS divulga nota repudiando a maneira como a Rede Globo retratou a profissão</span></strong></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Vez ou outra, ao assistir televisão, você deve se deparar com reportagens, programas e outras opções de entretenimento que abordem, de alguma maneira, espaços de trabalho e intervenção do/a assistente social. O Serviço Social, que há décadas era pouco abordado pela mídia em geral, passou a ter destaque nos últimos anos. </div><br />
<div style="text-align: justify;">E na semana o/a assistente social foi destaque mais uma vez na “telinha”, mas de forma negativa. A novela Insensato Coração, de autoria de Gilberto Braga, transmitida em horário nobre pela Rede Globo de Televisão, apresentou ao Brasil na terça-feira (15/3) a personagem “Dona Diva”, assistente social do Sistema Prisional. Não é a primeira vez que um/a assistente social é representado/a em uma novela da Globo. E, novamente, a emissora “caprichou” na caracterização deturpada do trabalho do/a assistente social, transformando a profissional numa agente repressora, coercitiva, ameaçadora e punitiva do Estado.</div><br />
<div style="text-align: justify;">Por esse motivo, o CFESS divulgou na última sexta-feira, 18 de março de 2011, <a href="http://www.cfess.org.br/arquivos/notapublica_assistentesocialnovela2011.pdf" target="_blank"><span style="color: #f05703;">uma nota criticando a maneira equivocada como a profissão de assistente social foi retratada na novela.</span></a> “Temos o entendimento de que a obra é fictícia. Entretanto, levando em consideração o poder de influência e de construção de estereótipos que a novela pode ter em relação à sociedade, é dever do CFESS esclarecer que o papel do/a assistente social na obra foi distorcido da realidade do/a profissional de Serviço Social”, diz trecho do documento, que traz também esclarecimentos sobre a atuação do/a profissional com base no Código de Ética do/a Assistente Social e na Lei de Regulamentação (8662/1993). </div><br />
<div style="text-align: justify;"><a href="http://www.cfess.org.br/arquivos/notapublica_assistentesocialnovela2011.pdf" target="_blank"><span style="color: #f05703;">Leia a nota pública</span></a><br />
<br />
<a href="http://insensatocoracao.globo.com/videos/v/norma-e-apresentada-a-assistente-social-do-presidio/1460790/#/cap%C3%83%C2%ADtulos/20110315/page/3" target="_blank"><span style="color: #f05703;">Veja a polêmica cena da novela Insensato Coração</span></a><br />
<br />
<a href="http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP2011_CFESS.pdf" target="_blank"><span style="color: #f05703;">Veja o Código de Ética do/a Assistente Social e as atribuições privativas do/a profissional do Serviço Social </span></a><br />
<br />
<span style="font-weight: bold;">Cena causa indignação</span><br />
O CFESS recebeu diversos e-mails de assistentes sociais e estudantes de Serviço Social repudiando a cena exibida. </div><br />
<div style="text-align: justify;">Em entrevista por telefone, a conselheira do CRESS-RJ e assistente social do sistema prisional do Rio de Janeiro, Newvone Ferreira da Costa, ressaltou sua indignação ao tomar conhecimento do conteúdo veiculado pela Rede Globo. “Retrataram a profissão no âmbito prisional de forma policialesca. Não trabalhamos daquela forma. Não somos inspetoras penitenciárias, nem chefes de segurança de presídio, como a novela apresentou”, criticou Newvone. A assistente social fez questão de destacar algumas atividades do/a profissional de Serviço Social no campo em questão. “O/a assistente social que trabalha no Sistema Prisional, obrigatoriamente, precisa ter noções de direito penal, e isso inclui conhecimento da Lei de Execução Penal. E, conforme nosso Código de Ética, atuamos na perspectiva da defesa de equidade, justiça social e dos direitos humanos. Nós somos a ponte do/a detento/a para o acesso a direitos, para o acesso à cidadania”, destacou.</div><br />
<div style="text-align: justify;">A conselheira do CRESS-RJ ressaltou ainda outras atividades do/a assistente social no Sistema Prisional, como o atendimento àquela/a preso/a e o trabalho de desestigmatização do/a mesmo/a após o cumprimento da pena e o atendimento às famílias das pessoas em privação de liberdade. “Tudo isso com base no respeito, na ética, na transparência”, finalizou.</div><br />
<br />
Fonte: <a href="http://servicosocialbrasileiro.blogspot.com/2011/03/ei-telespectadora-dona-diva-nao-e.html">http://servicosocialbrasileiro.blogspot.com/2011/03/ei-telespectadora-dona-diva-nao-e.html</a>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-51449491362295725152011-03-22T23:19:00.000-03:002011-03-22T23:19:45.245-03:00O que é neoliberalismo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6yIOGm4K0FsqBod1f2x1rAz22orcGuRnOQlQb9fWSfrIM0OdCHJwZ72BN9PsweYJkPrj8Hf0Qy6L3m4FMC8YqPEsGm-Xfqol9SX4VOmvbhSu0-Jy4T5bOL0OgwU9gu8yEwqY98Zec4Q0k/s1600/neoliberalismo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6yIOGm4K0FsqBod1f2x1rAz22orcGuRnOQlQb9fWSfrIM0OdCHJwZ72BN9PsweYJkPrj8Hf0Qy6L3m4FMC8YqPEsGm-Xfqol9SX4VOmvbhSu0-Jy4T5bOL0OgwU9gu8yEwqY98Zec4Q0k/s1600/neoliberalismo.jpg" /></a></div><div id="texto_conteudo" style="padding-left: 0px; padding-right: 0px; text-align: left;"><table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" style="color: #333333; width: 485px;"><tbody>
<tr><td width="380"><span class="Apple-style-span" style="color: #164a1c; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><b><br />
</b></span></td><td width="105"></td></tr>
</tbody></table><span class="Apple-style-span" style="color: #333333; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span><div id="texto_subtitulo" style="margin-right: 15px; text-align: justify; text-indent: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000;">O neoliberalismo é o novo caráter do velho capitalismo. Este adquiriu força hegemônica no mundo a partir da Revolução Industrial do século 19. O aprimoramento de máquinas capazes de reproduzir em grande escala o mesmo produto e a descoberta da eletricidade possibilitaram à indústria produzir, não em função de necessidades humanas, mas sobretudo visando ao aumento do lucro das empresas.</span><span style="color: #2a2a2a; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><br />
<br />
<font: "tahoma"="" style="color: #005100; line-height: 19px; margin-right: 15px;"><strong>Frei Betto</strong></font:></span></span></div><div id="texto" style="color: #5d5d5d; line-height: 19px; margin-right: 15px; text-indent: 0%;"><div align="left"><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">O excedente da produção e a mercadoria supérflua obtiveram na publicidade a alavanca de que necessitavam para induzir o homem a consumir, a comprar mais do que precisa e a necessitar do que, a rigor, é supérfluo e até mesmo prejudicial à saúde, como alimentos ricos em açúcares e gordura saturada.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">O capitalismo é uma religião laica fundada em dogmas que, historicamente, merecem pouca credibilidade. Um deles reza que a economia é regida pela "mão invisível" do mercado. Ora, em muitos períodos o sistema entrou em colapso, obrigando o governo a intervir na economia para regular o mercado.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">O fortalecimento do movimento sindical e do socialismo real, sobretudo após a Segunda Guerra Mundial (1940-1945), ameaçou o capitalismo liberal, que tratou de disciplinar o mercado através dos chamados Estados de Bem-Estar Social (previdência, leis trabalhistas, subsídios à saúde e educação etc.).</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Esse caráter "social" do capitalismo durou até fins da década de 1970 e início da década seguinte, quando os EUA se deram conta de que era insustentável a conversibilidade do dólar em ouro. Durante a guerra do Vietnã, os EUA emitiram dólares em excesso e isso fez aumentar o preço do petróleo. Tornou-se imperioso para o sistema recuperar a rentabilidade do capital. Em função deste objetivo várias medidas foram adotadas: golpes de Estado para estancar o avanço de conquistas sociais (caso do Brasil em 1964, quando foi derrubado o governo João Goulart), eleições de governantes conservadores (Reagan), cooptação dos social-democratas (Europa ocidental), fim dos Estado de Bem-Estar Social, utilização da dívida externa como forma de controle dos países periféricos pelos chamados organismos multilaterais (FMI, OMC etc.) e o processo de erosão do socialismo real no Leste europeu.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">O socialismo ruiu naquela região por edificar um governo para o povo e não do povo e com o povo. À democracia econômica (socialização dos bens e serviços, e distribuição de renda) não se adicionou a democracia política; não nos moldes do Ocidente capitalista, mas fundada na participação ativa dos trabalhadores nos rumos da nação.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Nasceu, assim, o neoliberalismo, tendo como parteiro o Consenso de Washington - a globalização do mercado "livre" e, segundo conveniências, do modelo norte-americano de democracia (jamais exigido aos países árabes fornecedores de petróleo e governados por oligarquias favoráveis aos interesses da Casa Branca).</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">O capitalismo transforma tudo em mercadoria, bens e serviços, incluindo a força de trabalho. O neoliberalismo o reforça, mercantilizando serviços essenciais, como os sistemas de saúde e educação, fornecimento de água e energia, sem poupar os bens simbólicos - a cultura é reduzida a mero entretenimento; a arte passa a valer, não pelo valor estético da obra, mas pela fama do artista; a religião pulverizada em modismos; as singularidades étnicas encaradas como folclore; o controle da dieta alimentar; a manipulação de desejos inconfessáveis; as relações afetivas condicionadas pela glamourização das formas; a busca do elixir da eterna juventude e da imortalidade através de sofisticados recursos tecnocientíficos que prometem saúde perene e beleza exuberante.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Tudo isso restrito a um único espaço: o mercado, equivocadamente adjetivado de "livre". Nem o Estado escapa, reduzido a mero instrumento dos interesses dos setores dominantes, como tão bem analisou Marx. Sim, certas concessões são feitas às classes média e popular, desde que não afetem as estruturas do sistema e nem reduzam a acumulação da riqueza em mãos de uma minoria. No caso brasileiro, hoje os 10% mais ricos da população - cerca de 18 milhões de pessoas - têm em mãos 44% da riqueza nacional. Na outra ponta, os 10% mais pobres sobrevivem dividindo entre si 1% da renda nacional.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Milhares de pessoas consideram o neoliberalismo estágio avançado de civilização, assim como os contemporâneos de Aristóteles encaravam a escravidão um direito natural e os teólogos medievais consideravam a mulher um ser ontologicamente inferior ao homem. Se houve mudanças, não foi jamais por benevolência do poder.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
*Frei dominicano. Escritor.</span></div><div style="margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 15px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"></div></div></div></div><div align="right" style="color: #333333;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
<span style="color: #666666; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 15px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Fonte: Adital – http://www.adital.org.br</span></span></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-81152023397830697672011-03-22T14:04:00.000-03:002011-03-22T14:04:15.410-03:00O testamento filosófico de György Lukács<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXkganJ4JhOOfamHauBoAwrAkdLpqSh5Ew_lote-VBFZx9RYT1IrpCTShIIhIt0-p8MGMRwbozT8KY1qrKjqS5BJhQLNlPLbMuunqFbCM4Rnqul-Yxg9uNCL4-6aaBo8HUtKHOhik90orr/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXkganJ4JhOOfamHauBoAwrAkdLpqSh5Ew_lote-VBFZx9RYT1IrpCTShIIhIt0-p8MGMRwbozT8KY1qrKjqS5BJhQLNlPLbMuunqFbCM4Rnqul-Yxg9uNCL4-6aaBo8HUtKHOhik90orr/s320/images.jpg" width="253" /></a></div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 13px; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px; text-align: right;"><em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Fonte: Revista Cult - edição 154</em></div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px; text-align: right;"><em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><b>Por: Antonio Rago Filho</b></em></div><div style="font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #20124d;">Mészáros, certa feita, ao debruçar-se sobre a obra de György Lukács (1885-1971), advertira acerca das falácias engendradas pelas arbitrárias contraposições entre obras de juventude e obras de maturidade de um autor. O caso clássico desse “destino trágico” é a obra de Marx. Sabemos os prejuízos e deformações que foram gerados por essas imputações e a dissecação por meio de “rupturas epistemológicas”. Claro está que podemos detectar momentos de ruptura, o giro radical, o divisor de águas de um autor, com base em sua atividade prática sensível e no conjunto da produção intelectual.</span></div><div style="font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #20124d;">Lukács, no século passado, é outro caso exemplar. De extração social rica e título nobre, desde a juventude se contrapôs ao modo protocolar das elites imperiais, posicionando-se de modo hostil contra a vida burguesa. Seu caminho a Marx e à práxis revolucionária está crivado dessa ética de resistência em busca de uma vida autêntica, contraposta aos valores dominantes, ao inautêntico do gradiente burocrático, às iniquidades do sistema do capital, que o conduziu, estimulado pela Revolução Bolchevique, diretamente à direção do Partido Comunista Húngaro, no ano de 1918.</span></div><div style="font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #20124d;">Lukács foi um dos membros da breve Comuna de Budapeste, de 1919. No exílio, em Viena, safou-se da pena de morte, caso fosse consentido seu repatriamento exigido pelos tiranos da monarquia húngara. Há que registrar também os rigores e sofrimentos a que foi submetido após a Revolução Húngara de 1956 pelos agentes soviéticos e congêneres stalinistas, deportado e confinado num campo de concentração na Romênia.</span></div><div style="font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #20124d;">Em seu exílio moscovita, nos princípios dos anos 1930, mesmo solitário e vigiado, trabalha em parceria com Mikhail Lifschitz no restauro da obra <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Manuscritos Econômico-filosóficos</em>, de Marx. O impacto dessa obra será decisivo no giro do filósofo húngaro. Ao evocar esse momento fecundo, Lukács, em sua <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Ontologia</em>, esclarece que, “pela primeira vez na história da filosofia, as categorias econômicas aparecem como as categorias da produção e reprodução da vida humana, tornando assim possível uma descrição ontológica do ser social sobre bases materialistas”. Esse salto, por sua vez, é que permitirá a Lukács abandonar os “exageros idealistas” de <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">História e Consciência de Classe</em> (1923) que exerceram forte influência no marxismo ocidental, que se valeu do critério gnosiológico da “totalidade” correspondente ao ponto de vista revolucionário da classe operária, ao sujeito-objeto idêntico como superação da “alienação”.</span></div><div style="font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #20124d;"><strong style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Os Prolegômenos</strong><br style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;" />A belíssima edição de<em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"> Prolegômenos para uma Ontologia do Ser Social</em>, de György Lukács (1885-1971), segue a empreitada da Boitempo Editorial de fornecer novas bases teóricas para o desenvolvimento de um pensamento marxista renovado em nosso país. Com justa razão, Nicolas Tertulian, no posfácio, situa o significado concreto desse autêntico “testamento filosófico” – um<em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">prolegomenon</em> – que consumiu as últimas energias de Lukács, ainda ancorado em extrema lucidez revolucionária, mas acometido de moléstia incurável. Segundo o filósofo romeno, Lukács pretendia, “com o texto da grande<em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"> Ontologia,</em> exprimir com suficiente clareza suas próprias intenções fundamentais. (…) Para expor, em termos mais claros e sintéticos, o seu programa de reconstrução da<em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Ontologia</em>. Concebidos, pois, como introdução ao texto principal da <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Ontologia</em>, os <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Prolegômenos</em>representam, de fato, uma vasta conclusão”.</span></div><div style="font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #20124d;">Segundo Lukács, o atributo da objetividade é ineliminável dos seres naturais (orgânicos e inorgânicos) e do ser social em sua historicidade. A história é a história da transformação das categorias. As categorias são formas determinadas dos seres, modos particulares da existência. O trabalho como forma originária do ser social propicia o salto da generidade<em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"> muda</em> para a generidade<em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">humana</em>. A irreversibilidade do processo histórico abre a possibilidade de superação dos estranhamentos que impedem <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">a realização da generidade humana como ser-para-si real da existência humana</em>.</span></div><div style="font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px; text-align: left;"><span class="Apple-style-span" style="color: #20124d;">Ao longo de sua vida, estabeleceu um confronto bastante vigoroso contra a hegemonia do neopositivismo, a filosofia avalista do mundo mercantil reificador, do capitalismo manipulatório. Combateu de modo intransigente o <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">taticismo</em> stalinista dos partidos operários. Por essa razão, enfatizava que: “Só o renascimento do marxismo, cujo conteúdo é, em última análise, apenas o socialismo como unidade teórico-prática da integração econômica com a generidade autêntica e, embora paulatinamente, difícil de realizar, pode dar resposta correta a esse complexo de questões”.</span></div><div style="font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px; text-align: right;"><em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #20124d;">Antonio Rago Filho é editor da revista Projeto História (PUC-SP)</span></em></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-69101268389371351492011-03-22T13:38:00.000-03:002011-03-22T13:38:51.101-03:00Os dilemas do trabalho no limiar do século 21<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglZqvpnxmasMoRmCli5Y2bC_naOU6PSDSnLsWlFbCb1oA8WByBZAfXdIOm7b3KQYz1MtjfsGGPRplQKVPjWcWXNacEC6pF_yozlZalGqEMzuGwEGvQoY6ZAA3fYe1qGlHZOqXenUjjnA-k/s1600/Trabalhador+moderno.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="211" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglZqvpnxmasMoRmCli5Y2bC_naOU6PSDSnLsWlFbCb1oA8WByBZAfXdIOm7b3KQYz1MtjfsGGPRplQKVPjWcWXNacEC6pF_yozlZalGqEMzuGwEGvQoY6ZAA3fYe1qGlHZOqXenUjjnA-k/s320/Trabalhador+moderno.jpg" width="320" /></a></div><h1 style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 23px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;"><br />
</h1><div class="tagSingle" style="font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 10px; padding-bottom: 0px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 5px;"><b><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75;">Autor: <span class="Apple-style-span" style="line-height: 17px;">Ricardo Antunes</span></span></b></div><div class="tagSingle" style="font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; margin-bottom: 15px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 10px; padding-bottom: 0px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 5px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 17px;">Fonte: Site Revista Cult</span></span></div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;"><em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Do subemprego à exploração infantil, a situação contemporânea do trabalho exige uma reflexão à altura daquela relacionada ao meio ambiente</em></div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px; text-align: right;"><br />
</div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">Se há um tema que está sempre presente nos debates atuais, junto com a destruição ambiental, esse tema é o do trabalho e seu corolário, o desemprego. Isso porque também não há nenhum país que, em alguma medida, não esteja vivenciando o desmoronamento do trabalho.</div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">Em plena eclosão da mais recente crise financeira, estamos constatando a corrosão do trabalho contratado, a erosão do emprego regulamentado, que foi dominante no século 20 e que está sendo substituído pelas diversas formas alternativas de trabalho e subtrabalho, de que são exemplo o “empreendedorismo”, o “trabalho voluntário”, o “cooperativismo”, modalidades que frequentemente “substituem” o trabalho formal, gerando novos e velhos mecanismos de intensificação e mesmo autoexploração do trabalho.</div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">Os modos de precarização do trabalho, o avanço tendencial da informalidade, o desemprego dos imigrantes, tudo isso acentua o tamanho da tragédia social em que estamos envolvidos. O emprego assalariado formal, modalidade de trabalho dominante no capitalismo da era taylorista e fordista, que magistralmente Chaplin satirizou em <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Tempos modernos</em>, está se exaurindo e sendo substituído por formas de trabalho que em alguns casos se assemelham às da fase que marcou o início da Revolução Industrial. Senão, como explicar, em pleno século 21, as jornadas de trabalho que, em São Paulo, chegam a 17 horas por dia? Tudo isso nos obriga a refletir: que trabalho queremos, de que trabalho necessitamos?</div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;"><strong style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Trabalho como atividade vital</strong></div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">Aqui, devemos fazer uma pequena digressão. Sabemos que o trabalho, concebido como <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">atividade vital</em>, nasceu sob o signo da contradição. Desde o primeiro momento, foi capaz de plasmar a própria sociabilidade humana, por meio da criação de bens materiais e simbólicos socialmente vitais e necessários. Mas também trouxe dentro dele, desde seus primeiros passos, a marca do sofrimento, da servidão e da sujeição. Ao mesmo tempo em que expressa o momento da potência e da criação, o trabalho também se originou nos meandros do “<em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">tripalium</em>”, instrumento de punição e tortura. Se era, para muitos, dotado de uma <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">ética positiva</em> (ver as análises de Weber), própria do mundo dos negócios (cujo significado etimológico é <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">negar o ócio</em>), para outros, ao contrário, tornou-se um não valor, estampado na magistral síntese de Marx: “Se pudessem, os trabalhadores fugiriam do trabalho como se foge de uma peste!”.</div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">Mas o século 20 moldou-se pela estruturação da chamada <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">sociedade do trabalho, </em>em que desde muito cedo fomos educados para o princípio fundante do trabalho. Esse cenário começou a ruir, no entanto, a partir dos últimos 20 anos. Tragicamente, quanto mais a população vem aumentando, menor é a capacidade de incorporar os jovens ao mercado de trabalho. Esta é a situação que vivenciamos hoje: não encontramos empregos para aqueles que dele necessitam para sobreviver e os que ainda estão empregados em geral trabalham muito e não ficam um dia sem pensar no risco do desemprego. Esse medo ocorre não só na base dos assalariados, pois essa tendência cada vez mais avança na ponta da pirâmide social, chegando até os gestores.</div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;"><strong style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Desemprego</strong></div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">Uma rápida consulta aos dados acerca do desemprego mundial é esclarecedora. A Organização Internacional do Trabalho (OIT), em recente relatório, projetou mais de 50 milhões de desempregados ao longo deste ano de 2009, em consequência da intensificação da crise que atingiu especialmente os países do Norte. A mesma OIT acrescentou ainda que aproximadamente 1,5 bilhão de trabalhadores sofrerão redução em seus salários <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">(Relatório mundial sobre salários 2008 – 2009).</em><em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;"></em></div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">Na China, país que mais intensamente cresceu na última década, com quase 1 bilhão de trabalhadores, cerca de 26 milhões de trabalhadores que migraram do campo para as cidades perderam seus empregos, gerando a onda de revoltas a que assistimos atualmente.</div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">A América Latina também não ficou de fora desse cenário: a mesma OIT antecipou que, dada a ampliação da crise, “até 2,4 milhões de pessoas poderão entrar nas filas do desemprego regional em 2009”, somando-se aos quase 16 milhões hoje desempregados, sem falar do “desemprego oculto” e outros mecanismos que mascaram as taxas reais de desemprego (<em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Panorama laboral para América Latina e Caribe, </em>janeiro de 2009).</div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;"><strong style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">No limite da degradação</strong></div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">Dentro de um contexto marcado por uma profunda crise estrutural, ampliam-se, portanto, as formas de aviltamento do trabalho. Os exemplos são abundantes e o espaço aqui seria por demais limitado. Mas podemos emblematicamente apresentar alguns casos mais expressivos.</div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">A cada dia vemos mais e mais exemplos de trabalho escravo no campo; nos agronegócios do açúcar, no etanol de Lula, cortar mais de 10 toneladas de cana por dia é a média por baixo, <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">low profile</em>. No norte do país esse número pode chegar a até 18 toneladas diárias.</div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">Em São Paulo, não é difícil localizar a degradação dos trabalhadores imigrantes, como os bolivianos, subempregados nas empresas de confecção, com jornadas que atingem até 17 horas diárias, configurando uma modalidade de trabalho no limite da condição degradante. E os exemplos se esparramam por todas as partes do mundo: <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">chicanos</em> (EUA), <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">dekasseguis</em> (Japão), <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">gastarbeiters</em>(Alemanha), <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">lavoro nero</em> (Itália) etc.</div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">No Japão, jovens operários migram em busca de trabalho nas cidades e dormem em cápsulas de vidro do tamanho de um caixão. Configuram o que já chamei de <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">operários encapsulados</em>. Na América Latina, trabalhadoras domésticas chegam a trabalhar 90 horas por semana, tendo não mais que um dia de folga ao mês, conforme lembrou Mike Davis em seu <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">Planeta favela</em> (Boitempo, 2006).</div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">Se, no século passado, os povos do Norte migraram em massa para o Sul do mundo (como os italianos, alemães, portugueses, espanhóis, tão bem acolhidos no Brasil), estamos presenciando o exato inverso. Nesse sentido, exemplos recentes na Espanha, nos EUA e na Inglaterra, contra os brasileiros, são por demais expressivos.</div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">Outra manifestação, ainda que diferenciada, é também esclarecedora: trabalhadores britânicos em greve, no início de 2009, empunhavam um cartaz que dizia: “Empreguem primeiro os trabalhadores britânicos”, em manifestação contrária à contratação de italianos e portugueses. Se é justíssima a reivindicação de <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">salário igual para trabalho igual, </em>para se contrapor à tendência destrutiva dos capitais de explorar o imigrante carente de trabalho, é repulsiva a manifestação que estampe qualquer traço xenófobo contra trabalhadores imigrantes. O fenômeno é curioso: em plena apologética da assim chamada “globalização”, os capitais transnacionais podem fluir e viajar livremente, enquanto o trabalho imigrante encontra-se cada vez mais cerceado e tolhido. Talvez pudéssemos dizer que, enquanto os capitais transnacionais são livres em seus voos e saques, os trabalhadores imigrantes devem se manter cativos.</div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;"><strong style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">O trabalho jovem</strong></div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">São essas algumas das forças que moldam o mundo do trabalho hoje. Mas existe ainda um outro ponto – dentre tantos – que podemos lembrar, para concluir. Sendo a CULT uma publicação que tem nos jovens um público importante, vale a pena fazer uma nota geracional: poucos jovens hoje conseguem emprego nas carreiras que escolheram. Quando têm qualificação, perambulam de um emprego a outro até chegar – se conseguirem – ao que pretendiam inicialmente. Quando lhes falta o <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">capital cultural, </em>aí a empreitada é mais difícil. Para conseguir emprego, são “obrigados” a realizar trabalhos “voluntários”. Ou o que é ainda mais frequente: a explosão do trabalho do estagiário, que se converte em um trabalho efetivo com sub-remuneração.</div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">Se a ordem societal dominante dificulta o acesso dos jovens em idade de trabalhar, ela inclui, por outro lado, precoce e criminosamente crianças no mercado de trabalho, não somente no Sul, mas também nos países capitalistas avançados. Pouco importa que o trabalho hoje seja supérfluo e que centenas de milhões de assalariados em idade de trabalho se encontrem em desemprego estrutural. Os capitais globais frequentemente recorrem ao <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">corpo produtivo </em>das crianças, que deveriam estar exercitando seu <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">corpo</em> <em style="margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 0px; padding-left: 0px; padding-right: 0px; padding-top: 0px;">brincante</em> (na conceitualização de Maurício da Silva). E esse retrato se amplia quando estudamos a produção de sisal, de têxtil e confecções, calçados, cana-de-açúcar, carvoarias, pedreiras, olarias, emprego doméstico etc.</div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">Por fim, outra contradição social cada vez mais vital: se os empregos se reduzem, aumentam os índices de desemprego, empobrecimento e miserabilidades social – realidade em que bilhões hoje vivem com menos de 2 dólares por dia. Se, como resposta, os capitais globais e suas transnacionais recuperarem os níveis de crescimento, como fez a China na última década, o aquecimento global nos converterá no mundo da torrefação. Trabalho e aquecimento global serão, portanto, os grandes dilemas do século 21.</div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;">Site origem: <span class="Apple-style-span" style="font-family: 'Times New Roman'; line-height: normal;"><a href="http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/os-dilemas-do-trabalho-no-limiar-do-seculo-21/">http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/os-dilemas-do-trabalho-no-limiar-do-seculo-21/</a></span></div><div style="color: black; font-family: Georgia, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 17px; margin-bottom: 0px; margin-left: 0px; margin-right: 0px; margin-top: 0px; padding-bottom: 10px; padding-left: 10px; padding-right: 10px; padding-top: 10px;"><br />
</div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-41569647413712224292011-03-21T14:41:00.000-03:002011-03-21T14:42:53.548-03:00Estado mínimo - FMI elogia cortes de gastos no Bolsa Familia<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">A lógica neoliberal é simples: políticas pobres para os pobres, simples... </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">Em tempo, só pra lembrar nossa trajetória neoliberal.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">Neoliberalismo capitulo 1 - COLLOR - Abre o comércio, mas não aprofunda as privatizações</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 20px;">Neoliberalismo capitulo 2 - FHC 1º Governo - o </span><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 20px;">arrocho</span><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 20px;"> neoliberal</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 20px;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: small; line-height: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 20px;">Neoliberalismo capitulo 3 - FHC 2º Governo - o </span><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 20px;">arrocho</span><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 20px;"> neoliberal dobrado feito "tapioca"</span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75; font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 20px;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small; line-height: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 20px;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small; line-height: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 20px;">Neoliberalismo capitulo 4 - LULA 1º Governo - BC Nas mãos do </span></span></span></span></span><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 20px;">Meirelles</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 20px;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small; line-height: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">Neoliberalismo capitulo 5 - LULA 2º Governo - O neoliberalismo assistencialista</span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 20px;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small; line-height: normal;"><span class="Apple-style-span" style="color: #351c75; font-family: Times, 'Times New Roman', serif; font-size: 14px; line-height: 20px;">Neoliberalismo capitulo 6 - DILMA Governo - (ou seria LULA parte 3?)</span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 20px;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small; line-height: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 20px;"><br />
</span></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Arial, Verdana;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 20px;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small; line-height: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: 14px; line-height: 20px;"><br />
</span></span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="line-height: 20px;"><span class="Apple-style-span" style="font-size: small; line-height: normal;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif; line-height: 20px;">Segue abaixo texto do Estadão</span></span></span></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">BRASÍLIA - Em declaração à imprensa após o encontro com a presidente Dilma Rousseff, o diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, disse que ainda há um risco de sobreaquecimento da economia brasileira, mas o governo está empenhado para que haja um crescimento contínuo nos próximos anos. Strauss-Kahn elogiou a decisão de Dilma de fazer cortes no Orçamento e manter programas sociais como o Bolsa Família. "O caso do Brasil é elucidativo; o Bolsa Família é um ótimo exemplo a ser seguido no mundo", disse. "As medidas de redução de gastos são bem-vindas aos olhos do FMI", completou.</span></div><div style="line-height: 20px;"></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Ele relatou que, no encontro com Dilma, demonstrou preocupação com o crescimento "em nível frágil" nos Estados Unidos e na Europa, e também com impactos dos conflitos que ocorrem no norte da África.</span></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihfICvfcK1b6He_GnVxhjoeJfVP10yv6lL53hzU3eALrrpTHYhAm0mJmHdkHWR4_jNreyWRdcLcXAD6MbHnMeh9jZvYeDAkqj38bC6O4Rlwpt6Q250uwsph8DI-qj7ja62by90Pa_1AGeu/s1600/piramide_capitalista.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; color: #f05703; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; outline-color: initial; outline-style: none; outline-width: initial;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><img alt="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihfICvfcK1b6He_GnVxhjoeJfVP10yv6lL53hzU3eALrrpTHYhAm0mJmHdkHWR4_jNreyWRdcLcXAD6MbHnMeh9jZvYeDAkqj38bC6O4Rlwpt6Q250uwsph8DI-qj7ja62by90Pa_1AGeu/s1600/piramide_capitalista.jpg" border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEihfICvfcK1b6He_GnVxhjoeJfVP10yv6lL53hzU3eALrrpTHYhAm0mJmHdkHWR4_jNreyWRdcLcXAD6MbHnMeh9jZvYeDAkqj38bC6O4Rlwpt6Q250uwsph8DI-qj7ja62by90Pa_1AGeu/s320/piramide_capitalista.jpg" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-color: white; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial initial; background-repeat: initial initial; border-bottom-color: rgb(221, 221, 221); border-bottom-style: solid; border-bottom-width: 0px; border-left-color: rgb(221, 221, 221); border-left-style: solid; border-left-width: 0px; border-right-color: rgb(221, 221, 221); border-right-style: solid; border-right-width: 0px; border-top-color: rgb(221, 221, 221); border-top-style: solid; border-top-width: 0px; margin-bottom: 4px; margin-left: 0px; margin-right: 4px; margin-top: 0px; padding-bottom: 6px; padding-left: 6px; padding-right: 6px; padding-top: 6px;" width="253" /></span></a><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Strauss-Kahn disse ainda que o FMI está empenhado em fazer mudanças em sua estrutura e apresentar uma nova imagem internacional. "Hoje o Fundo não tem mais a imagem do passado, de ser usado pelos Estados Unidos para constranger países em desenvolvimento", disse, acrescentando que o Fundo mudou o sistema de votos para permitir que mais países participem das decisões.</span></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">O diretor-geral do FMI observou que o Brasil também mudou sua imagem, sendo atualmente um dos 10 acionistas do Fundo.</span></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Strauss-Kahn destacou quatro áreas que considera que o Brasil poderia ter progressos significativos. A primeira delas, a reforma tributária para ampliar os investimentos e o crescimento. Em seguida, destacou a redução da rigidez orçamentária, que ajudaria a aprimorar a gestão das finanças públicas.</span></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Outro ponto seria a reforma da previdência social "para assegurar a sustentabilidade do sistema no longo prazo e criar maiores incentivos para a poupança privada"; e, por último, a melhoria do ambiente de negócios "para sustentar os planos do Brasil de estimular o potencial de crescimento da economia".</span></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Segundo o diretor-geral do FMI, no médio prazo, o principal desafio para o Brasil é aumentar o potencial de crescimento da economia e continuar a avançar na direção de redução da pobreza e das desigualdades.</span></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">Na declaração, Strauss-Kahn ainda destaca que, "dado o ambiente externo ainda desafiador, será essencial que o Brasil continue a desempenhar um papel de destaque na arena internacional, particularmente no G-20". Segundo ele, a cooperação internacional constante é necessária para resolver desequilíbrios globais, prevenir crises futuras e evitar que um país tome medidas isoladas que possam prejudicar a recuperação global. "É particularmente importante resistir a medidas protecionistas", afirma na declaração.</span></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">O diretor-geral do FMI cumpriu extensa agenda hoje em Brasília, reunindo-se com o presidente do BC, Alexandre Tombini, com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com a presidente Dilma Rousseff. A nota foi distribuída depois da coletiva que Strauss-Kahn concedeu no ministério da Fazenda. </span></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;"><br />
</span></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">FONTE:</span></div><div style="line-height: 20px; text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="font-family: Times, 'Times New Roman', serif;">http://economia.estadao.com.br/noticias/economia,diretor-do-fmi-elogia-decisao-de-dilma-de-fazer-cortes-e-manter-bolsa-familia,57519,0.htm#</span></div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5907172783319370305.post-36829049848168965922011-03-21T14:13:00.003-03:002011-03-29T07:30:49.708-03:00Contra todas as formas de preconceito<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpr4g98dWjMdYiCujsKp8LjDj_62j5IiO9lK5ZlYKt96r8D7hCoFVn45qVJ1l6Q5rEoOKdaqorcr7jDXaOqPYkuvpokTRLyTMUc4NwcwKkzrZt8KamPXxQmWpOdfpZhNGDheQkncXv5r5m/s1600/contra+o+preconceito.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="608" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpr4g98dWjMdYiCujsKp8LjDj_62j5IiO9lK5ZlYKt96r8D7hCoFVn45qVJ1l6Q5rEoOKdaqorcr7jDXaOqPYkuvpokTRLyTMUc4NwcwKkzrZt8KamPXxQmWpOdfpZhNGDheQkncXv5r5m/s640/contra+o+preconceito.jpg" width="640" /></a></div><span class="Apple-style-span" style="color: #20124d; font-family: Times, "Times New Roman", serif; font-size: large;"><b><br />
</b></span><br />
<br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: Times, "Times New Roman", serif;"> </span><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><br />
</span><br />
<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #990000; font-family: Times, "Times New Roman", serif;">Por: Albani de Barros</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="color: #20124d; font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><strong><span class="Apple-style-span">Ser muitos, ser um, ser humano.</span></strong></span></span><br />
<span class="Apple-style-span" style="color: #20124d; font-family: Times, "Times New Roman", serif;"><span style="font-size: large;"><strong><br />
</strong>A vida não é o calvário do trabalho, nem também o lugar do pecado, a vida é lugar do encontro. Vida é molécula que se junta, são cores que se misturam, são átomos que se encontram. É dela, é dele, da mulher, do negro, do belo e do feio, é de todos. A vida é o palco da festa humana, do encontro das diferenças. A vida é mais que a soma do que cada um é, ela é a síntese e a celebração de todas as cores, credos, paixões e valores.<br />
<br />
Essa mistura é que nos faz ser um só, ser humano. Encaixamo-nos nessas diferenças, somos a expressão da beleza avassaladora do mundo, a beleza de viver. Somos diferentes, e ainda assim permanecemos essencialmente iguais. Nosso respeito ao próximo, à mulher, à negra, ao ancião, ao gordo, à moça que gosta da outra moça, ao rapaz que reverencia o seu Deus, é também o respeito a mim mesmo. Esses diferentes de mim não são exatamente outros, parte do que sou também habita neles. Sou também humano.<br />
<br />
<strong>Amar esse outro talvez não seja uma obrigação, respeito a ele sim!</strong></span></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div>Albanihttp://www.blogger.com/profile/02752407589475580962noreply@blogger.com0